Vice-presidente dos EUA deve ser submetida a seleção do partido, que avaliará outros nomes para conduzir candidatura democrata contra Donald Trump

O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que desistirá de concorrer à reeleição. O comunicado foi publicado na rede social X, antigo Twitter, onde Biden afirmou ser do interesse de seu partido, Democrata, e do país, a retirada de sua candidatura.
— Joe Biden (@JoeBiden) July 21, 2024
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que seja do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas no cumprimento de meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden em carta publicada em seu perfil pessoal.
Em outra publicação na mesma rede social, Joe Biden explicitou que, com sua desistência, seu apoio vai para Kamala Harris, atual vice-presidente dos EUA, na campanha contra o ex-presidente Donald Trump, do partido Republicano.
My fellow Democrats, I have decided not to accept the nomination and to focus all my energies on my duties as President for the remainder of my term. My very first decision as the party nominee in 2020 was to pick Kamala Harris as my Vice President. And it’s been the best… pic.twitter.com/x8DnvuImJV
— Joe Biden (@JoeBiden) July 21, 2024
“Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano”. Apesar da declaração, Biden não pode tornar Harris candidata do partido automaticamente, uma vez que a decisão por um novo representante dos Democratas ainda precisa passar por avaliação dos delegados individuais em plenário da convenção.
Além de Kamala Harris, outros nomes são discutidos no partido: Gavin Newsom, atual governador da Califórnia; Gretchen Whitmer, atual governadora de Michigan; J. B. Pritzker, atual governador de Illinois; Dean Phillips, deputado por Minnesota; e Josh Shapiro, atual governador da Pensilvânia.
O pronunciamento do presidente estadunidense foi feito após campanha por sua desistência, que reuniu membros do próprio partido Democrata, parlamentares e esferas pública e privada depois de seu desempenho em debate televisionado contra Trump. O episódio ocorreu em junho e gerou preocupação quanto à saúde de Joe Biden e suas condições para enfrentar o ano eleitoral.
>> Mais de 12 membros do partido Democrata pediram que Joe Biden desistisse da candidatura
O anúncio de Biden segue-se a uma onda de pressão pública e privada de parlamentares democratas e membros do partido para que ele desistisse da corrida após desempenho fraco em um debate televisivo no mês passado contra o rival republicano Donald Trump.
Kamala Harris
Antes mesmo de tornar pública a desistência de sua candidatura, Biden conversou sobre o assunto com sua vice-presidente, Kamala Harris, por telefone na manhã de domingo (21), segundo a CNN.
Ainda de acordo com a publicação, Harris passou mais de 10 horas em telefonemas com mais de 100 líderes partidários, membros do Congresso, governadores, líderes trabalhistas e líderes de organizações de defesa de direitos e de direitos civis.
Nas ligações, a atual vice-presidente dos EUA, explicitou sua gratidão pelo apoio de Joe Biden e evidenciou seu projeto de trabalho intenso para conseguir ser indicada pelo partido Democrata por seu próprio mérito. Em publicações no X, antigo Twitter, Harris reiterou seu plano de merecer a indicação do partido e disse que fará o que puder para unir os Democratas e a nação para derrotar Trump e sua “agenda extremista” projetada para 2025.
On behalf of the American people, I thank Joe Biden for his extraordinary leadership as President of the United States and for his decades of service to our country.
— Kamala Harris (@KamalaHarris) July 21, 2024
I am honored to have the President’s endorsement and my intention is to earn and win this nomination.
“Estou honrada por ter o endosso do presidente e minha intenção é merecer e conquistar esta indicação”, escreveu ela.
Repercussão
Oponente da chapa democrata, o republicano Donald Trump, disse à CNN que acha que será mais fácil derrotar a vice-presidente, Kamala Harris, nas eleições de novembro do que seria derrotar Joe Biden. Em publicação em sua própria rede social, a Truth Social, Trump escreveu:
“Joe Biden não estava apto para concorrer à presidência e certamente não está apto para servir – e nunca esteve! Ele só alcançou a posição de presidente por mentiras, fake news, e por não sair de seu porão. Todos ao seu redor, incluindo seu médico e a mídia, sabiam que ele não era capaz de ser presidente.”
Já o ex-presidente Barack Obama, um dos principais nomes do partido Democrata, disse que Joe Biden é um “patriota da mais alta ordem” e que a desistência é um “testemunho de amor”.
“Joe nunca fugiu de uma luta. Para ele, olhar para o cenário político e decidir que deve passar a tocha para um novo candidato é certamente uma das decisões mais difíceis de sua vida. Mas sei que ele não tomaria essa decisão a menos que acreditasse que era o melhor para a América.”
“É um testemunho do amor de Joe Biden pelo país — e um exemplo histórico de um verdadeiro servidor público mais uma vez colocando os interesses do povo americano à frente dos seus próprios, que futuras gerações de líderes farão bem em seguir”, declarou Obama em artigo publicado no Medium [leia na íntegra clicando aqui].
No Brasil, o tema repercutiu entre políticos aliados do presidente Lula e de oposição. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, em publicação no X, escreveu:
“Biden dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo.”
Política não é personalismo, mas, sim, serviço a favor das ideias e valores. Biden dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo. Que os Democratas tenham o…
— Simone Tebet (@simonetebetbr) July 21, 2024
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também avaliou positivamente a desistência de Biden e definiu como “grande decisão para derrotar a extrema direita norte americana”.
Já o Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, elogiou o governo de Joe Biden, seu trabalho com a nomeação de juízes afro-americanos e expressou sua solidariedade ao polítco estadunidense dizendo que, com a decisão de desistir, ele “demonstra uma notável sabedoria, grandeza e coragem”.
O governo liderado pelo Presidente Joe Biden @JoeBiden tem se destacado por suas iniciativas em promover o crescimento econômico, ampliar os direitos dos trabalhadores, promover a igualdade de gênero e implementar uma sólida agenda de transição ecológica. Além disso, o Presidente…
— Jorge Messias (@jorgemessiasagu) July 21, 2024
*Com informações de Agência Brasil e UOL