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Dia Nacional do Livro: 5 livros para quem quer iniciar ou retomar o hábito da leitura

Reportagem do Portal Umbu convidou o livreiro Heider de Assis para indicar 5 obras

Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro. A data foi criada em 1810 em comemoração à fundação da primeira biblioteca do Brasil, a Real Biblioteca, localizada na então capital do Brasil, Rio de Janeiro.

Segundo informações do site Mundo Educação, do UOL, foi em 29 de outubro que a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil e tornou-se a Biblioteca Nacional.

Inserir o hábito da leitura no cotidiano agitado da maioria dos brasileiros é um desafio. São muitas as distrações que roubam a concentração dos leitores, desde as mensagens no celular até a série nova que chegou no streaming. Pensando nisso, convidamos o livreiro Heider de Assis, ganhador do prêmio PublishNews de melhor livreiro do Brasil e idealizador do Cine Literário, para indicar 5 obras para os nossos leitores.

Heider de Assis é livreiro e ganhador do prêmio PublishNews de melhor livreiro do Brasil. Foto: Divulgação

Entre os indicados estão obras de Machado de Assis, Annie Ernaux e Toni Morrison. “A escolha desses títulos sfoi por serem livros pequenos e que permitem a gente lê-los em pouca hora talvez, em uma hora ou um par de horas. E que trazem temas importantes para a gente refletir a sociedade que a gente vive.”, explica Heider.

“Livros pequenos são sempre uma boa pedida para quem quer retomar o hábito da leitura porque não toma tanto tempo, não demanda tanto, afinal de contas ler é uma atividade que requer renúncia, e um livro pequeno a gente lê, acaba lendo ele pelas fissuras do dia”, analisa.

Confira:

  1. Annie Ernaux – O Jovem:

Se a capacidade de dizer muito com poucas palavras é um traço característico de Annie Ernaux, ela parece ter atingido um dos pontos mais altos de sua produção literária em O jovem. Nas breves páginas deste livro magistral, a escritora dá conta de uma miríade de temas e afetos ao rememorar o relacionamento que teve, aos 54 anos, com um estudante trinta anos mais novo. Como de costume, Ernaux nunca fala de uma só coisa ao escrever. Para além da diferença de idade dos amantes, estão presentes em O jovem reflexões sobre o desejo feminino, o relacionamento entre pessoas de classes sociais diversas, a passagem do tempo, a memória ― individual e coletiva ―, a escrita e o papel da mulher na sociedade francesa dos anos 1990, que pouco difere da nossa em certos aspectos.

2. Machado de Assis – Pai contra mãe:

Um dos textos mais brilhantes de Machado de Assis, Pai contra mãe, de 1906, faz um duro retrato da sociedade brasileira de sua época, expondo com crueza a escravização, a miséria e a violência vivida por negros e pobres no Brasil. O conto desenha a história de sujeitos que vivem na engrenagem da opressão de um sistema capitalista escravocrata, com as violências racial e de gênero que persistem em pleno século XXI.

3. Edouard louis – Quem matou meu pai:

Édouard Louis tornou-se um fenômeno literário com a publicação de O fim de Eddy, História da violência, entre outros livros. Em sua obra, inscrita em uma tradição que remonta a Annie Ernaux e Didier Eribon, a homossexualidade e as injustiças de classe são retratadas por meio de uma escrita afiada, marcada por altas doses de crítica social e política. Quem matou meu pai é uma narrativa breve e dilacerante, que reflete sobre a relação com o pai, fraturada pela indiferença, pela vergonha e pelo conflito. “Não tenho medo de me repetir, porque o que escrevo, o que eu digo, não atende às exigências da literatura, mas às da necessidade e da urgência, às do fogo”, é o que diz Louis. Esse é o tom de manifesto inadiável que percorre a obra e se faz sentir na figura do pai doente e moribundo, que o narrador visita para prestar ajuda mas, acima de tudo, em busca de reconciliação.

4. Noemi Jaffe – Lili, novela de um luto:

Em fevereiro de 2020, aos 93 anos, falece Lili, sobrevivente do Holocausto, mãe de três filhas e viúva. Sua doença vinha se estendendo há tempos, mas isso não faz com que a dor de sua partida seja menor. A banalidade da causa, “uma infecção nos pés”, é confrontada com um sentimento de descrença. Como é possível que aquela que sempre esteve presente não exista mais?

Com domínio narrativo único e uma honestidade perturbadora, Noemi Jaffe relata os primeiros dias após a perda da mãe, indo fundo em suas lembranças e seus anseios para produzir uma história sobre a morte, mas também sobre o que fica depois dela.

5. Toni Morrison – Jazz:

Em 1926, o Harlem, bairro negro de Nova York, é povoado sobretudo por gente que veio do campo em busca das promessas da cidade cintilante. O cinquentão Joe Trace, vendedor itinerante de produtos de beleza, mata com um tiro sua amante adolescente. No funeral, a cabeleireira Violet, mulher de Joe, ataca o corpo da rival com uma faca. Uma tragédia pessoal que é um prenúncio dos tempos duros que virão na década seguinte. Uma apaixonada história de amor e obsessão que avança e recua no tempo, reunindo emoções, esperanças, temores e as duras realidades da vida negra nas cidades dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Lançado originalmente em 1992, Jazz é um romance sem precedentes, um marco no panorama literário dos Estados Unidos, que consagra Toni Morrison como uma das maiores escritoras da atualidade.

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