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Salvador, a beleza que não põe mesa

Foto: iStock

Há um ditado popular muito conhecido do povão que diz: “beleza não põe mesa”. Pelo visto, este ditado está mais do que valendo para a cidade do Salvador. É uma realidade!

Todo mundo sabe, canta e conta em prosa e verso que Salvador é linda geograficamente, que sua cultura é rica, plural e pujante e que seu povo é alegre e criativo. Por aqui temos o maior e melhor carnaval do mundo, as melhores praias do mundo e a melhor culinária do mundo.

Afinal, a Cidade de Salvador é o mundo!

Mas a realidade do cotidiano da nossa cidade, em particular dos seus moradores e, mais particularmente ainda, da sua população preta e pobre, é dura, violenta e cruel. 

Pobreza, desnutrição e desemprego, fazem com que Salvador venha ocupando nos últimos anos, os piores índices de qualidade de vida no Brasil. 

Já em 2024, o Mapa das Desigualdades entre as capitais no Brasil, apontava nesse sentido. No trabalho divulgado pelo Instituto das Cidades Sustentáveis (ICS), Salvador possui 11% da sua população, (aproximadamente 250 mil pessoas), vivendo abaixo da linha da pobreza.

Do mesmo modo, Salvador é a pior capital no índice de desnutrição do país, tendo 4% de suas crianças com menos de 5 anos em situação de desnutrição, enquanto Teresina (PI), tem o indicador, de apenas 0,44%.

Os dados extraídos do último censo do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), assim como de outros institutos de pesquisa estão reafirmando essa condição, sem dó, nem piedade. 

Segundo o Instituto de Progresso Social (IPS Brasil), Salvador está incluída entre as cinco capitais com os piores índices de qualidade de vida no Brasil. Jogando por terra de uma vez por todas a propaganda enganosa da Prefeitura Municipal que alardeia nas redes sociais um paraíso inexistente. 

Um dos itens que mais chamam a atenção é o grau de favelização da cidade do Salvador. Pelos dados divulgados do último censo do IBGE, a nossa capital possui 34,9 por cento da sua, ou seja, mais de 800 mil pessoas morando em condições absolutamente precárias.

São nessas áreas onde o abandono do ensino fundamental e a reprovação no ensino médio assumem altos índices. Onde os assassinatos de jovens (juventude negra) crescem e a cobertura vacinal (em particular a poliomielite) é deficiente. 

É também nessas áreas onde estão localizados os focos de calor, bem como o transporte público, o saneamento básico e o atendimento de saúde são precários. 

A desigualdade urbana grita, enquanto a Prefeitura Municipal tenta a todo custo vender para os especuladores imobiliários, o pouco que resta de suas áreas verdes. 

Não fosse o trabalho firme e corajoso do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, bem como as decisões judiciais contrárias a esse projeto, a qualidade de vida de nossa cidade estaria definitivamente comprometida. 

Enfim, as pesquisas e os dados estatísticos indicam que os gestores da cidade do Salvador precisam, urgentemente, de um choque de realidade, para que assim cumpram com as promessas que foram largamente divulgadas no período eleitoral e tratem o povo da cidade de Salvador com a dignidade que eles merecem. 

Não basta prometer. É preciso fazer. 

Toca a zabumba que a terra é nossa!

OPINIÃO

O texto que você terminou de ler apresenta ideias e opiniões da pessoa autora da coluna, que as expressa a partir de sua visão de mundo e da interpretação de fatos e dados. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Umbu.

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Tita Lopes
Tita Lopes
3 meses atrás

Essa é a mais pura verdade Zulu e divulgar é de suma importância na busca imediata de soluções.
Vamos denunciar sempre e contribuir para que os políticos trabalhem verdadeiramente a favor da população verdadeiramente.

Ana Cau
Ana Cau
3 meses atrás

Salvador está infestada de inimigos do verde e de gente que só quer lucrar em cima da pobreza !!
Parabéns pela discussão esclarecedora !
Vamos em frente !

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