Comunidade internacional repudiou ação israelense

O Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou que os integrantes da flotilha Global Sumud, interceptada enquanto levava ajuda humanitária a Gaza, estão “seguros e em boas condições de saúde” e devem ser deportados para a Europa a partir de Israel. Cerca de 40 barcos foram interceptados, ação que provocou protestos e repúdio na comunidade internacional nesta quinta-feira (2)
Segundo nota oficial, os passageiros estão sendo transferidos para o porto de Ashdod, onde iniciarão os procedimentos de deportação. Cerca de 500 ativistas de 50 países foram presos.
Imagens transmitidas pelas embarcações mostram soldados israelenses abordando os navios enquanto os ativistas usavam coletes salva-vidas e mantinham as mãos erguidas.
Entre os passageiros estão o ex-Membro da Assembleia Nacional da África do Sul e neto de Nelson Mandela, Mandla Mandela, a ativista sueca Greta Thunberg, que aparece sentada no convés em vídeo divulgado pela chancelaria israelense e o brasileiro Thiago Ávila, integrante do Comitê Diretor da Global Sumud Flotilha, no barco Alma. Em junho deste anos, os dois últimos e mais 10 ativistas já tinha sido sequestrados por Israel em outra tentativa de levar ajuda humanitária para Gaza.
Conforme informações da CNN, entre os ativistas que estavam na flotilha nesta quarta-feira (1º) estão os brasileiros:
- Luizianne Lins, deputada federal pelo PT, no barco Grand Blue
- Bruno Gilga, trabalhador da USP e correspondente do Esquerda Diário, no barco Sirius
- Lisiane Proença, viajante, comunicadora popular e atuante em causas socioambientais, no barco Sirius
- Magno Costa, integrante da Executiva nacional da CSP Conlutas e diretor do sindicado dos trabalhadores da USP, no barco Sirius
- Mariana Conti, vereadora do Psol em Campinas, no barco Sirius
- Nicolas Calabrese, professor de educação física e coordenador da Rede Emancipa, no barco Sirius
- Gabriele Tolotti, presidente do Psol-RS, no barco The Spectre
- Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino e coordenador da Frente Palestina São Paulo, no barco The Spectre
- Ariadne Telles, advogada popular, no barco Adara
- Mansur Peixoto, criador e administrador do projeto História Islâmica, no barco Adara
- Lucas Gusmão, ativista e internacionalista, no barco Yulara
- João Aguiar, ativista do movimento global para Gaza e Núcleo Palestina do PT-SP, no veleiro Mikeno
- Miguel de Castro, ativista e cineasta, no barco Catalina
- Hassan Massoud, jornalista correspondente da Al Jazeera
Um comunicado da Global Sumud Flotilha afirma que 12 dos 15 integrantes, incluindo Thiago Ávila e Luizianne Lins, foram interceptados por Israel.
O governo israelense afirmou que um último navio da flotilha permanece à distância e que sua entrada em zona de combate seria impedida.
A ação militar provocou críticas internacionais. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, classificou a interceptação como grave violação do direito internacional e exigiu a liberação dos cidadãos sul-africanos a bordo.
O repúdio às ações de Israel também foi apoiado pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim; Suhad Bishara, diretor da Adalah, uma organização de direitos humanos e centro jurídico em Israel; pelo Ministério das Relações Exteriores da Turquia chamou a ação israelense de “ato de terror” que colocou em risco a vida de civis inocentes.
Na quarta-feira (1º), Gustavo Petro, presidente da Colômbia, determinou a expulsão de toda a delegação diplomática de Israel após a detenção de dois colombianos na flotilha. O colombiano também encerrou o acordo de livre comércio do país com Israel.
A flotilha, que reúne ativistas de dezenas de países com o objetivo de romper o bloqueio naval israelense à Faixa de Gaza, enfrenta agora um desenlace diplomático e humanitário enquanto aguarda os desdobramentos jurídicos e consulares do caso.