É muito comum numa roda de conversa com os amigos ou colegas da mesma área de trabalho ou até mesmo em reunião de amigos de infância, surgir a conversa que não sei quem tem sucesso ou que sei lá quem mais teve sucesso na vida, na carreira ou nos negócios. E é impressionante como cada um dos participantes desta animada conversa tem uma receita e está pronto para ensinar com detalhes, os passos necessários, como alcançar a esse tal sucesso. Inclusive eu, que estou me ousando a escrever para vocês, afinal eu também sou gente e estou inserido neste mesmo contexto.
Antes de seguir como a minha receita de como alcançar ou tão sonhado sucesso, vale explanar alguns pontos para que todos nós fiquemos na mesma situação e tenhamos a mesma ideia do que é esse tal sucesso que falamos tanto. Conforme descrito no dicionário Oxford, “Sucesso é um substantivo masculino que representa o bom resultado, êxito e triunfo”. Já em uma rápida pesquisa na internet, o Wikipédia descreve o sucesso como “O estado ou condição de atender a uma definida faixa de expectativas. Pode ser visto como o oposto de fracasso. Os critérios para o sucesso dependem do contexto e podem ser relativos a um determinado observador ou sistema de crenças”.
Ao longo deste texto vou focar na minha percepção do sucesso na ótica da gestão financeira, pois entendo que, quando estamos equilibrados financeiramente, seja na vida pessoal ou nos negócios, tudo flui melhor e as possibilidade de sucesso nas mais diversas áreas passam a ser possíveis e alcançáveis. Vai dizer que quando estamos sem dívidas e com uma boa reserva financeira não dormimos melhor ou conseguimos focar com maior atenção e qualidade em nossos projetos?
Na minha opinião, boa parte do problema que aflige a maioria da população e impede que tenhamos o tal sucesso, se deve à ausência de educação financeira que muitos tem deste a infância. A maioria das escolas ensinam matemática em forma de fórmulas e tabelas, mas não explicam como elas devem ser aplicadas em nosso cotidiano, em nossas vidas financeiras e nem tão pouco, na administração dos nossos recursos na vida adulta.
Não fala que juros é a remuneração pela antecipação do dinheiro e que pode ser apresentado como desconto (5%, 10%, etc.), quando pagamos à vista ou em forma de acréscimo nas parcelas quando financiamos alguma coisa por meses. Ou que esses juros são a remuneração dos bancos, quando usamos o cheque especial ou não pagamos em dia a fatura total do cartão de crédito.
O nosso modelo de educação básica também não compartilha a importância de poupar parte da remuneração para construir um lastro financeiro para adquirir determinado bem ou serviço. Também não ensina como, o quanto antes iniciarmos essa poupança, menor será o esforço para acumular capital e, melhor ainda, é ser remunerado em forma de juros, “emprestando” seu rico dinheirinho para os bancos.
E é por esse motivo que assistimos nos noticiários que o Brasil bateu o recorde de famílias endividadas ou que o Serasa está fazendo outro feirão para limpar o nome das pessoas endividadas. Coincidentemente, esses anúncios são nas vésperas de outra data festiva. Por que será? Quem nunca se deparou com uma oportunidade imperdível de já sair dirigindo seu carro novo dando apenas 20% de entrada e o saldo dividido em apenas 60 suáveis parcelas de R$ 2.499,00 que cabem em seu bolso? Bela oportunidade essa, não é? (contém ironia) Uma bela oportunidade, mas não sabemos ainda para quem (kkkk). Vamos entender melhor essa oportunidade:
Custo do carro à vista: R$ 100.000,00
Valor de entrada (20%): R$ 20.000,00
Valor das parcelas: R$ 2.499,00
Tempo de financiamento: 60 meses
Valor total desta operação: Valor de entrada + Valor da parcela x Nº de meses = Total pago
Temos então: R$20.000,00 + R$149.940,00 (R$ 2.499,00 x 60) = R$169.940,00
Ou seja, nesta brincadeirinha pegamos emprestados R$80.000,00 ao banco (lembra que demos R$ 20.000,00 de entrada?) e pagamos R$ 149.490,00 em 60 parcelas de R$2.499,00. Isso significa que pagamos de juros pelo empréstimo a bagatela de R$69.940,00 para sair dirigindo o carro. Realmente um excelente negócio…
Depois que financiei o meu primeiro carro e comecei a fazer as contas do “belo” negócio que fiz. Resolvi racionalizar as coisas e fui em busca de uma forma de orientar meus próximos investimentos e que me desse clareza do que estava preste a fazer. Claro que recorri à matemática e ao Excel, afinal eu sou da área de exatas. Acabei adaptando e fazendo uma nova leitura de uma equação simples que no meu caso vem me ajudado muito e pode ser aplicável para as mais diversas realizações dadas a simplicidade da expressão.
R = D x T
onde,
- R = Resultado. O seu objetivo, o seu êxito. Seja ele material, emocional ou profissional
- D = Disposição. Tem a ver com o quanto você está disposto a investir para conseguir chegar até lá. Seja dinheiro, horas de trabalho, relacionamentos, influência etc.
- T = Tempo. Em quanto tempo você espera chegar até seu objeto? Quanto tempo você pode esperar até obter o resultado?
Exemplo 01 – João quer comprar um celular novo, de última geração e que custa 5 mil reais. Ao final do mês e tem disponível apenas R$500,00 por mes. Neste exemplo, aplicando a fórmulas R = D x T temos:
R$ 5.000,00 = R$ 500,00 x 10
Realização desejada – Ter R$ 5.000,00 para compra o celular;
Disposição – João afirma ter como e querer guardar R$ 500,00 por mês para essa finalidade;
Tempo – Neste exercício João precisaria aguardar 10 mês (se não considerarmos o desconto do pagamento à vista ou o rendimento desta poupança para realizar o desejo de comprar o celular…
E usando essa fórmula e interpretando os seus resultados que consigo planejar a minha velhice, a segurança de moradia, de estudo e alimentas dos meus filhos, que administro as oportunidades e ações nos mais diversos aspectos da vida, seja na escolha da escola das crianças, seja no presente que vou dar a minha esposa, seja na tranquilidade de uma noite de sono, seja em uma viagem, em um curso, em qualquer coisa.
Mas aqui também vale uma alerta. A fórmula é apenas mais uma ferramenta para nos ajudar a tomar as decisões e nem tudo na vida pode ser racionalizado ou interpretado literalmente. Mas, ainda sim, é uma boa ajuda para abrir nossos olhos e evitar surpresas, ao exemplo do que eu já tive, depois que assinei o contrato e sai feliz e contente dirigindo o meu carro novo.
Num país como o Brasil, onde a riqueza está nas mãos de poucos e que enriquecem cada dia mais,manter-se sem divida já é sucesso financeiro. Grande parte da população está endividada, não por gastar mais do que recebe, e sim por não ganhar o suficiente para suprir as suas as necessidades básicas. Mas é preciso desde cedo aprender a lidar com o dinheiro para que haja condições de fato do sucesso financeiro acontecer.