Você sabe por que está correndo?

Outro dia, eu estava conversando com um amigo de longa data e, em meio a conversa, notei que ele estava com o semblante tenso e preocupado, mesmo estando no final de semana, bebendo uma cerveja, conversando sobre futebol e resenhando sobre os outros amigos que ainda não haviam chegado. Não demorou muito, eu perguntei se ele estava preocupado com alguma coisa e ele respondeu que sim. Estava preocupado com o futuro e ainda achou estranho eu conseguir me divertir tendo contas para pagar.

Esse assunto me chamou a atenção e comecei a refletir. Por que algumas pessoas correm em busca de resultados financeiros e outras vivem bem tranquilas, mesmo estando no mesmo nível sócio-econômico e, às vezes, tendo até menos recursos financeiros? Já notaram isso?

Pode ser que tudo isso tenha a ver com a ambição ou com o entendimento de ambição de cada pessoa. Segundo o dicionário Oxford, ambição pode ser definida como “forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias; cobiça; cupidez” ou “anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão”.

A partir de como cada pessoa entende e interpreta a definição de ambição, podemos ter uma chance de entender determinados comportamento sociais como, por exemplo, o porquê de vermos pessoas comprando toda e qualquer coisa que alguém diz que é “coisa de rico ou de pessoa bem sucedida”. Ou pessoas que não conseguem pagar as parcelas da escola das crianças, o aluguel ou compra da casa própria e, ainda assim, troca de carro todos os anos e vive comprando roupas novas, porque acredita quando dizem que “só pobre é quem repete roupa nas festas”. Nas redes sociais, essas pessoas têm até um nome: dublê de rico.

A  denominação popular é atribuída para aquelas pessoas que gastam o que não têm para viver e fingir ser o que não é. Usa o crédito do cartão para financiar sem saber como pagar e posta fotos em lugares inacessíveis ou com itens emprestados, alugados ou encontrados nos lugares, fazendo todos acharem que aquilo é seu.

Claro que todo mundo tem o direito de escolher o estilo de vida que quiser, porém cabe lembrar que todas as escolhas que fizermos, inevitavelmente, nos renderão consequências. Sejam elas de satisfação, felicidade e prazer ou de necessidade de mais trabalho e mais rendimentos para honrar seus compromissos, sejam elas com as pessoas ou as instituições. Não podemos esquecer destas consequências. Tudo, absolutamente tudo, tem um preço e vai ser pago de um jeito ou de outro!

E voltamos à pergunta inicial, você sabe por que está correndo?

Na minha opinião, qualquer pessoa só conseguirá resolver ou adotar ações coerentes em prol dos seus objetivos a partir do momento que entende de forma clara a questão. Quando entender, sem fantasias ou fugas, o motivo pelo qual está fazendo tanto esforço. Isto tem a ver com o quanto você se conhece e o quanto está disposto a tomar as rédeas da sua própria vida. Resumindo, exercitar o autoconhecimento e planejamento. Sim, vamos falar de planejamento novamente.

Vamos tentar facilitar o entendimento. Se a pessoa quer ser bem-sucedida, primeiramente ela precisa entender o que é ser bem-sucedido aos seus olhos e, em seguida, precisa organizar as coisas para chegar lá: clareza do objetivo, recursos disponíveis e método. Já sabemos como isso se chama, né? Planejamento!

Simples, né? Se seu objetivo é parecer ser rico e, para você, ser rico é precisar ter um carrão, então seu objetivo é ter um carrão. Se seu objetivo é ser, de fato, rico, você precisa ter um determinado valor de capital ou patrimônio acumulado, então o seu objetivo é acumular capital ou patrimônio. Entendeu?

Quando falamos de recursos disponíveis, estamos falando sobre o que você tem de valor que pode ser investido em prol da conquista do objetivo, exemplo: salário, tempo, energia e por aí vai. Lembrando sempre que valor não significa necessariamente dinheiro. Dinheiro é uma ferramenta.

Já o método é apenas como você pretende chegar ao seu objetivo. O plano se torna planejamento quando você escreve, define pontos de checagem, acompanha a evolução e corrige o que for necessário. Alguém já ouviu a expressão “Rodar o PDCA”? Plan–Do–Check–Act, que em português significa Planejar-Fazer-Verificar-Ajustar. É isso! Agora ficou fácil, né?

Então, gente, independentemente da sua percepção de ambição ou do seu desejo de ser ou não ser isso ou aquilo, o importante é entender que só reconhecerá o sucesso se souber com clareza o que é o sucesso que procura. Existe um ditado que diz: “Se não sabe o que procura, não vai reconhecer quando encontrar”. Esse é o motivo que torna tão importante saber o que você está procurando, saber por que você está correndo.

Se você sabe o que procura, o resto é planejamento e paciência, simples assim.

E nada de ficar alimentando sonhos improváveis de ganhar na Mega Sena, achando que com o prêmio milionário tudo ficará resolvido, que o dinheiro comprará sua felicidade. Talvez até funcione, se seu entendimento de sucesso for ter dinheiro ou se olhar a conta bancária, agora milionária, representar felicidade e preencher o vazio de você. Aí você poderá parar de correr.

Sendo assim, levanta a cabeça e mãos à obra, pois ainda dá tempo de revisar sua vida, organizar as coisas e, quem sabe, voltar a ter aquele bom e velho sorriso no rosto.