
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) sediará, a partir desta quarta-feira (27), o Seminário Nas Teias e Territórios de Anansi: Saberes e Vivências dos Povos Quilombolas e de Terreiros no Campo da Saúde. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site oficial do evento: seminarioanansi.org.
O seminário é resultado de uma ampla articulação entre instituições públicas de ensino, movimentos sociais e organizações da sociedade civil, com o objetivo de ampliar o diálogo sobre os desafios enfrentados por comunidades quilombolas e de religiões afrobrasileiras no campo da saúde.
Ao Portal Umbu, Joilda Nery, professora e vice-diretora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), contou que o evento foi pensado e organizado por membros de diferentes instituições e coletivos de todo o Brasil. “É um evento nacional de médio porte e nós já conseguimos 500 inscrições”, contou, explicando que o evento foi contemplado em edital do Ministério da Igualdade Racial em parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), voltado para apoiar eventos que debatam a pauta racial.
“Trabalhamos o tema do seminário para ‘Saúde dos Povos Quilombolas e Saúde dos Povos de Terreiro’, que já são comunidades tradicionais afro-brasileiras que a gente tem trabalhado no âmbito da pesquisa, do ensino e dá as atividades junto à sociedade”, concluiu Joilda.
Patricia Cardim, membra da comissão organizadora do Seminário, explicou que a necessidade de diálogo entre a academia e a ancestralidade foi identificada “a partir das evidências de desigualdade racial em saúde, da ausência de políticas específicas e da negligência histórica dos saberes ancestrais nos espaços acadêmicos”.
“O evento surge como resposta a esse cenário, promovendo o diálogo entre universidade, comunidades tradicionais e movimentos sociais. Essa união fortalece o desenvolvimento científico ao incorporar epistemologias negras e tradicionais, ampliando o campo do conhecimento para além do saber hegemônico. Valoriza-se, assim, uma ciência mais plural, crítica, inclusiva e socialmente comprometida”, pontuou.
O Seminário reunirá representantes quilombolas, lideranças de religiões afro-brasileiras, organizações não governamentais, estudantes, professores, pesquisadores, gestores e profissionais da saúde para discutir as pautas da luta antirracista e a construção coletiva de estratégias para a promoção da saúde.

A respeito dos ganhos ao focar nas comunidades quilombolas e de terreiro, Cardim aponta que “a saúde coletiva ganha ao reconhecer a diversidade de práticas de cuidado e os impactos dos determinantes sociais da saúde que afetam essas populações”.
“Esse enfoque permite maior visibilidade às vulnerabilidades específicas, promove a equidade no acesso aos serviços e fortalece práticas comunitárias que integram corpo, território, espiritualidade e ancestralidade. Além disso, contribui para a efetivação de políticas públicas como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, a Política Nacional para Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros e de Matriz Africana, e a Política Nacional de Saúde Integral da População Quilombola, garantindo que suas diretrizes sejam aplicadas de forma contextualizada e participativa.”
Para a comissão organizadora, o seminário é esperado como um marco para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à população negra, sobretudo no campo da saúde. “Ao reunir pesquisadores, gestores, lideranças de movimentos sociais e representantes dos povos quilombolas e de terreiro, o evento se configura como um espaço de diálogo, escuta e articulação de saberes e práticas”.
“A expectativa é que ele contribua para a consolidação das políticas nacionais mencionadas, influencie diretamente na formulação e aprimoramento de ações intersetoriais, e reforce o combate ao racismo estrutural e ambiental. Além disso, busca-se gerar produtos concretos, como documentos orientadores e materiais audiovisuais, que deem visibilidade às práticas de cuidado desses povos e sirvam como referência para formação, pesquisa e políticas públicas em nível nacional”, concluiu Patricia
Quem é Anansi?
Figura ancestral da tradição oral africana, Anansi é o mestre das palavras, da astúcia e da criação. Ao invocar Anansi, o seminário reconhece a força das narrativas ancestrais e das teias que sustentam os saberes dos povos quilombolas e de terreiro no campo da saúde.
Programação
A programação integra arte, cultura e ciência, com a realização de:
- Tenda de cuidado;
- Apresentações artístico-culturais;
- Rodas de conversa e sessões temáticas para apresentação de trabalhos
A programação completa está disponível na página oficial do evento: seminarioanansi.org
Serviço:
O quê: Seminário Nas Teias e Territórios de Anansi: Saberes e Vivências dos Povos
Quilombolas e de Terreiros no Campo da Saúde
Quando: 27 a 29 de agosto de 2025
Onde: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador (BA)
Página oficial: https://seminarioanansi.org.