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Fogo que Não se Apaga: Festa junina movimenta o turismo e reúne gerações em Serrinha

Este ano, Serrinha contará com apresentações de Toque Dez, Simone Mendes e Xand Avião durante os festejos juninos

Foto: Arquivo/Quadrilha Elite

Com 148 anos de história, Serrinha, cidade localizada a cerca de 190 km de Salvador, é conhecida pelas tradicionais vaquejadas e pelas celebrações juninas que movimentam a região do Sisal. A cidade mistura eventos públicos e privados, conectando moradores e visitantes numa programação que reúne as quadrilhas nas praças e os grandes shows em espaços fechados. Em Serrinha, o São João pulsa forte e mantém viva a cultura popular do interior baiano e por isto, é ela a terceira parada da série especial Fogo que não se apaga.

Com mais de 80 mil habitantes, segundo o  censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Serrinha será, mais uma vez, o centro do encontro entre diferentes gerações neste São João.  A participação da juventude se mostra viva durante toda a festa – e a Quadrilha Elite da Roça, do bairro periférico de São Cristóvão, é um exemplo. O grupo surgiu em 2003, fundado por José Milton, mais conhecido como Mestre Zulas e desde então vem se renovando e se fortalecendo a cada ano.

Zulas começou a dançar aos 9 anos, inspirado ao observar outros jovens se apresentando. Com o tempo, descobriu seu talento como coreógrafo. Essa vivência o levou a integrar a coordenação do grupo junino Arraia da Amizade. Com a experiência e a confiança adquiridas, ele decidiu fundar sua própria quadrilha.

“A gente limita a idade mínima para 14 anos, e consegue viajar com esses adolescentes. Temos participantes com até 30 anos. Tem até a história de um casal que se conheceu na nossa quadrilha — se formou aqui há uns 15 anos — e estão juntos até hoje. Hoje, temos jovens com 14, 15, 16 e 18 anos”, explica o coreógrafo.

Foto: Arquivo/Quadrilha Elite

Nesta mesma linha, Matheus ressalta que “Manter essas pessoas mais velhas no grupo me ajuda a ensinar aos mais novos o que é a quadrilha. Além das trocas de experiências na hora de dançar, também é uma forma de passar paciência e valores importantes”.

O organizador do grupo recorda que a tradição permitiu que a “atual rainha da quadrilha seja a filha da primeira rainha do grupo”.

“A quadrilha sempre esteve presente na minha vida. Desde nova, acompanhava minha mãe, que foi uma das cofundadoras da Elite, e sempre tive uma forte vontade de participar desse meio cultural. Vejo que a quadrilha contribui muito para a socialização dos jovens, a gente se enturma. Com o tempo, percebi que pessoas que antes eram tímidas, mais fechadas, hoje já se desenvolveram bastante”, conta a estudante Elinanda Lima, 22.  

“O nosso intuito é crescer cada vez mais. Está sendo tudo muito novo para mim, e eu fiquei muito feliz com o convite. Ser escolhida para ser rainha foi uma realização enorme. Minhas expectativas para este ano estão bem altas”, revela.

Foto: Arquivo/Forró Elite

Secretário de Cultura e geógrafo, João Santana destaca que Serrinha é marcada pela fusão de tradições “seja no aboio —  canto dos vaqueiros durante vaquejadas — ou no dançar das quadrilhas”.

“As tradições juninas no município estão profundamente conectadas com a juventude. É um movimento vibrante, conduzido principalmente pelos jovens. Como toda manifestação cultural, ela se sustenta na oralidade, sendo transmitida de geração em geração dentro da própria comunidade.”

VOZES DO FORRÓ 

Além dos quadrilheiros, a cidade de Serrinha receberá grandes atrações musicais. Entre os destaques estão Kart Love, Leonardo, Toque Dez, Simone Mendes, Tio Mané, Xand Avião e Solange Almeida. O evento também valoriza os talentos locais, como a banda Cacique do Nordeste — conhecida pelo hit Guarda Chuva, que hoje tem Vanessa Oliveira, 44, como vocalista do grupo.

Foto: Portal Umbu

“A gente tem demandas no setor privado e público, faltando uns 15 dias para o São João, começamos com uma agenda que abarca não só Serrinha, mas também outras cidades. A  partir do dia 17 de junho, já estamos na estrada”, conta Vanessa que também é professora de música.

A artista reforça que, com mais de 30 anos de estrada, os Caciques do Nordeste buscam equilibrar a tradição e a atualidade no repertório com nomes como Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Wesley Safadão e Limão com Mel, destacando a importância de agradar a um público diverso que frequenta os eventos.

“Nosso repertório sempre vai incluir clássicos como Luiz Gonzaga e Alceu Valença. Mas também agregamos canções mais atuais. Vamos trazer músicas de Magníficos, Limão com Mel, Wesley Safadão. Vamos fazendo esses ajustes sem perder a essência, porque nosso público é bem misto: adolescentes, muitos adultos, famílias. Pensamos em um repertório que agrade a todos, tanto os visitantes quanto os conterrâneos”, contou. 

A cantora destaca que a banda se apresenta em diversas cidades como Teofilândia, Conceição do Coité, Barrocas, Salvador e outras. Conforme aponta a Secretária de Turismo do Estado (Setur-BA), esses municípios contribuem significativamente para o fomento da economia baiana. Em 2024, o São João da Bahia — impulsionado principalmente pelas atrações e pela diversidade festiva oferecida nos interiores — atraiu mais de 1,7 milhão de turistas e gerou uma receita de R$ 2 bilhões, que classificou a cifra como recorde. Neste contexto, segundo a Setur, a cidade de Serrinha acolheu mais de 50 mil pessoas na festa junina de 2023.

Outro grupo que também realiza apresentações é o Pavão Dourado, fundado por Maria José dos Santos, 66, popularmente conhecida como Bibi. O Pavão surgiu a partir da união de mulheres que trançavam palhas para produzir peças artesanais e, hoje, integram a programação cultural de Itiúba, zona rural de Serrinha.

Foto: Portal Umbu

“O grupo existe há 30 anos. Começamos com quatro mulheres — eu, minha mãe, uma cunhada e uma colega — e hoje somos 13 pessoas. Só não temos mais porque falta transporte para levar as crianças que também fazem parte. Quando a festa é perto, a participação da juventude é grande. Meus netos sempre dançam no palco comigo e esse grupo é uma alegria”, conta aos risos a organizadora. 

Segundo dona Bibi, o grupo, que no início era formado apenas por mulheres, surgiu para disseminar a cultura e a alegria do samba no São João. No começo, as apresentações contavam apenas com a voz, hoje, os homens já contribuem com instrumentos como caixa, zabumba e violão. “Recentemente, fomos para Ibiritinga fazer uma festa lá”, relembra. Ao longo desses anos de existência, o grupo já se apresentou em diversas cidades, como Santa Luz, Valente, Retirolândia, Salvador, Coité, Santa Bárbara, entre outras. “Onde nos convidam ou contratam, nós estamos indo”, completa. Continue de olho na jornada do Portal Umbu pela diversidade das celebrações juninas.

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Texto: Bruna Rocha

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