
O episódio trágico ocorrido numa agência da Caixa Econômica Federal, em Dias D’Ávila, no último final de semana, é de deixar qualquer cliente bancário no estado da Bahia aterrorizado.
Uma discussão banal sobre o péssimo atendimento nas agências bancárias da Bahia, algo recorrente, terminou com o assassinato de um cliente, o caminhoneiro Sidnei de Souza Azevedo, de 43 anos, portanto, um trabalhador, morto com um tiro na barriga de forma covarde e cruel.
O autor do disparo foi o segurança bancário Jeanderson de Souza Santana, da empresa Interforte Vigilância, sob os olhares perplexos de dezenas de clientes que se encontravam na agência.
É bem verdade que o cliente estava exaltado, mas também é verdade que havia vários seguranças acompanhando o caso. E mais grave ainda, que revela a covardia do ato, é que tanto os seguranças (que eram 3) quanto o gerente da agência da Caixa, sabiam que o cliente estava desarmado, visto que o sistema de controle é extremamente rigoroso na entrada da agência.
A pergunta que não quer calar: sendo os seguranças profissionais, porque não foi utilizado outro método de dissuasão do cliente? Imobilizá-lo, por exemplo, já que havia três seguranças próximos.
Qual a razão da primeira intervenção se dar já com a arma na mão, visto que, segundo qualquer especialista na área de segurança, essa deve ser a última opção a ser utilizada? Afinal, não era nenhum assalto.
O que vimos, estarrecidos, pelas redes sociais, foi o segurança da Interforte, agindo como se fosse um matador de aluguel e não um segurança bancário.
“Meu irmão estava desarmado e foi uma atitude covarde e cruel. Havia três seguranças e eles supostamente são treinados para imobilizar a pessoa. Ao invés disso, um dos seguranças, de forma truculenta e covarde, puxou a arma e atirou contra o meu irmão”, afirmou o irmão da vítima, Anderson Azevedo.
Na verdade, o que prevaleceu, foi a cultura da violência que está impregnada em nossa sociedade, particularmente nos setores de segurança. Cultura esta que faz da vida de um cidadão, um nada.
Errou, morreu!
Não é possível que uma pessoa tenha que pagar com a própria vida, por ter um surto psicótico ou um deslize qualquer, numa agência bancária.
Isto é um absurdo.
Conforme denunciou o próprio sindicato da categoria (Sindvigilantes), a responsabilidade dessa morte é também da Interforte e da Caixa Econômica Federal.
Segundo o Sindicato, a empresa Interforte, possui um histórico de descumprimento de regras trabalhistas, pagando baixos salários, realizando “pressão, ameaças e punições descabidas e ilegais”, ausência de treinamento adequado e até mesmo o uso de trabalhadores em tratamento psiquiátrico.
Tudo isso, sob a conivência da Caixa Econômica, que após a tragédia, limitou-se a publicar uma nota protocolar de condolências. É muita volta para nenhuma resposta.
Enfim, que esse episódio sirva, ao menos, para que a Caixa Econômica e as autoridades de segurança do Estado adotem as medidas necessárias, com a punição rigorosa dos responsáveis por essa tragédia, para que ela não se repita.
Toca a zabumba que a terra é nossa!
OPINIÃO
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