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ATENÇÃO: ESTÁ FORA DE MODA SENTIR CIÚMES 

Nenhum relacionamento vem com um manual de instruções. Não existe uma fórmula pronta, uma receita, como aquele livro escrito à mão por uma avó, com os detalhes do preparo de um bolo, para nos guiar em direção ao casamento perfeito.

Cada casal é um mundo particular. São duas bagagens cheias de vivências, experiências, medos, traumas e visões diferentes que decidem se unir através do amor. Não se trata de uma equação matemática, exatamente.

Boa comunicação, debates e discussões na medida certa são apontados como caminhos possíveis para uma relação saudável. No entanto, é necessário compreender a linguagem do amor do seu parceiro ou parceira. O relacionamento nunca é de mão única. 

Pode parecer bobagem, mas quase tudo se trata de você. O que te incomoda no outro? Como a sua criação interfere nas suas relações afetivas? Compreender a si mesmo é fundamental para compreender a dimensão e complexidade de viver em uma comunidade, em um casamento.

Recentemente, me sentei à mesa com alguns amigos, onde havia um casal muito querido. Eles eram descolados, modernos, sempre à frente do seu tempo, sabe? Pois bem, o assunto do ciúme surgiu e alguém mencionou que o ciúme é bom, desde que não seja exagerado.

O casal logo se manifestou, afirmando que o ciúme é algo totalmente ultrapassado. Piegas. Eles juraram que em seu relacionamento esse sentimento não existia. Poderia haver algum desconforto em caso de quebra de acordo, mas ciúme? De jeito nenhum.

Achei curiosa essa afirmação e voltei para casa refletindo com cuidado para não generalizar. Talvez eles tenham razão. O que um casal ganha com o ciúme? Quem garante ou define os limites? Onde está o equilíbrio? Qual é a linha que separa o ciúme saudável da patologia que tem causado tantos casos de feminicídio no Brasil e no mundo?

Acredito que toda relação começa e termina com acordos. A comunicação é fundamental. Você expressa ao outro o que te incomoda e, dependendo da abertura de cada um, as atitudes podem ser repensadas para fazer os ajustes necessários.

No entanto, pensando no mundo moderno em que vivemos, nas conquistas e avanços que tivemos nos últimos tempos, como alguém pode ser obrigado a se afastar de amigos e pessoas queridas simplesmente por causa do ciúme do outro?

Veja bem, nem estou entrando no campo dos “motivos”, pois muitas vezes o ciúme enxerga motivos que nem existem. O ciúme corrompe a confiança que temos no outro, criando situações que, talvez, nem sejam reais. 

A melhor maneira de proteger os relacionamentos é evitar que o ciúme se instale. Sentir ciúme não é garantia de nada. Refletindo sobre os relacionamentos de pessoas conhecidas, o fato de sentir ciúmes nunca impediu que alguém traísse seu parceiro ou parceira.

Quando amadurecemos, quando entendemos que se relacionar não é uma equação matemática, que não existe uma fórmula pronta, que quem quer trair vai trair, mesmo debaixo do seu nariz, percebemos que o ciúme só envenena quem o sente.

Talvez seja por isso que esse casal moderno e descolado considere o ciúme tão ultrapassado. É uma vestimenta que não nos serve mais. Primeiro, porque não há uma medida certa, já que nunca foi estabelecido qual seria o limite. Assim como provocar ciúmes deliberadamente no outro é imaturo e irresponsável, sentir ciúmes saiu de moda.

Não faz bem para nenhum dos três. Nem para você, nem para o outro, nem para o relacionamento.

Edgard Abbehusen

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