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Coletivo Meio Tempo estreia em Cajazeiras com o espetáculo ‘Esqueça’ 

Temporada em Cajazeiras segue até o final de maio, com os espetáculos “O Contentor – O Contêiner” e “Boquinha… e assim surgiu o mundo” no espaço Boca de Brasa, localizado no Mercado Municipal

Foto: Adriana Rocha.

Após uma bem-sucedida estreia em abril, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o projeto Caravana do Meio Tempo continua sua jornada cultural em outras comunidades periféricas, apresentando espetáculos e oferecendo oficinas de teatro e audiovisual. Este mês de maio marca a chegada das atividades coordenadas pelo Coletivo Meio Tempo ao bairro de Cajazeiras, realizadas no espaço Boca de Brasa.

O espetáculo “Esqueça”, direcionado para adolescentes, foi apresentado nesta quinta-feira (9) e proporcionou muito mais do que entretenimento; foi uma imersão profunda na história do Brasil sob a perspectiva dos povos originários. A plateia se voltou para o palco de maneira leve e espontânea, pois o espetáculo primou por aproximar o espectador da cena, tratando de temas relevantes de forma envolvente.

Na produção, o evento do “descobrimento” do Brasil e o colonialismo foram abordados de forma crítica. Os atores desempenharam múltiplos papéis, refletindo e recontando a chegada dos portugueses ao solo brasileiro sob uma ótica diferente. Para Maria Vitória, de 12 anos, foi uma experiência única: “No início, pensei que os atores ainda não estavam no palco, mas logo percebi que a peça já estava em andamento. Achei muito importante trazerem um tema tão relevante da história do Brasil para cá. Ri muito e também aprendi”.

Foto: Adriane Rocha.

O Coletivo Boca de Brasa está localizado no Mercado Municipal de Cajazeiras, um local de fácil acesso para os moradores da comunidade, possibilitando que além de estudantes, outras pessoas possam prestigiar. Gilda Gramosa, aposentada de 69 anos, foi uma dessas espectadoras e adorou a temática do espetáculo, planejando levar seus netos nas próximas vezes:

“Faço parte das Sambadeiras de Cajazeiras e ensaio aqui nesse espaço. Quando soube que teria essa peça, vim assistir e me arrependi de não ter trazido meus netos. Amei o que a peça trouxe para mim, especialmente para os jovens e também para as pessoas mais velhas, como eu. Entendi as falcatruas dos poderes que chegam às terras que não lhes pertencem. Infelizmente, roubaram as terras dos índios e continuam nos roubando muitas coisas até hoje”.

Lavínia Santos, de 21 anos, é estudante do Bairro de Vista Alegre, no Subúrbio Ferroviário, e também esteve presente com o Coletivo Tempo Cultural. A jovem enfatizou como a dinâmica da peça atraiu o público de forma única:

“A forma descontraída de tratar um assunto sério foi o que mais me chamou a atenção. O público hoje era composto por adolescentes, uma turma de escola, pessoal uniformizado. Se fosse tratado de forma mais séria, acredito que não teria sido tão cativante para eles. A dinâmica envolveu a plateia, convidando-os ao palco, brincando e participando da cena. Isso facilitou muito a compreensão do que eles queriam transmitir. Tenho certeza de que a maioria entendeu, aqueles que prestaram atenção entenderam seriamente por causa dessa dinâmica”.

O Coletivo Boca de Brasa continuará presente em Cajazeiras até o final de maio, com os espetáculos “O Contentor – O Contêiner” e “Boquinha… e assim surgiu o mundo” no espaço Boca de Brasa, localizado no Mercado Municipal.

PROGRAMAÇÃO:

No Boca de Brasa, as oficinas temáticas Teatralizando e Criando com Celular tiveram início no dia 06 de maio e seguem até dia 21, das 13h30 às 16h30, e são voltadas para jovens e adolescentes que residem na localidade.

A Oficina de Teatro Teatralizando será ministrada pelo diretor, arte educador e gestor cultural Guilherme Hunder. Na oficina, através de exercícios de jogos e exercícios de improvisação, os participantes terão como ponto de partida as diversas mitologias, lendas e diferentes interpretações sobre como o mundo e a humanidade foram criados e vão tecer conexões com suas vivências, saberes e aprendizados.

Já a oficina Criando com Celular será ministrada pelo realizador audiovisual, documentarista e arte educador, Rogério Vilaronga, que vai orientar jovens e adolescentes a produzirem conteúdo audiovisual com os recursos multimídia dos aparelhos celulares.

Foto: Adriane Rocha.

As apresentações dos espetáculos O Contentor – O Contêiner; Boquinha… e assim surgiu o mundo e  Esqueça estão agendadas para às quintas-feiras dos dias 9, 16 e 23 de maio, na mesma sequência, às 9h e 14h. Com temáticas sociais e contemporâneas, os espetáculos vão entreter os variados públicos e propor importantes reflexões.

Com texto do ator e escritor Lázaro Ramos, o espetáculo Boquinha… e assim surgiu o mundo promove reflexões e diversão, além de uma viagem pelo lúdico e ancestral. A montagem do primeiro espetáculo solo do ator e diretor Ridson Reis mostra o encontro do pequeno João Vicente, personagem central da trama, com as diversas perspectivas de surgimento do mundo.

No espetáculo O Contentor (O Conteiner), três homens africanos, de diferentes países, decidem imigrar ilegalmente para a Europa. Durante a viagem, feita no porão de um navio, compartilham suas histórias de vida e elaboram planos para um futuro próximo, mas, na chegada, são descobertos e aprisionados dentro de um contêiner (ou “contetor”, no português de Angola). Foi escrito pelo dramaturgo angolano José Mena Abrantes, com montagem de Ridson Reis.

Já em Esqueça, o evento do Descobrimento do Brasil e o colonialismo serão abordados de maneira crítica e lúdica. Os atores se dividem em diversos personagens, refletindo e recontando a chegada dos portugueses em solo brasileiro sob outro ponto de vista. 

VEM AÍ!

As ações da Caravana do Meio Tempo seguirão até junho nos espaços Boca de Brasa localizados na periferia de Salvador Com atividades já realizadas no Subúrbio 360º, em Vista Alegre, o próximo espaço a contar com as atividades da Caravana será no bairro de Cajazeiras. Durante toda a temporada, as atividades do projeto Caravana do Meio Tempo serão totalmente gratuitas e contarão com tradução em libras. Mais informações sobre o projeto estão disponíveis no Instagram @coletivomeiotempo ou através do e-mail coletivomeiotempo@gmail.com.

SOBRE O COLETIVO MEIO TEMPO:

O Coletivo Meio Tempo surgiu em 2016 a partir do reencontro artístico de Ridson Reis e Roquildes Junior, multiartistas soteropolitanos, oriundos do subúrbio ferroviário. Eles haviam trabalhado juntos em 2006 na montagem do Sonho de uma noite de verão, do Bando de Teatro Olodum, e 10 anos depois eles se reencontram para a montagem do espetáculo O Contentor – O Contêiner, baseado na obra do angolano José Mena Abrantes. A peça rendeu a Ridson Reis a indicação do Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação. Desde então, o coletivo montou três espetáculos, realizou projetos, eventos, participou de mostras e festivais.

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