Jornalista dividiu experiências sociais que teve em Israel e na Itália e falou sobre fake news, memes e ética na comunicação
O recesso junino terminou e o Umbu Podcast fez seu retorno nesta terça-feira (9), recebendo a jornalista Silvana Oliveira. A “soteropaulistana” que tem quase 30 anos de carreira no jornalismo e é apresentadora na Rádio Sociedade conversou com Mirtes Santa Rosa, anfitriã do programa, sobre carreira, política e a necessidade de tomar decisões difíceis e arriscar para mudar o curso da vida.
Um dos temas debatidos foi a guerra entre Israel e o Hamas. Silvana relembrou que estudou o conflito no Oriente Médio e revelou percepções a respeito da complexidade do tema. “Quando a guerra explodiu, minha primeira dor foi a quantidade de fake news e quantidade de pessoas, inclusive, que mistura a Israel bíblica com Israel, o país, que hoje é governado por Benjamin Netanyahu”, disse a jornalista, explicando que é “um problema ligado à terra, mas não necessariamente à terra do plantio”.
Repetindo o que ouviu de um árabe na região, ela citou: “a terra é onde está o sangue dos meus pais”, analisando ainda que há sangue de pais de palestinos e israelenses em momentos diferentes do mundo. Além do conflito entre os grupos étnicos, Silvana Oliveira comentou ainda o interesse de países na região e que investem na guerra.
>> Silvana Oliveira foi uma das entrevistadas do especial Mulheres, do Portal Umbu
Relembrando a passagem pela Rádio USP, em São Paulo, a comunicadora comentou a atuação na divulgação científica e de artistas musicais, como Chico César, citado durante o episódio e o prêmio APCA, entregue pela Associação Paulista de Críticos de Arte, recebido pela organização. Silvana também contou sobre a passagem que teve pela Itália, após ganhar uma bolsa de estudos para fazer um curso sobre direitos humanos na Universidade de Bolonha.
“É um lugar lindo, com pessoas que são calorosas, afetuosas, que falam alto, gostam de festa e que também brigam por qualquer coisa”
“É um país muito parecido com o nosso, com os nossos hábitos. Nápoles, especialmente, é muito parecida com Salvador. Eu tenho certeza que qualquer soteropolitano que vá para lá vai se identificar muito. É um lugar lindo, com pessoas que são calorosas, afetuosas, que falam alto, gostam de festa e que também brigam por qualquer coisa”, brincou.
“Estar fora do nosso país é sempre uma experiência muito interessante porque, se aqui eu me vejo como uma soteropaulistana, negra, gorda, morando em Salvador, lá eu era só uma brasileira, uma latino-americana ou uma latina”, comentou Silvana, apontando que no período em que esteve em território italiano, muitos locais acharam que ela fosse da Argélia. Perguntada se esse pensamento teria relação com o estereótipo do corpo, ela concordou e disse: “acredito que talvez, naquela época, como talvez ainda aconteça agora, a maior parte dos brasileiros que faz esse tipo de viagem de estudo e cultural, costuma ter a pele muito mais clara do que a minha”.
“Eu acredito no jornalismo no rádio, na televisão com uma função social”
A jornalista relembrou a formação acadêmica nos moldes tradicionais, comentando que “o código de ética era muito bem apresentado para quem estudava”. “Eu acredito no jornalismo no rádio, na televisão com uma função social. Eles têm uma função de transformar. Eu não acredito no jornalismo que finge não compreender, que mente, que – para mim – é rasteiro, não porque não trate de assuntos que são considerados altos […], para mim o jornalismo é rasteiro quando a gente vai pelo superficial”.
“Para mim, trabalhar em rádio é trazer um pouco do que não é o senso comum. Muitas vezes é sofrido porque as pessoas pensam que você está do lado de A ou do lado de B, quando você está dizendo apenas: a legislação diz isso”, declarou Silvana, comparando abordagens de temas como criminalidade na mídia.
“Se você quer se informar, você tem que ouvir várias fontes diferentes, ler várias fontes diferentes. […] E é bacana se você quer formar sua própria opinião”
Sobre a relação da sociedade com o consumo de informação nas redes sociais, a comunicadora foi objetiva: “Se você quer se informar, você tem que ouvir várias fontes diferentes, ler várias fontes diferentes. Não dá para você se informar só pelo site A ou pelo site B, cada um deles vai ter uma manchete diferente sobre aquele assunto, um recorte diferente. E é bacana se você quer formar sua própria opinião”.
Além de falar sobre o mercado de comunicação, os bastidores da política e de sua relação com Salvador, São Paulo, Feira de Santana e Santo Amaro, Silvana Oliveira também falou sobre representatividade no mercado de comunicação, memes e outros temas. Confira a resenha agridoce na íntegra: