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“Um festival legitimamente baiano, mas com o satélite aberto a dialogar com a música do mundo”, diz Eric Assmar sobre Oxe, é Jazz; Evento começa nesta sexta-feira

Curador do evento, Assmar fala sobre a importância das conexões e diálogos no intercâmbio cultural por meio da música

Foto: Uanderson Brittes

A edição de março do festival Oxe, é Jazz começa nesta sexta-feira (14) com convidados especiais que brindam a diversidade musical e prometem abrilhantar o fim de semana com seu talento e entrega. A segunda leva de apresentações do 4º ano do festival que é gratuito e aberto ao público, traz nomes como Agatha Macêdo, Armandinho e Uptown Band, que se apresenta ao lado do curador do evento, Eric Assmar, na primeira noite e o músico moçambicano Otis Selimane, Ana Paula Albuquerque, Lia Chaves e Júlio Caldas no sábado (15). O evento conta com apoio do governo do estado da Bahia, através da Sufotur e tem realização da Mais Ações Integradas.

Em entrevista ao Portal Umbu, Eric Assmar comemorou o crescimento do projeto que é “fruto de muito trabalho, um trabalho feito a várias mãos”“O que eu acho mais legal é que esse crescimento aconteceu de maneira muito espontânea. As pessoas abraçaram o projeto. E eu me refiro tanto ao público, as pessoas que vão assistir, que curtem a música, quanto também a classe artística, os empreendedores da economia criativa, os expositores que estão lá no projeto, cerveja artesanal, gastronomia, os serviços diversos que a gente tem nos anexos”.

“Tudo veio de uma maneira muito espontânea, muito natural dessas pessoas todas, desses ciclos e, para mim, é uma alegria muito grande, é um motivo de felicidade, de uma sensação de um dever cumprido, de uma responsabilidade, capacidade. E a gente quer ampliar o recorte da diversidade, a gente quer continuar fazendo com que o projeto abrace propostas artísticas diferentes, de segmentos musicais diferentes da cidade que tem essa conexão com a música de improvisação, com o jazz, com o blues, com a música instrumental, que são os nossos pilares básicos”, contou o curador do evento. “A gente entende jazz, blues, música instrumental, como músicas vivas que se aliam, se entrelaçam com a cena musical da nossa cidade, de uma maneira em que a gente consegue propor essas conexões, tendo a música de improvisação como elemento central e sendo um festival legitimamente baiano e soteropolitano, mas com o satélite aberto a dialogar com a música do mundo”.

Uptown Band no Garanhuns Jazz Festival 2025 | Foto: Hilton Marques de Lima/Reprodução/Instagram

Guitarrista, cantor e compositor, Eric Assmar se apresentará ao lado da Uptown Band, grupo pioneiro do blues no Nordeste, originado em Recife (PE), logo após show da guitarrista Agatha Macêdo, que terá como convidado o ícone da guitarra baiana. O setlist das duas noites de Oxe, é Jazz reforça o compromisso do festival com a variedade de sons e a promoção de encontros entre músicos de diferentes gerações.

“A proposta de curadoria do show pretende sempre trazer essa questão dos encontros. Os shows no formato artista A convida artista B, são possibilidades muito interessantes. Isso é uma forma que já vem sendo utilizada nos mais diversos festivais de jazz do mundo e também dos mais diversos segmentos musicais. Eu entendo esse formato como uma possibilidade interessante de você fazer esse intercâmbio de gerações diferentes, de segmentos musicais que não estavam, a princípio, caminhando juntos, mas que podem dialogar”, explicou o curador do festival musical. “Toda a curadoria do Oxe, eu procuro que seja feita de uma maneira muito dialógica, assim, eu sempre tento conversar com as pessoas, a equipe interna. O projeto é composto por várias mãos que trabalham em conjunto, mas também com a classe artística. Eu sempre converso com os artistas, proponho essas essas conexões e enfim, acho legal porque a gente singulariza a experiência”.

“No caso específico da Uptown Band, é uma banda super veterana na cena de Pernambuco, pioneira dessa prática do blues no estado e é liderada pelo Giovanni Papaleo, que é um produtor musical, um articulador da cena, um cara que está sempre movimentando muitas iniciativas relacionadas ao jazz e ao blues no estado de Pernambuco, não só em Recife, mas em cidade do interior também. E eu acho que é uma possibilidade legal da gente trazer esse diálogo de Pernambuco e Bahia, Salvador e Recife, dentro do nordeste, unidos ali pelo blues e mostrando duas forças, digamos assim, dois estados que são tão culturalmente ricos”, contou Eric antes de falar sobre as participações de Agatha Macêdo e Armandinho.

