Abri o Google, pesquisei “piso salarial dos jornalistas” e a resposta foi: “a faixa salarial do Jornalista fica entre R$ 2.886,00 salário mediana da pesquisa e o teto salarial de R$ 8.469,65, sendo que R$ 3.638,45 é a média do piso salarial 2023 de acordos coletivos levando em conta profissionais em regime CLT de todo o Brasil”.
Para a mesma busca, fazendo o recorte “Bahia”, a resposta foi “o valor do piso salarial 2023 de Jornalista em Salvador, BA é de R$ 3.643,66 para uma jornada de trabalho de 35 horas por semana”. O estudante do Ensino Médio que toma como base essa pesquisa superficial para decidir pelo curso superior de Jornalismo vai ter uma triste surpresa quando receber sua primeira proposta de trabalho no mercado baiano.
A começar pelo “piso”, que nunca existiu para a categoria. Se os professores conquistaram o piso de R$ 4.420,55 em 2023 e a enfermagem agora tem lei estabelecendo piso de R$ 4.750, nada garante um salário base minimamente decente para os jornalistas.
Mas é pior do que isso. Pior que não ter um piso estabelecido por lei é ter salários cada vez mais baixos para uma categoria que tem, em teoria, sustenta um pilar fundamental da democracia. Em Salvador, sites e blogs que lideram a audiência pagam aos repórteres em início de carreira cerca de R$ 1.000 por mês. A efetivação de estagiários, ainda cursando Jornalismo, para fugir do olhar atento do Ministério do Trabalho é uma prática comum.
O estagiário é contratado e, ao concluir o curso, recebe um reajuste irrisório e acaba aceitando permanecer com medo de encontrar coisa pior. Não pense que é muito diferente em rádios e emissoras de TV, onde a contratação por CNPJ é recorrente. Precarização que fala, né?
Essa é a triste realidade de quem tem que se equilibrar, todos os dias, entre dois ou três empregos para conseguir sobreviver com dignidade e rejeitar – diariamente – todo tipo de proposta indecente que bate à porta, vinda de grupos empresariais, políticos e até gestores públicos.
A missão não é fácil. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) até tenta e tem atuado cada vez mais para assegurar dignidade à categoria, mas o piso que o sindicato estabelece, de R$ 4.331,20 por uma jornada diária de 5 horas, é um sonho não realizado no mercado baiano. Para quem tem uma jornada de 7 horas, diz o Sinjorba, o piso é de R$ 6.929,92, “mediante acordo com anuência do sindicato”. Quem souber onde estão pagando esse salário, por favor, avisa aí. Na Bahia, o piso salarial do jornalismo está a sete palmos do chão