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Portal UMBU

Co-vereadora de Salvador Laina Crisóstomo denuncia perseguição em shopping da capital e aponta discriminação racial na ação

Edil da mandata coletiva “Pretas por Salvador” conversou com a reportagem do portal Umbu sobre o ocorrido

O que era para ser uma compra rápida e tranquila em um shopping, se tornou uma dor de cabeça para a co-vereadora, Laina Crisóstomo. A edil, que representa a mandata coletiva na Câmara Municipal de Salvador “Pretas por Salvador”, denunciou em sua conta no Instagram, no último sábado (16), ter sofrido perseguição no Shopping Barra.

No vídeo publicado em seu perfil no Instagram, Laina aparece andando pelo shopping com sua filha. Na postagem, a política diz:

“RACISMO NOSSO DE CADA DIA! As vezes eu pergunto por que ainda vou no @‌shoppingbarra não tem uma vez que eu não sai triste, com a auto estima no chão, me sentindo a pior pessoa do mundo! Ontem implorei para ser atendida em vários lugares, sai procurando vendedores para me atender…”, diz trecho do relato da co-vereadora.

A reportagem do Portal Umbu entrou em contato com a co-vereadora para saber mais detalhes da ocorrência. De acordo com Laina, no dia do ocorrido, ela foi até o Shopping em busca de um tênis para a filha. Crisóstomo disse que entrou em diversas lojas e sentiu um “olhar de desprezo” e alguns “momentos de perseguição” por parte de funcionários desses estabelecimentos. Laina preferiu não informar o nomes das lojas.

Segundo a representante da mandata “Pretas por Salvador”, não é a primeira vez que passa por momentos constrangedores no local. “Desde o período de estágio, quando era estagiária de direito e tinha um Juizado dentro da estrutura do Shopping Barra, eu ia muito neste Juizado, resolver coisas do estágio e todas as vezes que eu tentava, sei lá comer alguma coisa, utilizar o banheiro sempre existia um processo de perseguição dos seguranças. Seja do andar atrás, seja do olhar, seja do enfim ficar fiscalizando para onde eu tava indo”, relata.

Laina disse ainda que já presenciou outras situações de intimidação com outras pessoas. De acordo com a co-vereadora, há alguns anos, quando entrou no shopping para realizar uma compra, percebeu alguns gritos e viu uma adolescente com a “roupa rasgada” e cercada por seguranças. Advogada de formação, Crisóstomo então se aproximou e se apresentou como representante da jovem.

“Tentei conversar um pouco com ele para pedir a ele que se afastasse para conversar com ela. Ela estava muito irritada e muito angustiada. Porque ela estava sendo brutalmente atacada. E aí ela relata que o segurança de uma loja de departamento pegou ela e a jogou no chão. Derrubou ela e rasgou a roupa dela para abrir a sua bolsa. Enfim, essa menina foi conduzida para a delegacia. Eu fui com ela e o que mais chamou atenção foi toda a movimentação. Tanto dos seguranças do shopping, como da própria polícia que chega, é de uma forma bem truculenta”, denuncia.

Após publicar o vídeo no Instagram, Laina afirma que tem recebido diversos relatos semelhantes com o dela. “Acho que a política do shopping é uma política excludente e violenta e é muito perverso perceber que turistas brancos chegam no shopping de biquíni, enfim, de roupas de banho e não tem nenhum tipo de pré-julgamento, nenhum tipo de discriminação, nenhum tipo de olhar. Mas quando esses corpos são pretos, eles podem entrar de terno que eles vão ser maltratados e violentados”, analisa.

“Hoje, em Salvador, existe o Estatuto da Igualdade Racial e a gente espera que práticas como essas sejam, não só coibidas, mas que a gente dialogue a partir de uma lógica que não seja apenas da punição, mas também de um processo de fazer com que o shopping entenda a importância de promover educação. Porque se a gente não promove um processo de educação e promove apenas a punição, o racismo, que é uma grande praga que a gente vivencia há muito tempo, uma grande chaga que a gente vivencia há muito tempo, ele não vai ser erradicado na verdade, ele vai ser punido e a gente quer que puna mesmo, mas a gente precisa pensar numa atuação casada. É preciso pensar punição para racista, para espaços racistas, mas é também preciso fazer com que, dessa punição, surjam métodos e formas da gente pensar em como esse espaço. Pode garantir a inclusão de pessoas pretas a partir de uma outra lógica, não adianta dar prêmio, para mulheres negras inspiradoras, se no final das contas as mulheres negras entram naquele espaço e se sentem extremamente violentadas, se sentem intrusas naquele lugar e não conseguem verdadeiramente, enfim ocupar aquele espaço”, comenta.

Atualização: Em resposta ao pedido de posicionamento feito pela reportagem do portal Umbu, o Shopping Barra enviou uma nota dizendo o seguinte:

O Shopping Barra repudia toda forma de preconceito e discriminação, e tem implementado ações afirmativas, no sentido de esclarecer, conscientizar e combater o preconceito. O empreendimento tem implantado o seu Comitê de Diversidade, que já realizou ações como palestras de conscientização para lojistas e funcionários, além de promover a formação de uma equipe de colaboradores mais plural.

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