Completando cinco décadas, o presidente do bloco Jorginho Commancheiro para o trio e pede respeito pela história do Commanches
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O bloco indígena Comanches do Pelô celebra seus 50 anos neste carnaval de 2024, mas, apesar do clima festivo, uma situação causou descontentamento entre os membros da diretoria da agremiação. O presidente do bloco, Jorginho Comancheiro, ficou indignado com a velocidade do trio no circuito Osmar (Campo Grande) na noite de domingo (11) e solicitou repetidamente ao motorista que reduzisse a velocidade e parasse na passarela da imprensa.
“Olha aqui, esse trio precisa parar um pouco. Eu mencionei isso no Conselho do Carnaval. Atenção, trio, pare por um momento. São 50 anos de Comanches, quero ver as palmas do meu povo, quero vê-los brincar. Por favor, pare por um momento”, reclamou.
Segundo Jorge, os trios com artistas renomados têm todo o direito de desfilar tranquilamente, enquanto eles, os Comanches, têm muito pouco tempo para passar: “Não é para seguir em frente, é para ficar aqui. Agradeço ao Carnaval Ouro Negro, à prefeitura, ao Estado, mas, por favor, respeite este bloco de cinquenta anos. Pare por um momento”, desabafou.
Como parte da resistência indígena no carnaval de Salvador, os Comanches do Pelô estão entre as 132 entidades selecionadas pelo edital Ouro Negro do Governo da Bahia, que este ano investiu R$ 14,7 milhões em blocos afro, afoxés, de samba, de reggae e de índios.
Em uma entrevista à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), o presidente reforçou a importância da resistência dos blocos indígenas para a memória da Bahia:
“É muito importante para mim manter viva a história deste povo que tanto fez por nós, os povos indígenas. Por isso, sempre digo que enquanto eu viver, vou propagar a importância desses povos pela avenida”, afirmou o presidente.
O Apaches do Tororó, outro bloco indígena do Carnaval de Salvador, também desfilou pelas ruas do Campo Grande, reafirmando sua posição como o bloco de inspiração indígena mais antigo da cidade. Fundado em 1968, o bloco não apenas celebra as tradições das comunidades indígenas, mas também denuncia a exploração histórica enfrentada pelo povo negro e indígena. Neste ano, o bloco teve a honra de contar com a presença da Aldeia Kiriri desfilando na avenida, representando uma forte união entre culturas e tradições.
O diretor do Apaches, Arlei Costa, filho do presidente do bloco, destaca a influência da história e da trajetória do bloco em sua vida, expressando felicidade em poder presenciar algo tão reverenciado por seu pai e representativo para os povos indígenas: “Venho acompanhando os passos do meu pai por muitos anos, e hoje, poder ver algo que ele tanto reverencia, também me deixa feliz. O Apaches representa os povos indígenas, e poder tê-los aqui hoje é um presente.” O bloco Apaches do Tororó, com sua longa história de resistência e celebração, continua sendo uma voz importante na preservação e valorização das tradições indígenas no Carnaval de Salvador.
Foto: Juracy Feitosa