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Portal UMBU

“É uma responsabilidade muito grande”, conta Cyda Moreno, protagonista de “Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus”, que estreia nesta sexta-feira (22), em Salvador

Atriz falou sobre a chegada da produção à capital baiana e expectativas para a recepção do público

Cyda Moreno em “Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus” | Foto: Alvaro R

Protagonizando a peça “Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus”, que estreia nesta sexta-feira (22), em Salvador, a atriz Cyda Moreno, em entrevista ao Portal Umbu fala sobre a importância de contar as histórias das nossas heroínas reais que, assim como a escritora de “Quarto de Despejo”, inspiram mulheres negras e fortalecem a juventude negra.

Com uma vasta bagagem em atuação, Cyda, que também é diretora de teatro, iniciou a carreira em 1983. Mestre em ensino de artes cênicas e doutoranda em Teatro Negro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), ela leva a história de Carolina Maria de Jesus por diversas cidades como Fortaleza, Niterói, Carmo de Minas e Belo Horizonte há 6 anos.

No espetáculo assinado pelo dramaturgo Elissandro de Aquino, o público mergulha na vida da renomada escritora negra Carolina Maria de Jesus, ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do Brasil no século XX. Baseada no livro “Quarto de Despejo”, traduzido em 13 idiomas para 80 países, a peça evidencia as inquietudes sociais e as experiências emocionais de quem vive na escassez. Além de apontar a trajetória ímpar da escritora, que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos.

Perguntada sobre a importância de contar a história de uma mulher negra que fortaleceu a cultura nacional, Cyda diz que “a importância está em trazer para a cena teatral nossas ancestrais e heroínas negras”.

“Representatividade importa, fortalece nossos sonhos, nossa autoestima, nossa identidade. Depois de muitos anos de luta, conseguimos abrir espaço para a cena negra. E o nosso público quer se ver representado. O legado e a importância de Carolina são imensuráveis e o Brasil precisa conhecer nossas heroínas que venceram todas as complexidades e conseguiram ser vitoriosas em seus projetos. Carolina é inspiração para nossas mulheres negras, para a juventude negra.” 

Em 2023, Cyda Moreno viveu personagens fortes que trouxeram ao público uma série de sentimentos. Na telenovela “Amor Perfeito”, uma das novelas com maior elenco racialmente diverso na faixa das 18h, da Rede Globo, ela deu vida à professora Celeste, que educava o protagonista Marcelino (Levy Asaf) a respeito da ancestralidade e da cultura preta. Já em “Nina’s”, ela foi a cantora e ativista estadunidense Nina Simone, papel que foi compartilhado no palco com outras atrizes que encarnavam a artista em diversas etapas da vida. 

Perguntada sobre pontos em comum na composição das personagens teatrais, ela conta que “as duas personagens [Carolina e Nina] têm em comum o grito contra o racismo e a exclusão através de suas obras. As duas  fizeram uso da arte para denunciar as mazelas do racismo porque os negros das diásporas se identificam nas mesmas lutas. Carolina tem muita de Nina, e vice-versa. As duas foram audaciosas, corajosas e enfrentaram inúmeras dificuldades para vencer as barreiras da pobreza e das estruturas coloniais em detrimento ao povo branco”.

Sabendo que o público de Salvador abraça narrativas fortes com protagonismo preto, como “Cabaré da Rrrrraça”, do Bando de Teatro Olodum, e a montagem nacional do musical “A Cor Púrpura”, o Portal Umbu perguntou quais eram as expectativas da artista para a recepção do público a “Eu amarelo”.

Minhas expectativas são as maiores”, revelou Cyda. “Primeiramente, devo falar da emoção em trazer Carolina a esta terra sagrada. É uma responsabilidade muito grande porque estarei me apresentando para os meus. Acredito e anseio que a comunidade negra se fará presente e tenho certeza que a emoção estará à flor da pele”.

“Porque cada uma de nós, mulheres negras, e toda a nossa comunidade, tem uma Carolina dentro de si, nas suas famílias, em suas matriarcas. Como povo negro, sabemos exatamente do que Carolina está falando: fome, racismo e escassez, que infelizmente continuam fazendo parte do nosso universo. Então, acho que será lindo reencontrar o povo negro de Salvador através de Carolina Maria de Jesus”, contou.
A produção tem ingressos por R$30 (inteira) e R$15 (meia para clientes CAIXA e nos casos previstos por lei), vendidos pela plataforma Sympla. A oficina de teatro “O Olhar do Griot e o Ofício do Ator”, que pretende investigar o papel que o ato de contar histórias pode ter no reconhecimento da identidade do ator e/ou da atriz, também será oferecida entre os dias 23 e 24 deste mês, com inscrições pelo site da Caixa Cultural.

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