Maioria entre os atletas nos Jogos de Los Angeles, mulheres mostram seu avanço nos esportes de alto rendimento e consolidam igualdade de gênero

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, as mulheres serão maioria entre os atletas participantes. O anúncio feito pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no dia 9 de abril confirma que a edição de Los Angeles 2028 terá 5.655 mulheres (50,5%) entre os 11.198 atletas, superando levemente o número de homens, que será de 5.543 (49,5%). O feito representa um marco histórico para o movimento olímpico e um avanço concreto na busca pela igualdade de gênero no esporte de alto rendimento.
Além da maioria numérica, os Jogos de 2028 trarão avanços significativos na programação esportiva. Pela primeira vez, haverá paridade total em esportes coletivos, como o polo aquático, com 12 equipes femininas e 12 masculinas. O futebol feminino terá 16 seleções, quatro a mais que o masculino, que contará com 12. Outro destaque está nas 25 provas mistas, que incluem modalidades como atletismo, remo, ginástica e tênis de mesa — ampliando a visibilidade de duplas e equipes formadas por homens e mulheres.
Outro marco importante foi a eleição da zimbabuana Kirsty Coventry como a primeira mulher a presidir o Comitê Olímpico Internacional. Ex-nadadora e atleta olímpica com sete medalhas, Kirsty participou de cinco edições dos Jogos e se tornou a atleta africana mais condecorada da história, reforçando o protagonismo feminino também nos bastidores do esporte mundial.
A trajetória das mulheres nos Jogos Olímpicos é marcada por exclusão e resistência. Na Grécia Antiga, elas eram proibidas de competir e até de assistir aos jogos. A presença feminina só começou na Era Moderna, mas de forma extremamente limitada. Nos Jogos de Paris 1900, apenas 22 mulheres participaram, representando cerca de 2% dos atletas.
Com o passar das décadas, conquistas importantes mudaram esse cenário:
1928 (Amsterdã): estreia das mulheres no atletismo.
1976 (Montreal): Nadia Comaneci conquista o primeiro 10 da ginástica artística.
2012 (Londres): todas as delegações levaram ao menos uma mulher.
2020 (Tóquio): 48,8% de participação feminina, recorde até então.
A expectativa era que Paris 2024 atingisse a igualdade plena, mas a meta não se concretizou. Agora, Los Angeles 2028 vem para consolidar esse processo, com mais representatividade em esportes individuais e coletivos e maior diversidade nas competições.
Apesar dos avanços, a equidade no esporte ainda enfrenta desigualdade salarial, falta de visibilidade na mídia, assédio e pouco incentivo na base. Meninas ainda encontram obstáculos para iniciarem e permanecerem em carreiras esportivas, seja pela ausência de estrutura, seja pela reprodução de estereótipos de gênero.
A presença majoritária feminina em Los Angeles 2028 não é apenas um número simbólico — é um chamado à continuidade das políticas públicas inclusivas, ao investimento em formação, à valorização profissional e à mudança cultural que permita mais oportunidades, respeito e reconhecimento.
Com informações do IBahia.