A Universidade Católica do Salvador (UCSal) anuncia que seu Conselho Universitário, juntamente com o Grão-Chanceler, aprovou a concessão do título de Doutor Honoris Causa a João Jorge Santos Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares e ex-presidente do Olodum.

A cerimônia de outorga acontece no próximo dia 26 de agosto, a partir das 11h, no Auditório Central da Universidade, campus Pituaçu. Egresso do curso de Direito da UCSal, João Jorge receberá a maior honraria concedida pela Universidade, em reconhecimento por seu trabalho de enfrentamento ao racismo, há anos evidenciado em sua trajetória, publicações e, especialmente, por estar à frente de um dos maiores alicerces do movimento negro brasileiro, o grupo afro-carnavalesco e cultural Olodum.
Ele, que é Mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), criou, em 1981, o Grupo Negro da Universidade Católica do Salvador, “abrindo caminhos importantes para a pauta da negritude no ambiente acadêmico”, destaca o Reitor da UCSal, prof. Deivid Lorenzo. E completa: “Nossa comunidade universitária celebra esse momento singular, com o qual reafirmamos o compromisso com a formação humana e cidadã por meio da união entre arte, educação e cultura.”
A cerimônia será transmitida ao vivo pelo canal da Universidade no YouTube @ucsal_oficial. SERVIÇO O QUE: Cerimônia de concessão do título de Doutor Honoris Causa a João Jorge Santos Rodrigues QUANDO: 26 de agosto de 2024, às 11h ONDE: Universidade Católica do Salvador, Auditório Central, Bloco A, campus Pituaçu, localizado na Av. Professor Pinto de Aguiar, 2589, Pituaçu, Salvador-BA Biografia de João Jorge João Jorge Santos Rodrigues, filho de João Rodrigues e Alice dos Santos Silva, nasceu em Salvador na Rua do Bispo, no Centro Histórico, no dia 23/06/1956, é pai de quatro filhos e avô de três netos.
Em 1979, ingressou no Curso de Direito na Universidade Católica do Salvador para realizar um sonho: ser bacharel em Direito, fato que só se concretizou após mais de três décadas, em 2001, dada a necessidade de interromper seu curso e postergar seu sonho por diversas vezes, experiência tão comum à população negra do país. Ao longo de sua trajetória, como advogado, escritor, palestrante e produtor cultural, João Jorge vem oferecendo contribuição relevante quanto ao enfrentamento da desigualdade racial.
Ainda estudante do bacharelado em Direito, ele fundou o Grupo Negro da UCSal. Com atuação incisiva em blocos afro, integrou por quatro anos o Ilê Ayê, mas foi no Olodum que João Jorge se consagrou como um singular agente de promoção da cultura e da igualdade racial, ao longo de quarenta anos de sua existência. João Jorge fundou o Bloco Olodum em 25 de abril de 1979, estando à sua frente, na presidência, até o ano de 2023, quando assumiu a presidência da Fundação Palmares.
O Olodum se consolidou como um grupo social e cultural em Salvador, sendo referência para outras organizações ao redor do mundo. A contribuição do Olodum no cenário nacional e internacional perpassa a música, o teatro, a literatura e a dança, colaborando na difusão de campanhas nacionais e internacionais de defesa e promoção do povo negro brasileiro e de combate ao racismo.
Conduzindo o Olodum, foi responsável por um projeto social que já tirou da pobreza mais de quarenta mil pessoas, através de projetos no âmbito da arte, cultura, dança e literatura. Em 1983, sob a liderança de João Jorge, o Olodum deu origem ao Grupo Cultural Olodum, Organização Não Governamental (ONG) do movimento negro brasileiro, com estatuto registrado e reconhecido pelo governo da Bahia como sede de utilidade pública municipal e estadual.
Ainda em 1983, o Grupo Cultural Olodum deu vida ao projeto Rufar dos Tambores, cujo objetivo era desenvolver iniciativas que promovessem cultura e educação para as crianças e adolescentes da comunidade do Pelourinho. O resultado dessa iniciativa foi a primeira Banda Mirim do Olodum, fundada em 1987. João Jorge também buscou inspiração no Teatro Experimental Negro, fundado por Abdias do Nascimento, apresentando à sociedade brasileira o Bando de Teatro Olodum.
O Bando de Teatro Olodum tem colaborado para a promoção da igualdade racial, como também tem favorecido o despontar de artistas de espectro nacional, como Erico Braz e Lázaro Ramos. Enquanto ocupava a presidência do Olodum, João Jorge exerceu, concomitantemente, outras funções de grande relevância social. Foi dirigente da Fundação Gregório de Matos, órgão da gestão cultural de Salvador entre 1986 e 1998, e membro do Conselho Curador da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) até 2016.
Foi membro consultor da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra, criada em 2016 pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com a intenção de realizar o resgate histórico do período escravocrata brasileiro e discutir formas de reparação aos negros. No universo acadêmico, João Jorge também contribuiu com a causa em favor da igualdade racial.
Cursando o Mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB), foi autor da dissertação “As políticas de ação afirmativas no Brasil para afrodescendentes“ (2005). Nesta esteira, é também autor do livro Fala Negão: Um discurso sobre Igualdade (2021). João Jorge Santos Rodrigues recebeu inúmeras condecorações, dentre elas: Prêmio do Superior Tribunal do Trabalho, Comenda Cultural, concedida pelo Ministério da Cultura do Brasil, Comenda Rio Branco, pelo Ministério das relações Exteriores do Brasil, Comenda do Estado da Bahia, pelo Governo do Estado da Bahia, Medalha Tomé de Souza, pela Prefeitura Municipal de Salvador e é Cidadão da Cidade de Atlanta, capital do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos da América. Atualmente, é presidente da Fundação Cultural Palmares, a qual, dentre outros objetivos, se propõe a facilitar o acesso a políticas públicas para a população negra e é responsável pela certificação de quilombos no território nacional