Ativista estava preso desde 2019 no Reino Unido

O jornalista fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, deixou a prisão no Reino Unido na noite desta segunda-feira (24), após acordo com a Justiça dos Estados Unidos. Assange, estava preso desde 2019 acusado de conspiração por obter e divulgar arquivos militares estadunidenses considerados secretos.
Julian Assange, hoje com 52 anos, concordou em se declarar culpado de espionagem em troca da liberdade. O jornalista lutou contra a extradição para os EUA enquanto estava preso no Reino Unido.
O ativista é acusado pela Justiça norte-americana de 18 crimes, devido à publicação, em 2010, de documentos militares e diplomáticos que revelaram crimes de guerra e abusos de direitos humanos ocorridos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.
Ele foi detido em 2019 no Reino Unido onde cumpria sentença por ter violado as condições de sua liberdade condicional quando se refugiou, em 2012, na embaixada do Equador, em Londres, para evitar uma extradição para a Suécia. Na ocasião, a Suécia pedia a extradição do ativista em razão de acusações de crimes sexuais.
Segundo informações do portal Terra, o avião de Assange, que deixou Londres na segunda-feira, pousou em Bangkok, capital da Tailândia, na manhã desta terça (25) para reabastecer, antes de seguir com destino às Ilhas Marianas do Norte, um território dos EUA no Pacífico, onde o acordo judicial vai ser finalizado. A expectativa é de que Assange compareça nesta quarta-feira (26) perante um juiz em Saipan, capital das Ilhas Marianas do Norte, onde vai se declarar culpado.
Pelos termos do acordo, o ativista não ficaria em nenhum momento sob custódia americana e não teria que cumprir pena de prisão porque o Departamento de Justiça dos EUA vai levar em consideração o tempo que ele já cumpriu no Reino Unido.
Se tudo correr conforme planejado, Assange vai voltar então à Austrália , seu país natal, onde sua família o aguarda. À BBC, Stella Assange, esposa do ativista disse estar “exultante”, mas que o acordo, muitas vezes, pareceu “incerto”.
A libertação de Assange foi celebrada por chefes de Estado ao redor do mundo: o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese; o presidente cubano, Miguel Diaz-Canal; presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador; presidente colombiano, Gustavo Petro; presidente da Veneuzela, Nicolás Maduro; o presidente boliviano, Luis Arce; e a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock declararam contentamento com a decisão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comemorou, nesta terça-feira (25), a libertação do fundador do Wikileaks Julian Assange, de 52 anos. “O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”, escreveu Lula em publicação nas redes sociais.
Em diferentes ocasiões, o presidente Lula se manifestou sobre a situação do jornalista, classificando sua prisão como “uma vergonha” e dizendo que Assange deveria ter sido premiado por revelar “segredos dos poderosos” ao invés de estar preso.
Lula foi lembrado, assim como o Papa Francisco, por Gabriel Shipton, irmão do fundador do WikiLeaks, que agradeceu ao que chamou de “esforço global” pela libertação do jornalista e ativista australiano.