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Nação Ijexá: Kalé Bokùn e o Povo das Águas são tema do Patrimônio É deste mês

Vilson Caetano, Iyá Vânia e Babá Everaldo de Oxum | Fotos: Divulgação

No dia 23 de outubro, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) realiza mais uma edição do Patrimônio É…, com o tema “Nação Ijexá: Kalé Bokùn e o Povo das Águas”. A roda de conversa mensal sobre patrimônio cultural acontecerá excepcionalmente em uma quarta-feira, a partir das 18h, no Ilê Axé Kalé Bokùn, em Plataforma.

O evento contará com a presença de nomes consagrados, como Vilson Caetano, Iyá Vânia Amaral e Babá Everaldo de Oxum. Eles discutirão a importância da Nação Ijexá e sua relação com as águas sagradas, que são vistas como símbolos de purificação e renovação. 

A Nação Ijexá, conhecida como “a nação do povo das águas”, é uma das tradições afro-brasileiras mais importantes, especialmente no Candomblé, e destaca-se pela forte conexão com as águas e pela musicalidade, expressa nos toques de atabaques e no xirê, uma dança ritualística.

Essa edição do Patrimônio É… será especialmente significativa, pois acontecerá logo após as celebrações do Presente das Águas, uma celebração anual organizada pelo próprio Ilê Axé Kalé Bokùn, que terá início no dia 19 de outubro, às 20h, com a Celebração de Babá Logun Edé e Iyá Osum, seguida do Presente das Águas, que será realizada no dia 20 de outubro. A festa homenageia os orixás Oxum, Yemanjá e Logun Edé, divindades associadas às águas doces e salgadas, e marca o encerramento do ciclo de celebrações do terreiro. A festividade contará com um cortejo às 15h, partindo do terreiro até o píer do bairro de Plataforma, reforçando a conexão sagrada que o povo da Nação Ijexá tem com as águas.

Segundo Mãe Vânia Amaral, “essa festa celebra nossa devoção e a renovação espiritual, homenageando os orixás das águas em um momento de fé, carinho e resgate da nossa tradição de matriz africana”. Essa reverência às águas será o pano de fundo para a roda de conversa do Patrimônio É…, permitindo uma reflexão mais profunda sobre a interseção entre cultura, memória e religiosidade.

O Ilê Axé Kalé Bokùn é Patrimônio Cultural de Salvador

O Ilê Axé Kalé Bokùn, localizado na Rua Antônio Balbino, 98A, Plataforma, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Município de Salvador em 12 de março de 2018. Este reconhecimento pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) destaca a relevância da Nação Ijexá e seus rituais que exaltam o poder ancestral feminino, como o culto Geledé. Além disso, o terreiro possui um valioso patrimônio ambiental, com árvores centenárias e plantas sagradas que enriquecem o local.

O pedido de tombamento foi feito a partir do Laudo Etno Histórico do Kalè Bokùn, fruto da pesquisa do professor Vilson Caetano que revela elementos importantes acerca da presença dos africanos ijexá em Salvador. A qualidade do laudo foi tão significativa que foi convertido em formato de livro e nasceu Ijexá, O Povo das Águas, publicado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e escrito pelo antropólogo Vilson Caetano de Sousa.

Como parte da valorização do patrimônio afro-brasileiro, a FGM presenteou o Ilê Axé Kalé Bokùn com um pórtico metálico denominado “Painel Ijexá”, criado exclusivamente pelo artista J. Cunha. Além disso, foram instaladas outras duas obras, do mesmo artista: um nicho em homenagem a Ògún no terreiro Okutá de Ògún, situado no Candeal, e um portal no Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, no bairro do Curuzu, reafirmando o compromisso com a preservação e valorização das tradições de matriz africana. 

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