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Portal UMBU

“Ter mulheres dando voz através da arte não deve ser o futuro e sim o agora da indústria”, fala a manager e publicitária Talita Morais, fundadora da TMusic

Em entrevista ao Portal Umbu, empresária soteropolitana falou sobre carreira e valorização de mulheres no mercado

Foto: Roque Boa Morte

Talita Morais é o nome de uma das mulheres mais proeminentes no ramo de agenciamento de carreiras e da publicidade. Aos 31 anos, a fundadora do TMusic, revela à reportagem do Portal Umbu como sua jornada de 10 anos no mercado foi construída até se ver consolidada no mundo artístico.

Nascida em Cosme de Farias, periferia de Salvador, hoje Talita se divide entre a capital baiana e São Paulo, em razão da agenda de trabalho. Formada em Marketing e Publicidade, ela se descreve como alguém “apaixonada por conectar pessoas através da arte e da verdade”.

“Como pessoa e profissional, encontro minha realização nos melhores momentos em que consigo promover relações verdadeiras, valorizar a arte em seu devido lugar e utilizar a publicidade como uma aliada dos artistas, entregando autenticidade tanto para o público quanto para a comunidade. Essa é a mensagem que transmito aos meus parceiros de trabalho e àqueles que cruzam meu caminho”, declara.

No ramo publicitário e de agenciamento de carreiras há uma década, Talita é Manager da cantora Marina Sena e lidera o TMusic. Ela conta que construiu um nome consolidada para si mesma e que, além disso, é responsável não apenas pela gestão de carreiras, “mas também pelo branding, produção audiovisual, projetos especiais e pelo hub cultural que conecta marcas e artistas nacionais”.

“Meu propósito é inspirar e ser inspirada, criar conexões autênticas que valorizem a arte e a verdade em cada projeto”, conta. “Sou uma mulher determinada a deixar minha marca no mundo, não apenas como uma profissional de sucesso, mas como alguém que contribui para um ambiente mais inclusivo, diversificado e criativo em nossa sociedade”.

Perguntada sobre como foi o processo de solidificação da carreira, Talita conta ao Portal Umbu que costuma dizer: “minha jornada foi construída com os ‘nãos’ que eu tinha. Os ‘sins’, foram conquistados com muito trabalho, dedicação e aproveitamento de todas as oportunidades que eu consegui abraçar”.

“Uma vez, um dos chefes que tive quando cheguei em São Paulo me disse que eu era uma profissional que de fato vestia a camisa. Esse foi um dos impulsos pra me fazer pensar em vestir a camisa para mim, criando a TMusic e conquistando meu espaço e estabilidade no mercado com dedicação em tudo que faço e muita honestidade”, relata a empresária.

Talita Morais é uma mulher negra que carrega consigo o orgulho de sua cor e de sua origem. Quando o Portal Umbu perguntou se ela já havia lidado com algum tipo de preconceito ao longo de sua carreira, ela respondeu: “Todo tipo. Uma vez, participei de um projeto gigante para uma marca onde eu liderava mais de 20 homens héteros brancos e eu tinha medo até de dormir nas viagens de trabalho. Era chamada de ‘baiana’ e não pelo meu nome por eles o tempo inteiro. Assédios constantes. Muitos anos levando essa fase que vivi para a terapia”, contou.

Foto: Roque Boa Morte

Perguntada sobre a importância de ter mulheres negras à frente da indústria musical, a fundadora da TMusic devolveu com outra pergunta_: “Quantas mulheres negras de sucesso existem na indústria musical? A resposta é chocante”_. E é mesmo: o livro “Diversidade na Indústria da Música no Brasil: um olhar sobre a diversidade étnica e de gênero nas empresas da música”, do jornalista Leo Feijó, apresenta dados de uma pesquisa feita em 2021 que revelam que, em 62,5% das empresas analisadas, menos de 5% dos cargos executivos são ocupados por pessoas negras.

Ainda segundo o levantamento, cerca de 47% das organizações da música brasileira tem somente até 15% de negros em relação ao total de empregados. Já no que diz respeito aos cargos no quadro total de funcionários, apenas 26,5% são negros. Sobre dados interseccionais de raça e gênero, Leo Feijó disse, em entrevista ao PopLine, que “pesquisas como a desenvolvida pela DATA SIM e pelo Ecad apontam que as mulheres ainda não têm posição de destaque em cargos executivos e outros levantamentos indicam que 75% das recomendações de algoritmos no streaming são para intérpretes homens”, evidenciando um abismo para que mulheres pretas consigam mobilidade socioeconômica.

Trabalhando com nomes como Marina Sena, Rachel Reis e carregando em seu portfólio a realização de grandes projetos como o ‘’Música Conecta’’, que uniu Gal Costa à cantora do sucesso “Por Supuesto”, o Portal Umbu quis saber quais são as expectativas de Talita para o futuro da indústria musical brasileira.

“Eu espero que o futuro seja com mais Talitas na liderança das empresas, com mais mulheres tendo suas igualdades, de fato, realizadas”, iniciou a publicitária. “A música é um dos movimentos culturais mais importantes da sociedade e ter mulheres dando voz através da arte não deve ser o futuro e sim o agora da indústria”.

Encerrando a entrevista, perguntamos quais conselhos Talita Morais daria para jovens empreendedoras que desejem seguir os passos dela no mercado. Ela respondeu dizendo: “meu pai me ensinou uma coisa quando eu entrei na faculdade sem muita certeza do caminho que eu trilharia e acho que serve para todo jovem que está começando: o não você já tem, vá atrás do sim. Seja honesta e dedicada.”

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