
O lançamento do documentário “Caminhada Tupinambá”, no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC), na última sexta-feira (25), tornou-se mais que uma celebração cultural: foi um ato de resistência.
A narrativa resgata a memória do massacre de 1559 — considerado um dos maiores das Américas — e aponta para a atual luta por reconhecimento territorial, ao mesmo tempo que destaca a chegada do Manto Tupinambá, símbolo espiritual e político de reconexão com os ancestrais. No centro dessa trajetória está a figura de Maria Valdelice Amaral, a Cacique Jamopoty, primeira mulher cacique do nordeste brasileiro, liderança de 13 aldeias e articuladora central do movimento.
Gravado na Aldeia Itapuã, no sul da Bahia e também no Rio de Janeiro com a chegada do Manto Tupinambá ao Brasil, o documentário propõe uma imersão no território, nas vozes e nos rituais do povo Tupinambá, ampliando a compreensão sobre o Brasil indígena e sua diversidade. Além de sua exibição em festivais e plataformas digitais, a obra será apresentada em sessões comunitárias e oficinas de formação em audiovisual com jovens indígenas, fortalecendo os laços entre memória e futuro.
Mesmo sob prisão domiciliar imposta por conflitos territoriais, a Cacique Valdelice Veron – grande articuladora da Caminhada Tupinambá – esteve presente, ainda que de forma virtual, para ser homenageada. Um gesto simbólico que reafirma que nem muros, nem injustiças, podem silenciar quem luta por seu povo.

A Camisa Manifesto, criada durante o evento, materializou em palavras a indignação e o afeto do público presente. Uma rede pulsante de apoio se formou, conectando arte e política como armas de transformação.
O momento também foi usado estrategicamente para anunciar a Conferência Global de Artivismo, mostrando que a resistência cresce, se articula e ocupa novos espaços. Lideranças, representantes de secretarias estaduais e entidades sociais abraçaram a causa, ampliando ainda mais o alcance dessa mobilização histórica. A caminhada continua. A arte é a nossa arma.
O evento integra o Projeto “Abril do Artesanato Indígena”, promovido pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – SETRE, com o valioso apoio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais – SEPROMI.