Com o governador viajando, tem gente nova chegando para ocupar a cadeira que fica. Tem também as tramas bem amarradas da disputa para as eleições municipais e articulações que prometeram tudo e estão entregando nada
Lula na Bahia
A agenda do presidente Lula, em Teixeira de Freitas, nesta sexta-feira (10), está carregada de expectativa para o vice-governador, Geraldo Júnior. O pré-candidato à Prefeitura de Salvador pelo MDB está tão ansioso que resolveu deixar a capital baiana e embarcar para o extremo sul do estado em busca de atenção do presidente, que vai participar da inauguração do Hospital Costa das Baleias ao lado do governador Jerônimo Rodrigues. Enquanto Geraldinho espera uma declaração pública de apoio durante o discurso de Lula, a base do governador Jerônimo aposta que o máximo que o vice vai conseguir é uma foto a dois com um presidente constrangido ao lado do pré-candidato.
Expectativa dobrada
Quem também passou a semana ansioso foi o governador Jerônimo Rodrigues, que está fazendo uma verdadeira maratona no extremo sul, desde a última terça-feira (7), quando desembarcou na região para assegurar a presença de prefeitos e suas respectivas “caravanas” no evento com o presidente Lula. O chefe do executivo baiano cumpriu agenda, em diversas cidades atrás de apoio para o ato em Teixeira de Freitas, na tarde desta sexta. Ele não quer passar o constrangimento de entregar uma plateia vazia para sua maior liderança, mas esqueceu que está em território bolsonarista e pode ser surpreendido negativamente.
De malas prontas
Feliz ou triste, a depender do resultado da agenda com Lula, Jerônimo embarca para o outro lado do Atlântico, para uma missão internacional na Alemanha. Geraldinho, desta vez, não vai poder assumir o governo por impedimento legal. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Adolfo Menezes, segundo na linha sucessória, também não poderá assumir a governadoria. A esposa do deputado será candidata a prefeita em Campo Formoso e a lei eleitoral impede que parentes de 1º grau de candidatos ocupem o cargo de governador a menos de 6 meses da eleição. Sendo assim, a cadeira será ocupada pela presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Cynthia Maria Pina Resende, que será a segunda mulher a assumir o comando do governo na história da Bahia, ainda que interinamente. A cerimônia de posse acontece neste sábado (11). Antes dela, outra presidente da corte ocupou o cargo, a desembargadora Sílvia Zarif. Ou seja, nós mulheres somos uma exceção raríssima no mais alto cargo do estado, uma lástima.
Armadilha?
Há juristas que defendem que o vice-governador e o presidente da Assembleia Legislativa devem deixar o país, porque não seria possível simplesmente abrir mão de assumir o cargo em nome de outra pessoa. Isso contraria a ordem sucessória estabelecida pela Constituição. Ainda assim, o corpo jurídico das duas pré-candidaturas decidiram manter Geraldinho e Adolfo na Bahia, colocando em risco as candidaturas do vice-governador e da esposa do deputado estadual. Há quem acredite que a orientação é fruto de fogo amigo, pois tem muita gente torcendo pela impugnação das duas candidaturas. A conferir.
Deu dó
Vestido de gerente da Caixa Econômica Federal, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, postou vídeo em seu Instagram anunciando um curso de formação destinado a jovens lideranças através do Instituto Índigo. São 210 vagas para todo o Brasil. Vou repetir: 210 vagas para o Brasil inteirinho. Eu devia parar por aqui esse texto, porque é constrangedor o cara que queria ser governador de 15 milhões de pessoas em um estado como a Bahia, de repente, estar vestido de bancário para anunciar um curso para 210 pessoas. No entanto, vou dizer qual foi a coisa que mais chamou minha atenção: 50% das vagas são para mulheres e 30% para negros, quilombolas e indígenas, ou seja, o ex-prefeito parece estar morto politicamente, mas não tá não, viu?
