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Conheça Mariana Freire: atriz, produtora cultural e educadora

Nascida em Salvador, Mariana iniciou no teatro aos 17 anos, no curso livre de teatro da Escola de Teatro da UFBA, onde concluiu bacharelado em Interpretação Teatral. Prestes a completar 30 anos de carreira, a atriz e empresária conta sobre carreira, suas vivências e projetos. Como atriz, já atuou em mais de 30 espetáculos teatrais para adultos e crianças. No Teatro Vila Velha, onde trabalhou por 10 anos, aprendeu a fazer produção cultural, fez diversos trabalhos e espetáculos, além de produzir as próprias peças como o solo: Casa Número Nada.

Idealizadora e coordenadora do projeto “A Arte de Falar – Por uma Comunicação Criativa”. Mariana transformou o seu processo de perda da voz, por conta de uma fonia emocional em um trabalho incrível que ajuda outras pessoas a desenvolver a oratória de uma forma lúdica e criativa. O projeto existe há 13 anos.

“Fiz uma pós-graduação, além da graduação de Bacharel em Interpretação, fiz uma pós em ludicidade e desenvolvimento criativo de pessoas, um ano e meio. E essa pós ela foi muito importante porque eu já tinha um projeto arte falar, que existe desde 2011.”

Segundo a atriz, a ideia do “a arte de falar”, é desfazer o paradigma da oratória tradicional e entrar num espaço de mais naturalidade com a fala, de se autoconhecer mais e de poder fazer a tarefa de lidar com as próprias emoções através da fala. Saber qual processo que desencadeia no nosso corpo quando vamos expor a nossa fala.

Como surgiu esse projeto, e como que está hoje?

_ Eu tive problemas na voz como atriz, né? No meu curso de formação, teve um momento que eu fiquei afônica, teve momentos que eu ficava rouca. Mas eu tive uma afonia emocional, ela não tinha realmente nenhum dado fisiológico e isso me fez buscar aprender a usar minha voz de maneira mais técnica e entender o que que estava causando essa disfonia, foi essa situação que eu vivi. Nisso, eu já comecei a ter um interesse em ensinar trabalhar com a voz e com atores.

E aí o curso que eu fiz, né? É um curso de extensão, daí eu virei professora do curso livre, professora de expressão vocal. Expressão vocal e dicção, com orientação de uma professora de voz. Eu tive três grandes professoras de voz na universidade.

Quando eu comecei a ter esses problemas sistemáticos com a minha voz, perder a voz, perder a qualidade da voz. E quando eu ‘perdi ela’, causada pela fonia emocional, eu comecei a estudar, me tornei professora de expressão vocal e fiz o concurso público, foi um concurso que eu fiz durante quatro semestres, dois anos e foi na sala de aula do IAC. Justamente no governo Lula quando a gente estava com uma série de pessoas de lugares diferentes, procedências diferentes: eu tinha uma ex-empregada doméstica na sala de aula, eu tinha um policial militar na sala de aula, eu tinha pessoas que estavam vindo também da faculdade, né? Tinha pessoas que estavam inaugurando essa relação com a faculdade.

E eu já tinha um trabalho lá no meu curso de extensão, no curso livre… eu já tinha entendido mesmo para os atores que muitas pessoas tinham problemas de falar em público, muita dificuldade, várias situações de ordem emocional e fisiológicas: tremedeira, taquicardia, sudorese. Até mesmo, aquelas pessoas que estavam ali para serem atores, tinha muitas questões de fazer a fala numa roda, de falar de maneira tranquila. E eu achei muito curioso, porque se relacionava muito com a minha própria história, de medo na fala.

Eu comecei a pensar no que poderia ser feito para apoiar as pessoas a ter um processo de autoconhecimento da voz na comunicação. Na época que surgiu A arte de falar, foi insight de sala de aula. Eu já trabalhava de maneira disciplinar a questão da expressão da voz e da fala, já levava professores de corpo, de campo…levei um professor de fonoaudiologia para a sala de aula. Isso tudo, ganhando como professora substituta. Chamava esses colegas parceiros, e pagava a eles o valor de 1h de trabalho. Os alunos amaram!