Agatha Macedo (Foto: Bel Santos) e Armandinho (Foto: Divulgação)

“Agatha é um jovem destaque da guitarra baiana, trazendo ali a participação especial do cara que é o símbolo maior da guitarra baiana, que é Armandinho, uma pessoa que está sempre apoiando as novas gerações, que se dispõe a perpetuar um pouco do trabalho que ele começou com Dodô e Osmar. Então eu acho que tudo se encontra nessa perspectiva dos artistas trazendo convidados, participações e o procurando ser um espelho disso também”, disse o curador. “É um show que vai trazer muito da improvisação, muito da música instrumental ali presente, então, as pessoas vão ver um um um encontro com certeza muito bacana e muito rico nesse aspecto da música experimental e da improvisação”.

Outros encontros acontecerão também na noite de sábado (15), como o do percussionista e baterista moçambicano, Otis Selimane, que se apresentará com a renomada cantora Ana Paula Albuquerque. “Moçambique é um país lusófono, fala também a nossa língua portuguesa e é um país cuja a música de Maputo, cidade capital da qual o Otis vem, tem muita essa vinculação com a música percussiva. Essa herança que vem do Moçambique também desemboca de algum modo na nossa herança percussiva que a gente tem na música baiana”, elucidou o músico.

Otis Selimane (Foto: Wanzza Oliveira) e Ana Paula Albuquerque (Foto: Engels Miranda/Divulgação)

“É um músico que, apesar de ser nascido no outro continente, já tem uma conexão aqui com o Brasil. Ele se graduou pela Unicamp, Universidade de Campinas. É um cara que se mantém tocando em festivais brasileiros, já tocou no Sesc Jazz, há pouco tempo. E é um trabalho de música instrumental, que tem jazz, que tem música moçambicana presente, tem a lusofonia, a língua portuguesa presente, então, eu achei muito orgânico que Otis, aproveitando essa presença dele no Brasil, viesse aqui fazer um show de jazz conosco, a gente estreitar essa conexão nossa.”

“Muitas vezes a gente fala de África de uma maneira muito única, subjetiva demais, como se fosse uma coisa só, indistinto. E a África é esse continente tão rico, com tantas cores, com tantas etnias, com tantas músicas, tantos jeitos de se expressar. Por que não trazer um cara moçambicano e a música dele aqui?”, questionou o curador. “E claro, trazendo como convidada a Ana Paula Albuquerque, que é uma cantora daqui de Salvador, é também uma mulher que tem um destaque grande na cena instrumental. Essa coisa do ‘convida’, que eu falo, acaba servindo para a gente propor esses diálogos. Eu estou muito feliz, estou muito curioso, muito empolgado com essa apresentação do Otis, é uma coisa que a gente já quer realizar há algum tempo e que estamos felizmente podendo viabilizar isso aqui no hoje”, disse, revelando a alegria.

Quem encerrará a última noite do segundo Oxe, é Jazz a cantora Lia Chaves, nome tradicional do blues de Salvador desde da década de 1990, que terá como convidado o multi-instrumentista e diretor musical Júlio Caldas.

Lia Chaves (Foto: Wilson Langeani) e Júlio Caldas (Foto: Reprodução/Instagram)

“Lia acaba de lançar nas plataformas um álbum novo, que é o ‘Lie Obá – A Mulher Blues’, um trabalho de blues com canções em português, canções autorais e que discutem exatamente essa questão da ancestralidade, da força feminina, a partir da perspectiva da Lia, como mulher negra falando do lugar dela própria. Então é um trabalho que tem isso dentro do blues, uma mulher daqui de Salvador. Ela já esteve como convidada, como participação especial em outras edições, mas eu falei: ‘A gente vai ter que fazer o show desse álbum lá’. E o convidado dela é exatamente um cara que é um um nome muito ativo na cena do blues aqui em Salvador, que é o Júlio Caldas, multi-instrumentista também, um cara super talentoso, com uma carreira longa. E Júlio é diretor musical desse novo álbum e desse trabalho”, comentou Assmar.

“Está tudo muito conectado, ele tem um um discurso dele como artista, então a gente juntou as duas coisas, é o show Lia Chaves, convidando Júlio Calda e é a oportunidade das pessoas conferirem um pouco dessa produção contemporânea do blues soteropolitano, o blues feito aqui, falado na nossa língua. As pessoas vão ter a oportunidade de ver um show muito singular, muito único do discurso dela”, conclui o curador do festival.

A segunda edição do Oxe, é Jazz em 2025 reafirma Salvador como um epicentro de inovação e excelência musical, promovendo encontros que atravessam fronteiras e engrandecem a diversidade sonora. O evento tem shows nos dias 14 e 15 de março, esta sexta-feira e neste sábado, no Parque Costa Azul!

SERVIÇO:

OXE É JAZZ

Local: Parque Costa Azul- Salvador-BA

Data: 14 e 15 de março de 2025

Evento gratuito e aberto ao público.

PROGRAMAÇÃO

14 de março (sexta-feira):

18h30 – Agatha Macêdo convida Armandinho

20h30 – Eric Assmar recebe Uptown Band- Recife/PE.

15 de março (sábado):

18h30 – Otis Selimane convida Ana Paula Albuquerque

20h30 – Lia Chaves recebe Júlio Caldas

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