São 41 obras nacionais e internacionais que irão homenagear Santo Antônio, expostas no ME Ateliê da Fotografia; visitação será aberta ao público em 3 de junho
A exposição que celebra a devoção a Santo Antônio e a arte brasileira está prestes a marcar um novo capítulo emocionante em sua história com uma programação especial em sua 9ª edição. Este ano, o projeto ANTÔNIOS, do artista Mário Edson se expande para além das fronteiras brasileiras, com mostras em duas localidades distintas: Salvador, no Brasil, e Porto, em Portugal.
Na cidade europeia, a visitação aberta ao público está marcada para acontecer entre os dias 26 de maio e 13 de junho, na Galeria Atelier Geraldes da Silva, na Rua Santo Ildefonso. Enquanto isso, na capital baiana, a abertura ocorrerá no dia 31 deste mês, com a exposição disponível para visitação de 1º de junho até 15 de julho, no ME Ateliê da Fotografia, situado no bairro do Santo Antônio Além do Carmo.
O projeto, que se tornou tradição no bairro e na cidade, foi criado com a missão de honrar e dar voz à devoção local, fator que esteve desde cedo na vida do fotógrafo Mário Edson. Em entrevista ao Portal Umbu, o artista destacou várias lembranças de sua trajetória com o santo e afirmou que os seus caminhos foram traçados pelo casamenteiro. “Há muitas coincidências. Primeiro, Santo Antônio é padroeiro de Alagoinhas, a minha cidade natal. Segundo que meu pai chama-se Edson Antônio, foi batizado com esse nome porque nasceu no mês de junho”, iniciou.
“Eu fui criado em um ambiente muito católico. Minha avó, por conta do nascimento de meu pai, construía ‘andores’ para Santo Antônio anualmente”. Andor, também chamado de charola ou liteira, é o nome dado à estrutura utilizada para transportar, nos ombros, imagens e ícones dos santos durante procissões. Comumente, a peça é vista ornamentada e feita de madeira ou de material que reúna atributos como leveza e resistência. “Ela tinha uma devoção linda por Santo Antônio. Eu a perdi quando eu tinha 10 anos, mas ficaram na minha memória os momentos que a gente dividia, ela colocando flores, incensando e comemorando, todo mês de junho, a festa dele”, continuou.
“Tanto ficou na minha memória, que eu comecei a pesquisar mais sobre a vida do santo e a história de vida dele me marcou muito, fiquei muito tocado. Então hoje sou devoto de Santo Antônio, hoje eu falo sobre o homem Santo Antônio e, ironicamente, fui morar no bairro de Santo Antônio”, comentou. “Muitas coincidências, juntou tudo e nasceu esse projeto bacana que tenho orgulho de dizer que foi uma das mais belas criações que eu já tive”, contou Mário.
Promovendo um intercâmbio cultural entre os dois países, artistas baianos vão marcar presença no evento de Portugal, enquanto que na capital baiana serão os portugueses que estarão expondo as suas obras. Nesta edição, a exposição apresentará uma variedade de ações, focadas na devoção à imagem de Santo Antônio, onde os artistas terão liberdade para expressar sua admiração pela entidade. Apesar da felicidade em poder apresentar as suas obras em outro país, sobretudo na terra natal do santo, Mário Edson mencionou as dificuldades dos artistas baianos em se manter fazendo arte e falou sobre o que o público poderá encontrar nas duas exposições:
“É muito difícil fazer exposição em outro país, principalmente por conta da alfândega. Pegar essas obras todas para fazer um transporte para Portugal, montar uma exposição, não é fácil. Principalmente porque você precisa de uma logística pronta”, explicou. “Montar na sua cidade, na sua zona de conforto, é muito mais fácil porque você já sabe como funciona o acolhimento do público, mas só pelo fato de ter essa essa provocação de levar as minhas obras para Portugal, eu já achei que valeria a pena. Eu falei que iria encarar isso e que queria que desse certo, e deu”.
“Há uma outra questão: é muito complicado fazer a seleção. O processo de curadoria é difícil e eu tinha uma responsabilidade muito grande de trazer o melhor para cá, principalmente porque as imagens são impressas e não vão com a melhor qualidade. Mas mesmo assim, o público pode esperar o melhor. A gente tem miniatura, escultura, que são técnicas mais elaboradas que envolvem obras em 3D. Então a gente optou por suporte nas fases, são muitos detalhes pensados para Portugal.”
Entre os artistas participantes, destacam-se Ana Uzeda, Arthur Fraga, Bernardo Tochilovsky, Daniel Luz, Edna Caldas, Jô Nascimento, Léo Furtado, Lucas Rodrigues, Luzimar Azevedo, Margarita Arize, Mário Edson, Pablo Araújo, Reinaldo Giarola, Filomena Parra, Rita Pinheiro, Teka Portela, Vanderlei Oliveira e Zezé Origamis.
Em Salvador, o projeto ocupará três salas do Ateliê, a Sala Frans Krajcberg, com fotografias, Sala Tati Moreno, com exposição de obras plásticas, e Sala Ariano Suassuna e Jardim Frida Kahlo, apresentando intervenções diversas. Neste ano, uma novidade do projeto é o desafio lançado aos colaboradores, que consiste na criação de um andor para Antônio, onde treze artistas plásticos receberão uma estrutura em madeira para construir e finalizar de acordo com sua perspectiva profissional.
“Em Salvador, a gente já tem um projeto mais ambicioso. Esse ano temos vários artistas que foram provocados e construíram um projeto mais audacioso: vamos fazer um altar móvel do santo, 13 andares. A gente vai sair em uma grande procissão no dia 13. Vamos ter o andor do Santo Antônio, cada artista com o seu andor acompanhando a procissão. Acho que vai ser um momento muito bonito, vai valer a pena.”
Quem foi Santo Antônio?
Santo Antônio foi batizado no nascimento como Fernando. Ele nasceu em uma família rica e nobre de Lisboa, em Portugal. Ainda jovem, foi para a escola em Coimbra e entrou para a ordem de Santo Agostinho, quando foi ordenado sacerdote. Quando as relíquias de frades (nomeação) dada a um católico consagrado franciscanos martirizado em Marrocos visitam Coimbra, Fernando foi levado a pedir ingresso na ordem de São Francisco, recém fundada.
A fama de Santo Antônio já era conhecida em Portugal, devido ao despojamento e santidade dele. Foi quando se tornou frade fransciscano que Fernando assumiu o nome de Antônio, em homenagem ao Santo Antão.
Na Itália, conheceu pessoalmente São Francisco de Assis, que o autorizou a ensinar teologia aos frades franciscanos em Bolonha. Antônio se dedicou à pregação entre o povo, em diversos lugares da Itália e do sul da França.
O santo morreu em 13 de junho de 1231 em Pádua, onde escolheu transcorrer a última fase da existência terrena. Santo Antônio foi canonizado aos 30 de maio de 1232, menos de um ano após a própria morte. A santidade e os milagres operados em vida convenceram a Igreja a fazer tal operação.