
Desta vez não vou falar do cartão, dos shopping centers ou qualquer outra ferramenta de consumo. Vou falar um pouco sobre você e seu comportamento. Isso mesmo, quero falar sobre você, meu amigo consumidor, que entra em uma espiral de sofrimento e culpa por não ter conseguido mudar o rumo da sua vida financeira e fica achando que é um monstro por, mesmo com todo esforço, não conseguir mudar este padrão nocivo de consumo e, ao final de cada mês, se olha no espelho com vergonha por se achar um completo incompetente.
Então, vou começar essa conversa de forma direta, simples e clara: Sim,você é o responsável por tudo que acontecesse na sua vida e de nada vai adiantar ficar aí perdendo tempo com chororô, dizer que o mundo é injusto ou que você só comprou isso ou aquilo porque merece ou porque estava precisando!
Cada uma dessas afirmações pode até ser verdade, mas, na real, quem te vendeu ou o sistema financeiro não está nem aí para o seu sofrimento. Por isso, o seu choro e as suas desculpas não irão mudar a realidade que você criou para si mesmo. Entendeu? Vou precisar desenhar ou fazer um filmezinho nas redes sociais?
Primeiro, é preciso aceitar que todos nós somos escravos dos nossos desejos e que o marketing é especialista em transformar desejo em necessidade imediata. Aí, por acreditar que é uma necessidade, você executa sem pensar nas consequências. Simples assim.
Entendendo essa lógica que existe entre desejo, necessidade e consumo, acredito que tudo fique mais fácil.
Aceite também que fomos educados para ser obedientes, bons trabalhadores, consumidores vorazes e condicionados a medir sucesso e riqueza através da posse, em especial, de itens de consumo que remetem a algum tipo status social e não por itens que te ajudem a formar patrimônio ou riqueza. Vai ser sempre por um celular da marca, a camisa polo do crocodilo, o tênis do raio ou a bolsa de alguma marca famosa. Todos itens muito caros e que projeta para a sociedade o sucesso daquele que os ostenta.
Aprendemos e vamos repetindo esse mesmo padrão de consumo e ensinamos esse valor para as novas gerações: “As pessoas são mais valorizadas pelo que mostram do que pelo que realmente possuem”.
Outro ponto muito importante é o desafio de acreditar que não é sobre quanto você ganha de dinheiro, mas sobre a sua capacidade de reter parte deste dinheiro que ganhou. É obvio que todos nós queremos ser melhor remunerados pelo nosso tempo e conhecimento, mas a questão aqui é entender que de nada vai adiantar receber rios de dinheiro se o seu comportamento for perdulário e exigir um mar de recursos para manter o padrão de vida.
Por fim, temos que fazer escolhas. Não a escolha entre ter isso ou aquilo, mas a escolha de quando vamos ter ou se realmente é necessário ter isso ou aquilo. Acredite, a maioria dos casos de endividamento começam por conta desta necessidade de ter tudo hoje, agora, ao mesmo tempo.
Agora que você entendeu como a coisa funciona, minha recomendação é que você mantenha a calma, respire, avalie os impulsos de compra e faça suas escolhas. Não vá nessa de que tem que decidir agora, pois normalmente essa será a sua pior decisão.
Um grande abraço e até a próxima!
Nossas necessidades básicas, como alimentação, lazer, segurança e vestuário, embora sejam uma verdade universal, podem não representar as prioridades. Nos tempos de hoje, em que tudo é considerado imediato e precisa ser “pra ontem”, o planejamento tornou-se menos viável. As ferramentas digitais e as redes sociais influenciam diretamente nossa percepção de urgência, e o gasto exacerbado acaba parecendo normal, não posso dizer que sou um exemplo de pessoa planejada financeiramente, mas perco o controle com mais dificuldade, hoje em dia, por que antes gastava o salário desse mês e o do próximo também.