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Subsecretário de Segurança Pública da Bahia diz que polícia já sabe quem matou a quilombola Mãe Bernadete

Líder quilombola estava em programa de proteção do estado por conta das ameaças que sofria por defender os direitos humanos

O subsecretário de Segurança Pública da Bahia, Marcel de Oliveira, que é o secretário em exercício, afirmou que a investigação sobre a morte de Mãe Bernadete está indo bem e que a polícia já sabe quem cometeu o crime.

Mãe Bernadete foi executada a tiros em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, no dia 17 desse mês.

“A investigação está bem adiantada, com autorias definidas, com prováveis motivações conhecidas. No entanto, a investigação tramita em sigilo, mas pode ter certeza que a família vai ter o resultado que ela precisa e merece receber em pouco tempo”, disse Marcel em entrevista à TV Globo.

Crime:

O quilombo onde Mãe Bernadete, 72 anos, foi assassinada tem sete câmeras de segurança, mas apenas três estão realmente funcionando. A líder quilombola estava em programa de proteção do estado por conta das ameaças que sofria por defender os direitos humanos e, principalmente, por lutar pela demarcação e titulação das terras de Pitanga dos Palmares.

As câmeras deveriam ajudar na proteção dela e da comunidade, só que mais da metade dos equipamentos estavam desligados, o que pode dificultar o trabalho da investigação. Os familiares de Mãe Bernadete deixaram Pitanga dos Palmares por conta própria, em busca de segurança, no mesmo dia em que a quilombola foi morta.

A investigação da morte de Mãe Bernadete está sob sigilo, mas uma fonte que acompanha o inquérito confirmou para a reportagem que o laudo da necropsia no corpo da líder quilombola concluiu que ela foi morta com 22 disparos, sendo 12 no rosto e 10 na região do tórax. As armas e munições utilizadas não foram especificadas.

Família repudia fala de governador sobre ação do tráfico:

A família de Mãe Bernadete está revoltada com a fala do governador Jerônimo Rodrigues (PT) sobre uma suposta motivação para o assassinato da líder quilombola. Na semana passada, o governador relacionou o crime à uma possível guerra entre facções criminosas no território do quilombo.

A fala foi classificada pelo advogado da família, Leandro Santos, do Instituto de Acesso à Justiça e à Cidadania, como “irresponsável, violenta e precipitada” e com “potencial de induzir a investigação da Polícia Civil a seguir uma pista que não tem amparo na realidade”.

O advogado explica ainda que a fala do governador exclui as razões mais prováveis para a execução da defensora dos direitos humanos, que é a disputa fundiária, com a ação de grileiros e de madeireiros ilegais na região do quilombo Pitanga dos Palmares, que está situado em uma Área de Proteção Ambiental (APA). O outro advogado da família, David Mendez, disse que a grilagem é a principal linha investigativa.

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