Era com o meu próprio salário! E aí, eu já tinha uma autonomia, e percurso de construir um trabalho de autonomia com a fala, a partir da cultura do brincar. Fazer todo mundo brincar, voltar as brincadeiras infantis, que já era uma coisa que eu fazia no curso livre e funcionava. Fazer as pessoas perceberem que estava na infância a questão da fala, da expressividade. E foi nessa sala de aula, com essa turma que tive, especificamente: uma turma bem grande, bem animada… uma das minhas primeiras turmas. Eu tive a ideia de fazer um curso: A Arte de Falar.

Comprei vários livros que falavam de oratória, de fala pública. E aí trouxe, Teatro, canto e fonoaudiologia. Era eu, Ivan Alexandre e Juliana Leite que é cantora do Bailinho de Quinta. Os dois primeiros professores convidados do projeto, quando eu criei esse curso lá no Colégio 2 de Julho, no Garcia, bombou. O colégio cedeu o espaço e foi um grupo maravilhoso de 20 pessoas, fizemos uma amostra na sala de aula mesmo. Eu fique no 2 de Julho por mais ou menos uns dois anos.

Para Mariana, o projeto a arte de falar é uma reeducação da fala pública, dentro de um paradigma e humanização, onde a criatividade pode ser o suporte e, um processo ético com a fala que é: eu preciso repactuar a maneira como eu falo diante do público.

“Quanto mais a gente entra nessas pressões de perfeição de excelência, mais a gente se desconecta com a nossa humanidade, mais a gente se afasta do propósito, do por que a gente fala e o porquê de estar se posicionando com aquela fala” reforça.

Durante a pandemia, com ajuda de outros especialistas e com objetivo de auxiliar pessoas a usar o poder da fala no ambiente online. O projeto ganhou as redes sociais, em especial, o Instagram e teve um retorno bastante positivo. A educadora destaca que boa parte das pessoas que buscam o curso, em sua maioria são mulheres que atuam mais variadas áreas profissionais: psicólogas, terapeutas, além de mulheres que trabalham com gestão de pessoas: palestrantes, coordenadoras, empresárias e autônomas.

Sobre a carreira de atriz, essa mulher que é mãe solo e multitarefas, está sempre aberta ao que universo tem preparado. Recentemente fez comerciais para o governo e empresas privadas, faz locução. Está como educadora em dois projetos da Escola Criativa do Boca de Brasa, no Centro de Salvador e na Cidade Baixa. Além dos projetos pessoais e cursando mestrado, Mariana Freire pretende voltar com o espetáculo ‘Desmontando a Casa’, ainda em 2023. O nome dela é pronta!

“É que eu sou Libriana com ascendente em Leão e lua em Áries. Então eu tenho uma energia do fogo! Eu tenho energia, é uma energia forte mesmo, na minha característica do mapa. Mas eu acho que isso vem da minha história da minha biografia pessoal, e eu acho que esse conhecimento se soma a questão social, que é tá nesse mundo racista, nesse mundo de misógino, patriarcal que aprisiona, né? Me destacar muito, ser muito extrovertida, ser muito forte, desbravadora, isso que ela causava um desconforto nas pessoas ainda causa, mas acho que causa menos porque a gente tem mais mulheres em lugares de poder, né? Vai diminuindo essa sensação de que tem pouca gente fazendo isso.”

Aos 45 anos, mãe de uma menina de 9 anos, Mariana fala da importância de gerar a própria autonomia, e como isso é importante na vida das pessoas e busca direcionar e orientar a filha da melhor maneira. Ela destaca, o quanto demorou para gerar essa autonomia na própria vida e que ainda encontra dificuldade, como empresária, mãe e artista. Estruturar e gerenciar a própria vida, entender o processo de crescimento, olhar para si e elevar o potencial de fazer as próprias escolhas. “A gente não é feito só do saber. É importante não esquecer que a gente é gente, senão a gente se atrapalha. Ter autorrespeito pelo nosso processo. A gente tem o saber e não tem.” Declara!

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Pauline Barreto
Pauline Barreto
4 meses atrás

Fantástico esse trabalho de ajudar outras pessoas com dificuldade de se expressar na fala principalmente em Público.

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