Espaço recebeu nomes internacionais para falar sobre tradições, resistência e culturas
Titulado de “espaço principal” do evento, a Tenda Paraguaçu foi o local mais visitado da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). Criado na edição de 2022 e localizado na beira do Rio Paraguaçu, o espaço tem a proposta de abrigar e promover os melhores debates e receber o maior numero de público da Flica.
Ao todo, foram realizadas mais de dez mesas que reuniram cerca de 40 nomes do Brasil e do mundo e permitiram a Bahia se conectar por diferentes caminhos ao mundo da escrita, da leitura e da oralidade. Com o tema “Poéticas Afroindígenas no Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia”, o espaço promoveu encontros singulares como da academia e oralidade ou negros indígenas, em quase todas as mesas. A curadoria do espaço foi realizada pelas professoras Mírian Reis e Luciana Brito. “O desafio de montar esta programação diversa e inclusiva, também foi norteado pelo cuidado de dar voz e espaço às mais distintas formas de referência no campo”, comenta Luciana Brito.
No primeiro dia, nomes como Berenice Borges dos Santos, mais conhecida como “Mãe Biu” (São Francisco do Conde), Elisa Larkin Nascimento (Rio de Janeiro), Felipe Tuxá (Salvador), Luciany Aparecida (Salvador), Auritha Tabajara (São Paulo) e Oyeronke Oyewumi (Nigéria) estiveram nos debates que falaram de escritos, liberdade, poética, resistência e decolonização. Para a cordelista Auritha Tabajara, foi gratificante participar de um evento, deste porte e com uma abertura ampla a literatura indígena. “Estar aqui de novo, me permitiu olhar e aproveita a Flica de uma outra forma, como também, acompanhar mais de perto nomes da escrita indígena”, comenta Auritha, que esteve na abertura da Flica 2022.
Nesta mesma linha, a sexta-feira (27) a Tenda abrigou perspectivas dualistas em diferentes campos a partir das falas de Cacique Payayá (Utinga / Ba), da professora Leda Maria Martins (Minas Gerais) e do Quilombola, Antônio Bispo dos Santos (Piauí), também chamado de Bispo Santos, que destacou a importância do reconhecimento dos saberes empíricos e ancestrais, serem referenciados desta forma. Ele destacou a necessidade de os pesquisadores respeitarem e creditarem aos povos tradicionais os achados e os conhecimentos de várias “descobertas” ou “técnicas” no trato com a natureza.
Além deles, outras pessoas compuseram mesas que falaram de memória, políticas e tempo como Ayô Tupinamba Tenório da Sillva (São Paulo), Adriele Santos do Carmo (Salvador), Niotxarú Pataxó (Salvador), Valnizia Pereira, “Mãe Val” (Salvador), Sairi Pataxó (Aldeia Xandó / Porto Seguro / Ba), Mãe Thiffany Odara Lima da Silva (Lauro de Freitas), Eliana Alves Cruz (Rio de Janeiro) e a cubana Teresa Cárdenas. “Falar sobre memória, em espaços aonde o cuidado com a mesma está sendo pautado, é essencial para reconstrução de novas narrativas e padrões. E é partir deste dialogo, que é possível reconstruir símbolos e padrões”, destaca a escritora cubana.
O último dia de mesa e debates (28), foi marcado pela pauta sobre diversidade, ancestralidade e temporalidade. Eliane Marques (Rio Grande do Sul), Paulliny Tort (Brasília), Yaguarê Yamã (Amazonas), Jupirá Pataxó (Porto Seguro/Ba), Rutte Andrade (Cabo Verde), Elizandra Souza (São Paulo), Tiganá Santana (Salvador), Ximena Santaolalla (México) e Carlos Wynter Melo (Panamá) são alguns dos nomes que deram tom ao momento. “Eu fico emocionada pensando a importância de estar perto de referencias como a Mestre Japira que nos toca ao falar sobre a importância de cuidar da natureza, dos próximos, mas também de repassar esses saberes para garantir que não se perca”, explica Elizandra Souza, que também falou sobre saberes ancestrais, mas inspirada na matriz africana.
SOBRE A FLICA:
A FLICA conta com o apoio institucional da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, que, este ano, será representada pela diretora de Cultura e Lazer Iara Cruz, conjuntamente com o jornalista Fábio Costa Pinto, representante da entidade no estado da Bahia.
A Flica 2023 é realizada pela Fundação Hansen Bahia (FHB) em parceria com a CALI – Cachoeira Literária, conta com a parceria da TV ALBA, da Prefeitura de Cachoeira, tem como livraria oficial a LDM, a CNA é a Internet oficial da FLICA e patrocínio ACELEN, Teiú, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, Caixa e Governo Federal.