Chefe da Sepromi contou sobre trabalho na educação e ações junto a outras secretarias estaduais
Política e sociedade são temas do cotidiano e precisam ser discutidos sem amarras, como feito no episódio do Umbu Podcast, que recebeu, nesta terça-feira (30), a secretária de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, Ângela Guimarães, que conversou com as anfitriãs do programa, Camilla França e Mirtes Santa Rosa
Socióloga e professora da rede estadual de ensino, Ângela falou sobre sua trajetória de mais de 25 anos em movimentos sociais. “Eu tive uma infância no Curuzu, na Liberdade e, depois de um tempo, na Mata Escura. E aí eu fui para todo tipo de associação, organização e processo de juntar gente”, contou, mencionando também sua participação em coletivos de segmentos distintos como grupos de cataquese, de teatro e de dança do bairro até chegar ao movimento estudantil na universidade, onde considera ter iniciado uma militância mais consciente.
Ter feito arte foi fundamental para ir delineando meus passos futuros
“Em 1999, eu fiz teatro popular com Luis Bandeira, teatro de rua. Eu tinha uma vertente artística”, brincou. “Eu fiz dança, balé, moderna, jazz, afro, capoeira. Fiz tudo da arte, eu gosto muito e ter feito arte foi fundamental para ir delineando meus passos futuros”, revelou a secretária. Contando sobre a adolescência na década de 1990, Ângela Guimarães explica que acabou vivendo no período em que o mundo lidava com a ascensão do neoliberalismo e fim do bloco soviético, o que, somados ao histórico de engajamento social da família, a levaram a se tornar cada vez mais ativa e crítica.
Antes ainda de estar na universidade, de conhecer a esquerda, tudo isso já era uma postura militante diante da vida: inquietude, organizar para mudar, insatisfação, denunciar
“Eu lembro muito das interferências dos meus tios, tias, da minha mãe, da minha prima, de tudo o que eles fizeram, me motivaram e o que eles e elas são para que eu, de fato, assumisse uma postura militante na vida. Porque antes ainda de estar na universidade, de conhecer a esquerda, tudo isso já era uma postura militante diante da vida: inquietude, organizar para mudar, insatisfação, denunciar”. A socióloga relembrou ainda que os tios fizeram parte da formatação do bloco Ilê Aiyê, entre eles Sérgio Roberto, idealizador da Noite da Beleza Negra.
Sobre o trabalho no estado, Ângela compartilhou relatos de mulheres que já tiveram que lidar com desafios como racismo e machismo na vivência política. A secretária também falou a respeito da importância da luta antirracista no processo de ocupação de lugares como secretarias e pastas de governo e a diferença de orçamento para algumas delas. “A gente sabe que os espaços de gestão da igualdade racial, da política para mulheres, da política para juventude, não são aqueles que contam com maior orçamento. Então, eu costumo dizer assim: se eu já fazia isso no movimento social, aqui, com um tantinho de dinheiro, dá para fazer muito mais”, brincou.
Eu me desafio muito a partir dessa experiência, que eu considero riquíssima […], de vida em coletividade
“Eu me desafio muito a partir dessa experiência, que eu considero riquíssima. Uma experiência de vida em coletividade, de tomar decisões em coletividade, de você sufocar o seu ego”, comentou a professora, que ainda falou a respeito de ações junto a outras secretarias e revelou quais são os seus locais favoritos em Salvador e na Bahia. Assista o programa na íntegra: