Os bambas tomaram conta do circuito Osmar (Campo Grande) no primeiro dia oficial do Carnaval de Salvador. Dentre os destaques que desfilaram pela Passarela Nelson Maleiro, o Samba Fogueirão, Pagode Total e o Proibido Proibir. Nem a chuva forte esfriou a noite de quem saiu de casa para sambar ao longo do tradicional circuito da festa.
Com o tema “O canto e toque dos engenhos ecoam no mundo: o candomblé, o afoxé e o samba junino” o Samba Fogueirão desfilou com aproximadamente duas mil pessoas na avenida. Sacudindo o Campo Grande com muito samba de roda. O tema traz uma homenagem aos dois bairros que são separados pela avenida Vasco da Gama, o Engenho Velho de Brotas e o Engenho Velho da Federação. “Falar da nossa musicalidade, dos nossos toques, da nossa percussão, dos atabaques no candomblé, isso ecoou no mundo inteiro”, destacou Jorge Fogueirão, presidente da agremiação. O bloco que surgiu na Vasco da Gama, com a tradição do samba junino em 1987, iniciou o primeiro dia de desfile no circuito Osmar lançando música nova: “Sonoridade Ancestral”, composta por Fogueirão e Juca Maneiro. A sede, localizada na rua Onze de Agosto, na Vasco da Gama, fica entre os dois Engenhos. “O samba tem uma contribuição muito forte em todo seguimento musical brasileiro, inclusive para a Axé Music, que completa 40 anos”, destacou Jorge Fogueirão.
O eletricista Rege Borges, 61 anos, desfila no bloco há 4 anos e destacou a importância do samba na folia. “O samba é uma filosofia de vida. Depois que conheci o samba, nunca mais esqueci e vivo com muita alegria. O samba tem um papel muito importante na nossa construção social “, frisou. Ao entrar na Passarela Nelson Maleiro, o presidente do bloco avaliou o resultado do fomento por meio do programa Ouro Negro. “Para os blocos que nasceram dentro das comunidades, o projeto é de extrema importância. A partir dele, ganhamos o direito de existir. Já são 15 anos na avenida”, destaca Fogueirão.
Para o Pagode Total, a passagem pelo circuito teve gosto especial por conta da comemoração das bodas de prata. Samba e a irreverência marcam a entidade em seus 25 anos de existência. Este ano, os foliões contaram com os grupos Samba Trator e É o Tchan. Os cantores Beto Jamaica e Compadre Washington fizeram o percurso com sucessos. Com o apoio do programa Ouro Negro, o Bloco já desfilou com grandes atrações da música baiana e brasileira como Raça Negra, Exaltasamba, Sorriso Maroto, dentre outras.
“É uma satisfação muito grande ter o Pagode Total fazendo parte dessa festa e trazendo o samba para a avenida. É onde tudo começou, tudo começa no samba. São 25 anos de Pagode Total e é uma alegria imensa. Lutamos todo ano para que essa tradição do samba permaneça e possamos perpetuar a nossa música durante no carnaval”, disse o diretor do bloco, Alexandre Barreto. Com o tema “Tambores da Resistência”, o bloco abriu o desfile com homenagem a esse instrumento que está no centro da cultura afro-brasileira e do samba. “Trazemos, com as nossas atrações, esse tambor que nos terreiros ressoa, que traz as nossas divindades. É com esse som que a gente vem para o carnaval para trazer alegria, a dança e esse ritmo maravilhoso”, explica Alexandre Barreto.
Já o bloco Proibido Proibir, entidade carnavalesca que surgiu no bairro do Engenho Velho da Federação de um grupo de amigos, completou 45 anos. “No carnaval, o meu pai com os amigos saiam puxando uma carrocinha, um trailer e uma banda tocando. Sem camisa, de bermuda, boné e gravata, mas a coisa ficou muito grande, começamos a colocar bandas, trio elétrico, trazer artista de nível nacional e, hoje, é um sucesso. Hoje é a quinta do samba. É tradição e vamos até o sol raiar”, contou o presidente do Proibido Proibir, Luís Claudio Batista Lopes Filho. Estreante no bloco, Albert Wallace, 30 anos, também estava com disposição. “A minha expectativa é a melhor possível. Eu trabalho às 5 h, mas vou ficar aqui até a madrugada.”
