
O bloco Afro Bankoma abrilhantou a noite do primeiro dia de desfile oficial no Circuito Osmar (Campo Grande). Com o tema “25 anos de existência e resistência do Bloco Afro Bankoma”, o grupo fez ecoar os tambores na avenida trazendo a cultura e as religiões de matrizes africanas para a festa momesca. A entidade levou para a passarela do carnaval a alegria e a força de Nzazi, o senhor da Justiça, com baianas que levavam cestas com flores, pipocas e milho branco abrindo os caminhos do cortejo.
O bloco tem suas raízes no candomblé, nascido no Terreiro São Jorge da Goméia, em Portão, bairro do município de Lauro de Freitas na Região Metropolitana de Salvador. E tem como força motriz a promoção do trabalho social realizado durante todo o ano pelo grupo na região, com oficinas de dança, percussão, de música, estética e outros. E é nesse contexto que as alas do bloco são montadas.
“É uma luta para a gente atravessar a cidade e chegar até aqui. Mobiliza a comunidade, trazemos a ala de dança, a ala das baianas. Trouxemos também um pessoal do território quilombola de Tijuaçu, no norte da Bahia, para fortalecer os laços. O protagonismo da dança, da percussão, são os meninos da comunidade que desde pequenininhos estão lá nos projetos. Então, é um bloco que nasce do terreiro e leva o legado do povo de santo”, destacou a pedagoga Jéssica Neves, 30 anos, coordenadora do bloco.
Filha de santo do Terreiro São Jorge da Goméia, Aline Silva Santos, 38 anos, fez questão de destacar que faz parte da religião de matriz africana, para enfatizar a importância do bloco desfilar no circuito. “Isso é muito importante e precisa ser fortalecido. Para que todos os órgãos públicos nos perceba e nos olhe com o olhar mais atento, delicado, dentro do nosso contexto da nossa realidade. Nos ajudem a manter vivos esse legado histórico, de fé, de amor. E trazer isso à público para que o povo possa também nos conhecer. Para ver que tudo que nós sabemos e transmitimos é pela fé, pelo amor e pelo carinho”, pontuou.