Participação nas eleições foi de 67%, a mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos e ligeiramente maior do que no primeiro turno

O bloco de esquerda Nova Frente Popular conquistou como o maior número de cadeiras no Parlamento da França, após os resultados do segundo turno das eleições legislativas, realizado neste domingo (7). A extrema direita liderada pelo Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, ficou em terceiro lugar, segundo as projeções, atrás do bloco do presidente Emmanuel Macron.
Os franceses votaram de maneira massiva: a participação foi de 67%, a mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos e ligeiramente maior do que no primeiro turno.
“Saúdo a todos que aceitaram ser candidatos e retirar suas candidaturas e se mobilizaram porta a porta para conseguir arrancar um resultado que parecia ser impossível. Essa noite o Reagrupamento Nacional está longe de ter a maioria absoluta, é um imenso alívio”, afirmou, durante discurso, Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa, que integra a coalizão.
Ao menos 43,3 milhões de eleitores enfrentam um dilema: votar no partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) ou na “frente republicana”, um cordão sanitário formado pelo partido no poder e pela esquerda, mas que ameaça ser rompido após mais de 20 anos?
“Estamos em um ponto de virada na História [do país]”, disse à AFP Antoine Schrameck, um aposentado de 72 anos, enquanto votava em Rosheim, nos arredores de Estrasburgo.
Ao fim do primeiro turno, cuja participação foi quase 20 pontos maior que em 2022, o Ministério do Interior anunciou que 506 dos 577 círculos eleitorais teriam 2º turno, com 306 disputas triangulares — envolvendo três candidatos — e cinco quadrangulares.
Pelo sistema político francês, todos os candidatos com mais de 12,5% se qualificam para o 2º turno, desde que ninguém alcance mais de 50% dos votos. Mas, com a desistência de mais de 200 candidatos para barrar a extrema direita, o número de disputas triangulares caiu para 94.
O presidente Emmanuel Macron — que chocou a França ao antecipar as eleições após a vitória do partido de extrema direita de Marine Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu em 9 de junho — , votou neste domingo (7) ao lado de sua esposa, Brigitte, em uma seção eleitoral em Le Touquet-Paris-Plage, uma pequena cidade litorânea no norte do país.
As últimas projeções de dois institutos de pesquisa afastam o bloco ultradireitista da maioria dos 289 dos 577 assentos na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), obtendo entre 170 e 210, seguido da NFP (155 a 185) e da aliança no poder (95 a 125). Enquanto a aliança Juntos, de Macron, deverá ficar em terceiro lugar, a Nova Frente Popular, mais bem-sucedida, é uma mistura frágil de vários blocos — que vão desde os socialistas tradicionais até a França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), do líder da esquerda radical francesa Jean-Luc Melenchon.
Artistas, jogadores de futebol e associações, entre outros, também fizeram apelos para impedir a vitória do RN, em um movimento semelhante ao de 2002, quando Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, concorreu pela primeira vez à presidência e perdeu. Ao visitar a cidade italiana de Trieste neste domingo, o Papa Francisco alertou sobre as “tentações ideológicas e populistas”, sem mencionar nenhum país.
Em caso de possíveis “distúrbios”, a menos de três semanas dos Jogos Olímpicos de Paris, as autoridades destacarão 30 mil policiais e gendarmes para atuarem nas ruas na noite deste domingo. Receosos com protestos violentos, alguns comerciantes começaram a colocar tábuas em suas vidraças, informou o Le Monde.
Com informações de O Globo e AFP