Buscar liberdade dentro de uma sociedade que aprisiona é um tarefa constante. Para os profissionais de comunicação é duas vezes mais complexo, afinal, precisam comunicar para diversos gêneros e públicos com responsabilidade, e sobretudo, ética. No período das fakenews e da pós verdade é um desafio comunicar neste século de desinformação.
A jornalista baiana, Jamile Menezes, afirma que são diversos os desafios de fazer jornalismo atualmente. ” Em uma era de império das fakenews, do uso sensorial das redes sociais, sem reflexão, minimizando a leitura, artificializando a compreensão, fazer jornalismo hoje é sim um desafio por si só. Estamos em um dump de informação, temos fazedores de notícias em cada smartphone, assim como, temos consumidores frenéticos, ansiosos e disseminadores da informação titular.” reflete a jornalista e editora chefe do portal Soteropreta.
Jamile ainda complementa que “É difícil pensar num conteúdo mais aprofundado, em especial para o web jornalismo, como aprendemos na academia. O público que consome, reflete, aprofunda, desenvolve e internaliza a notícia está cada vez mais limitado. “Para Jamile, “ao mesmo tempo que se tem um leque diverso de ferramentas para a produção de notícias hoje em dia, os que prezam pela qualidade e relevância social de seus conteúdos se deparam com a falta de recursos para seguir nesse caminho, o que limita o jornalismo, desafia o jornalista e tenciona essa linha que o liga à boa e útil notícia.”
Na Bahia, não é só as fakenews que preocupa o profissionais de comunicação, mas o controle das grandes massas distribuídas nas mãos de determinadas famílias, diz Jamile: “Estamos saindo de uma fase obscurantista, castradora, que tentou a mordaça dos profissionais de comunicação, que desnutriu as fontes de informação, fechou portas pra abrir cercadinhos. Estamos em uma era diferente, de respiro e de resiliência. Mas ainda temos um parlamento extremamente conservador, elitista e anti-democrática. Que teima em pautar seus impropérios Brasil a dentro. Temos a liberdade respeitada por aqui, ao mesmo tempo em que temos uma mídia controlada por poucas famílias, que dominam as narrativas. Então, vale a reflexão: de que liberdade é essa da qual desfrutamos?”
Pensando nesse poder, a estudante de jornalismo Bruna Rocha afirma que na Bahia não dá para ser inteiramente liberto, afinal há um enquadramento que precisa ser pautado: “Aqui na Bahia, uma das maiores emissoras telejornalísticas foi iniciada pelo político Antônio Carlos Magalhães que obviamente controlava o ângulo que a notícia vinculada ao nome dele seria exposta”.
Para a estudante, esse movimento ocorre até hoje “isso porque os grandes detentores do capital financeiro estão conectados com os grandes empresários. Pensando nisso, produzir um conteúdo com total liberdade é muito delicado porque a quem será destinado às ofensas ou louvores precisa está em consonância com a empresa. Para concluir, destaco que iniciativas de jornalismo independente colaboram para produzir conteúdos mais democráticos e livres, mas ainda assim muitos são perseguidos, e em alguns casos, mortos”, conclui Bruna.