A trajetória do movimento ao longo de 20 décadas é o tema da marcha este ano
Iniciativa criada em 2004, quando terreiros do bairro do Engenho Velho da Federação começaram a ser atacados por denominações de igrejas neopentecostais, a Caminhada pelo fim da violência e da intolerância religiosa e pela paz completa 20 anos. ”20 anos de Resistência, Luta e Fé: Contra o racismo e o ódio religioso” é o tema escolhido pela comissão organizadora formada por integrantes das comunidades de terreiros sediados no bairro. A concentração acontece, às 14h, no final de linha, onde fica o busto em homenagem a Mãe Ruinhó.
Historicamente, as religiões de matrizes africanas são as denominações que mais têm sofrido ataques generalizados no Brasil contra os seus direitos Vestidos de branco, sacerdotisas e sacerdotes representantes da diversidade, que caracteriza as religiões afro-brasileiras, tomam as ruas do bairro e de áreas próximas para ratificar o direito à liberdade de culto, que é assegurado pela Constituição Brasileira Federal.
O reconhecimento aos direitos institucionais e religiosos existem desde 1997 com a Lei nº 9.459, na qual a legislação brasileira define como crime a prática ou a incitação ao preconceito religioso, bem como, os de raça, cor, etnia.
A primeira caminhada foi idealizada pela ialorixá Valnizia Bianch, que convocou a ebomi Telinha de Iemanjá (in memoriam), ambas do Terreiro do Cobre, e makota Valdina Pinto (in memoriam), na época do Terreiro Tanuri Junsara, quando visitaram os terreiros do Bairro do Engenho Velho de Federação convidando outras lideranças para construir o ato. Atualmente, cerca de 120 pessoas participaram da operacionalização do ato que começa com a organização de um seminário sobre tema do ano que acontece na semana que antecede a marcha.
A caminhada reúne uma multidão pelo trajeto que passa pela Rua Apolinário Santana (a principal do Engenho Velho), Avenida Cardeal da Silva (Federação) e Avenida Vasco da Gama, retornando ao busto de Mãe Ruinhó. Em seguida, acontece a partilha do amalá (comida votiva do orixá Xangô) no Terreiro do Cobre.
“Sempre acreditei que as pessoas iam conhecer mais a nossa religião, que o número de participantes ia aumentar, mas nunca imaginei que iria tomar essa proporção. Hoje, quando vejo aquele tapete branco de pessoas passando e recebendo a energia do nosso sagrado me sinto feliz. As pessoas não precisam aceitar, é só respeitar. Espero que esse legado continue, mas que a motivação seja só comemorar a nossa religiosidade e não reivindicar um direito que já temos”, afirma Mãe Valnizia Bianch.
Serviço:
O que: XX Caminhada pelo fim da violência e da intolerância religiosa
Quando: 15 de novembro de 2024
Onde: Concentração a partir das 14h no final de linha do Engenho Velho da Federação, onde fica o monumento em homenagem a Mãe Ruinhó