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Casa da Mulher Brasileira já atendeu mais de 2 mil mulheres em quatro meses de funcionamento em Salvador

Unidade agrega em um único espaço físico diversos serviços especializados

Após quatro meses de inaugurada, a Casa da Mulher Brasileira, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador, já acolheu 2,3 mil mulheres em situação de violência. Com intuito de preservar a vítima e evitar o deslocamento em busca dos vários órgãos que compõem a rede de enfrentamento, a unidade agrega em um único espaço físico os principais serviços especializados.

Ao chegar ao serviço, a assistida é recebida pela equipe psicossocial que realiza o encaminhamento para os demais órgãos que funcionam no local, a exemplo da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Tribunal de Justiça (TJ-BA), Ministério Público (MP-BA) e Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA).

A Casa faz parte do Programa Mulher Viver sem Violência, instituído pelo Decreto 11.431/2023, coordenado pelo Ministério das Mulheres.

A secretária municipal de Política para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordêlo, faz uma avaliação bastante positiva destes quatro primeiros meses. “Fico esperançosa em ver o crescente número de mulheres procurando atendimento e denunciando algum tipo de violência doméstica”, afirma a gestora, lembrando que a rede de enfrentamento necessita da denúncia para que os órgãos possam dar apoio e suporte.

“Os casos de violência doméstica ocorrem, na sua maioria, dentro de casa e isso dificulta a atuação do poder público e das forças de segurança, ter esse número de mulheres indo até a Casa da Mulher Brasileira nos dá esperança de mudança do cenário na nossa cidade”, comenta a titular da SPMJ.

Assistência integral

Como o próprio nome já diz, o público-alvo é de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, independentemente de idade, origem étnica, orientação sexual, identidade de gênero ou condição socioeconômica. O objetivo é oferecer suporte e assistência integral a todas as mulheres que necessitam de proteção e apoio para superar a violência e reconstruir suas vidas.

Além disso, o espaço também pode fornecer suporte secundário a familiares e dependentes das mulheres em situação de violência, com o objetivo de garantir um suporte abrangente e multidisciplinar. A assistente social Viviane Pitanga, que atende na unidade, explica que o acolhimento psicossocial desempenha um papel fundamental na Casa da Mulher Brasileira porque oferece apoio emocional, escuta ativa e orientação especializada.

“Esse suporte é crucial porque muitas mulheres enfrentam traumas psicológicos, estresse e outras consequências emocionais devido à violência doméstica e familiar. O acolhimento psicossocial ajuda essas mulheres a lidarem com suas emoções, a reconstruírem sua autoestima e a desenvolverem estratégias para enfrentar a situação de violência de forma mais saudável e segura”, explica a profissional.

Abrigamento temporário

A Casa conta também com o serviço de abrigamento temporário, com capacidade para 16 abrigadas (mulheres e crianças menores de 18 anos). É um serviço temporário oferecido às vítimas em situação de violência que necessitam de proteção imediata.

O abrigamento consiste em disponibilizar um local seguro e acolhedor para as mulheres e seus filhos enquanto buscam apoio e orientação para decidir os próximos passos a tomar em relação à sua segurança e bem-estar.

Durante o período em que permanecem na Casa, as mulheres têm acesso a apoio psicossocial, assistência jurídica, cuidados de saúde e outras necessidades básicas, além de serem auxiliadas na busca por alternativas de moradia segura e independente.

A Casa da Mulher Brasileira soma-se a três equipamentos municipais de apoio à mulher em situação de violência, geridos pela SPMJ. São eles o Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares (CRLV), nos Barris; o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), em Fazenda Grande II; e o Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), na Ribeira.

Saiba quais os serviços estão disponíveis na Casa:

Acolhimento e Triagem – A equipe responsável acolhe a mulher, com foco em formar um vínculo de confiança, que permite os encaminhamentos aos serviços oferecidos na Casa ou pelos demais serviços da rede externa, quando necessário. Esses encaminhamentos devem respeitar o protagonismo das mulheres em seu processo de tomada de decisão.

Apoio psicossocial – É responsável por auxiliar as mulheres na superação dos impactos da violência sofrida. O trabalho prevê fortalecer a autoestima, autonomia e cidadania das mulheres, muitas vezes afetadas em decorrência da situação de violência. Profissionais das áreas de psicologia e serviço social formam a equipe que realiza esse tipo de atendimento.

Promotoria Pública Especializada da Mulher – Desenvolve a ação penal dos crimes de violência contra as mulheres, bem como para requerer medidas protetivas de urgência.

Defensoria Pública Especializada da Mulher – Orienta sobre direitos, presta assistência jurídica gratuita e acompanha todas as etapas do processo judicial, de natureza cível ou criminal, podendo representar a mulher no pedido de medidas protetivas de urgência.

Juizado Especializado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – É o órgão responsável por processar, julgar e executar as ações judiciais de violência doméstica e familiar, e são os responsáveis por conceder as medidas protetivas de urgência.

Abrigamento temporário – Em caso de risco iminente de morte, mulheres e seus filhos contam com alojamento temporário na Casa. O serviço é de curta duração, podendo abrigar as mulheres e seus dependentes por até 48h.

Brinquedoteca – O serviço é mais uma atenção humanizada prevista no projeto da CMB. Neste espaço são acolhidas as crianças de 0 a 12 anos de idade, que estão acompanhando as mães ou responsáveis.

Central de Transporte – Integra os serviços da Casa aos demais serviços existentes da rede de atendimento às vítimas de violência, como IML em casos de necessidade de perícia médica, deslocamento para os serviços de saúde e abrigo, para casa de parentes e o que mais for necessário que confira segurança à mulher.

Promoção da autonomia econômica – O serviço orienta e encaminha as mulheres para programas de geração de trabalho, emprego e renda através de qualificação, educação financeira e parcerias com órgãos públicos e privados. Também prevê a integração da mulher aos demais serviços da rede socioassistencial.

Foto: Bruno Concha/Secom PMS

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