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Coletivo Meio Tempo estreia o projeto Caravana nesta terça-feira (23) no Subúrbio Ferroviário de Salvador

Espetáculo que abriu temporada foi ‘Boquinha… e assim surgiu o mundo’, no espaço Subúrbio 360

Foto: Adriane Rocha.

A caravana cultural do Coletivo Meio Tempo chegou para alegrar as crianças da comunidade do Subúrbio Ferroviário nesta terça-feira (23). As ações coordenadas pelo grupo serão realizadas nos meses de abril, maio e junho, nos espaços Boca de Brasa localizados na periferia de Salvador: Subúrbio 360, em Vista Alegre; em Cajazeiras; e no SESI Casa Branca, na Cidade Baixa.

Hoje foi o dia da grande estreia e para abrir os caminhos, a peça ‘Boquinha… e assim surgiu o mundo’ deixou o público de pequenos com os olhos curiosos e encantados com tamanha magia. A produção promove reflexões e diversão, além de uma viagem pelo lúdico e ancestral. A montagem do primeiro espetáculo solo do ator e diretor Ridson Reis mostra o encontro do pequeno João Vicente, personagem central da trama, com as diversas perspectivas de surgimento do mundo. Numa viagem pelo seu quarto e pelas anotações do seu avô, João se depara com amigos mágicos que o ajudam a fazer o dever de casa e a pensar nas múltiplas possibilidades de respostas para a indagação.

Para Ridson, que além de atuar e dirigir também é um dos idealizadores do Coletivo Meio Tempo, esse momento é único, principalmente por poder proporcionar às crianças a felicidade de poder assistir a uma peça teatral: “Quando eu pensei o projeto junto com Roquildes Junior, a gente pensou em não cobrar o ingresso nessa primeira parte, justamente para fazer essa formação, porque sabemos o quanto é difícil. Você ir ao teatro já não é uma cultura que a gente tem em Salvador e,  se cobra o ingresso, fica mais difícil ainda”.

“Então o desejo de a gente voltar – no sentido de eu sou um ex-morador do subúrbio ferroviário, frequentei esse espaço muito pouco enquanto jovem, artista, estudante -, vir para esses bairros, nesses espaços é justamente para proporcionar espetáculos de qualidade e com temáticas super pertinentes para essa galera que é super antenada e inteligente e só precisa de acesso mesmo.”

“O que falta realmente para comunidades suburbanas e periféricas de Salvador é a acessibilidade. Então, quando eu pensei nesse projeto, justamente nessa primeira etapa de trazer essa comunidade pra dentro do teatro, que é um espaço deles, e quando eu chamei o pessoal pra fazer a formação, a mediação cultural, a formação de plateia, era justamente ir pras escolas, pros grupos culturais, para que eles tivessem acesso aos espetáculos e as oficinas também”, explica. 

Além da possibilidade de voltar para ‘casa’, Ridson diz acreditar na educação e é justamente por isso que se sente lisonjeado em poder fazer as crianças acreditarem na arte e no poder que ela possui: “Eu aprendi a fazer arte sempre trazendo uma reflexão. Arte pela arte se faz, mas é bem melhor fazer arte com uma reflexão, acabei de fazer um espetáculo com 15 números de mágica e que as crianças ficam impactadas com o ilusionismo, com a mágica, mas também tem uma reflexão. Tem um ponto ali que é importante, tem algo que eles vão levar para casa com certeza. Então poder fazer a junção da arte com a educação que eu acredito muito, para mim, é essencial”.

Foto: Adriane Rocha.

Pensando na educação como fator preponderante para o acesso a cultura, a diretora da Escola Subúrbio 360, Cintia Bittencourt, se sente privilegiada por poder possibilitar dar acesso às crianças da comunidade: “É uma oportunidade que podemos dar a esses alunos que não têm acesso por viverem no subúrbio e, geralmente, essa cultura está lá no centro da cidade. Hoje a gente consegue trazer para o subúrbio a cultura e dar a possibilidade desse aluno, desde pequeno, desde o primeiro ano, desde a educação infantil, ter esse acesso”.

“A Fundação Gregório de Matos, através do Boca de Brasa, proporciona isso à comunidade. Nós temos dez escolas parceiras aqui do território, a qual a gente consegue trazer ao teatro. Então é de suma importância esse acesso à cultura, desde pequeno. O espetáculo apresentado hoje foi bem interativo, onde os alunos puderam interagir, onde eles deram muita risada, onde eles comentaram”, analisou.

“Através do conhecimento da teoria do mundo, várias teorias foram apresentadas. Aproximar também essas crianças dessas teorias, tanto religiosas, quanto científicas e quanto lendas que se contaram. Então é uma peça muito importante para o conhecimento desse público infantojuvenil”, afirma a diretora. 

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DA CARAVANA DO MEIO TEMPO:

No espaço Subúrbio 360, em Vista Alegre, além das oficinas de vídeo e de teatro de 22 de abril a 07 de maio, das 18h às 21h, também há apresentações de ‘O Contentor – O Contêiner’; ‘Boquinha… e assim surgiu o mundo’ e ‘Esqueça’ realizadas às terças-feiras dos dias 23 e 30 de abril e 7 de maio, respectivamente, às 10h e 15h.

No Boca de Brasa de Cajazeiras as datas das oficinas de vídeo e de teatro seguem nos dias 06 a 21 de maio, das 13h30 às 16h30. As apresentações ‘O Contentor – O Contêiner’; ‘Boquinha… e assim surgiu o mundo’ e ‘Esqueça’ estão agendadas para às quintas-feiras dos dias 9, 16 e 23 de maio, na mesma sequência, às 9h e 14h.

Já o Sesi Casa Branca do Caminho de Areia recebe as oficinas de vídeo e teatro nas quartas e quintas dos dias 5 a 20 de junho, das 18h às 21h. As apresentações ‘O Contentor – O Contêiner’; ‘Boquinha… e assim surgiu o mundo’ e ‘Esqueça’ têm previsão de exibição nas manhãs e tardes das quintas-feiras dos dias 6, 13 e 20 de junho.

As inscrições para participar das oficinas abertas através do Instagram do coletivo: https://www.instagram.com/coletivomeiotempo/

SOBRE O COLETIVO MEIO TEMPO:

O Coletivo Meio Tempo surgiu em 2016 a partir do reencontro artístico de Ridson Reis e Roquildes Junior, multiartistas soteropolitanos, oriundos do subúrbio ferroviário. Eles haviam trabalhado juntos em 2006 na montagem do ‘Sonho de uma noite de verão’, do Bando de Teatro Olodum, e 10 anos depois eles se reencontram para a montagem do espetáculo ‘O Contentor – O Contêiner’, baseado na obra do angolano José Mena Abrantes. A peça rendeu a Ridson Reis a indicação do Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação. Desde então, o coletivo montou três espetáculos, realizou projetos, eventos, participou de mostras e festivais.

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