
O Bloco da Capoeira abriu seu desfile, na noite da quinta-feira (27), no Circuito Osmar (Campo Grande), reverenciando a ancestralidade. A entidade trouxe para a avenida o tema “Capoeira tem dendê, a alegria da Bahia!”, fazendo alusão aos 100 anos que o Mestre Canjiquinha completaria este ano. A agremiação ovacionou seus ancestrais através da memória de grandes mestres fazendo ecoar os sons dos berimbaus, caxixis e agogôs por todo o circuito.
O mestre e dirigente do bloco, Tonho Matéria, aproveitou para afirmar a importância do incentivo através do Ouro Negro. “O Ouro Negro nos aproxima de muitas formas simbólicas, para a gente poder apresentar nossa arte. E o Bloco da Capoeira chegou para apresentar o que essa energia do azeite de dendê vem construir neste lugar”, ressaltou.
José Milton Pereira de Santana, 67 anos, mais conhecido como Mestre Jamorreu, folião e um dos cantores desde a origem do bloco, aproveitou para ressaltar que a capoeira também é um instrumento de resgate sociocultural. “Sem a capoeira não tem nada. A Capoeira é tudo que a boca come. Eu vivo de capoeira, eu gosto de capoeira por demais!”, disse.
Fundado em 2001, no bairro do Pau Miúdo, na capital baiana, a entidade integra-se à Associação Sociocultural e de Capoeira Mangangá promovendo ações afirmativas que vão desde a fomentação da capoeira a promoção de ações socioeconômicas durante todo o ano. O Bloco da Capoeira tem como uma de suas missões difundir a música como instrumento de contribuição e construção cultural. Dessa arte que foi reconhecida em 2014, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Unesco. A agremiação está presente nos bairros de Nova Brasília, Estrada Velha, Coutos, Castelo Branco e Bom Juá ensinando para pessoas entre 3 e 70 anos.
Geisa Maria Barbara Riberio Torres, com 38 anos de capoeira e, este ano, completa 10 anos como mestre. Falou um pouco sobre a relevância do gênero dentro da festa carnavalesca. “A capoeira é uma manifestação cultural do mundo, do povo. É onde tem a nossa ancestralidade. É onde se conta a história do nosso povo. O resgate que a capoeira faz na ressocialização, não é só no levantar de pernas. A capoeira em si é uma ramificação para todas as outras ações culturais”, afirmou.