Sombra, água fresca e churrasquinho
Enquanto isso, seu sucessor navega em águas tranquilas a caminho da reeleição, já que Geraldinho e Kleber Rosa, pré-candidato do PSOL à prefeitura de Salvador, até agora não mostraram a que veio. Em agenda na Lagoa dos Patos, o prefeito de Salvador parou pra fazer cena comendo churrasquinho de gato na farofa. Até aí tudo bem, só o espetáculo da política acontecendo, mas repare no olhar de Bruno… o gestor municipal está transparecendo tanta tranquilidade que a gente fica até com vontade de parabenizar pela reeleição antes mesmo dos soteropolitanos irem às ruas.
Zé > Geraldo
Por falar em rede social, quem acompanha as redes sociais do presidente da Conder (são poucos), já deve estar preocupado com o ritmo de trabalho do gestor. Dezenas de postagens e agendas em Salvador e no interior do estado mostram que o indicado do ministro Rui Costa está tentando competir com Geraldinho, provavelmente achando que a candidatura do grupo à Prefeitura de Salvador ainda está em disputa. Infelizmente, não está, Zé, mas deu pra ver que você é muito mais trabalhador que o vice-governador. Convenhamos, todo mundo sempre soube disso, mas se Zé é maior que Geraldo, Wagner e Jerônimo juntos são muito maiores que Rui Costa. Aí a queda de braço vira covardia.
Kiki de Davi
Quem associou sua imagem à de Davi, como fez incansavelmente o vereador Kiki Bispo, da base do prefeito Bruno Reis, não esperava por tanto desgaste para o ex-motorista de aplicativo de Cajazeiras. Se o eleitorado for embora como estão indo os seguidores do ex-BBB nas redes sociais, dá pra dizer que a reeleição de Kiki começa a ficar sob ameaça e o gasto com tanto outdoor na rua pode ter sido em vão.
Cadê Lídice?
Ainda sobre as eleições municipais, alguém por aí sabe se Lídice da Mata voltou de Cuba? A campanha de Geraldo Júnior continua zerada, sem sinal de vida, e a deputada federal, que teoricamente é coordenadora-geral da campanha do vice-governador, desapareceu do mapa. Certo está Bruno Reis, que afirmou que o coordenador da campanha é ele mesmo, ou seja, não quer correr o risco de encontrar uma aprendiz de Lídice pelo caminho.
Eles por elas?
O que também causou burburinho nesta semana foi o bloco As Muquiranas, só de homens, ter recebido o selo Pacto pela Mulher, da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ). A entrega foi nesta quinta-feira (9), na Casa da Mulher Brasileira, uma situação para lá de curiosa – para não dizer perturbadora -, especialmente quando a gente lembra que o mesmo bloco, não faz muito tempo, esteve envolvido em um episódio de assédio com uso de pistolas de água, que levou à proibição do item no Carnaval deste ano. Obviamente, como já era esperado, muita gente apontou a esculhambação e Bruno Reis foi à público dizer que o selo é para a entidade assumir o compromisso de combater a violência contra a mulher. Agora é torcer para se concretizar.
Cultura da reparação
O que também tem provocado cochichos no município é uma conversa de que a Secretaria de Cultura e Turismo tem dividido parte nas atribuições da pasta de Reparação. Sobrou até para o Salvador Capital Afro, viu? O acúmulo de funções que chega na busca por protagonismo em alguns temas da cidade vão acabar dissolvendo a força de pastas fundamentais para a capital baiana. Os preparativos para a campanha de reeleição já estão caminhando, mas alguém vai precisar lidar com esses atritos.
Brasil de luto
Termino me desculpando pelo atraso da coluna esta semana. Sei que teve gente que foi dormir frustrada porque não leu meus desabafos nesta quinta-feira, mas confesso que ando sem forças diante de tanta tristeza com a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul. O pior é que esses eventos serão cada vez mais frequentes e trágicos – como agora, já alcançando 30 cidades no Maranhão. E não é por causa da mãe natureza. É por conta da negligência dos governos, em todas as esferas, que simplesmente ignoram o problema e não buscam soluções concretas para mitigar os impactos do IRREVERSÍVEL aquecimento global. É de doer o coração. Bacana que Lula e Eduardo Leite, governador do estado, estejam trabalhando juntos, deixando de lado as questões políticas. Bacana também que o Brasil inteiro esteja mobilizado para ajudar as vítimas do sul do país. Mas até quando a gente vai tratar essa questão dessa forma? O sentimento é de vergonha e de medo do que vem pela frente.
