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Análise: Em “Golpe de Sorte em Paris”, Woody Allen explora desejo e casamento

Longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (19)

Foto: Divulgação

Sorte, casamento e a busca por uma vida autêntica, são os temas que o diretor norte-americano Woody Allen, explora em seu novo filme, “Golpe de Sorte em Paris”. O título, que é o 50° filme do diretor, acompanha a história do casal Fanny e Jean, o drama brinca com a importância de ter sorte e acaso relacionados em momentos específicos da vida. Com première mundial no 80º Festival Internacional de Cinema de Veneza, Golpe de Sorte em Paris chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19).

A produção de Gravier Productions, Dippermouth, Perdido Productions e Petite Fleur Productions, é distribuída pela O2 Play no Brasil. “Golpe de Sorte em Paris” é o primeiro filme da carreira de Allen falado totalmente em francês e marca o retorno do cineasta à capital francesa.

Jean (Melvil Poupaud) e Fanny (Lou de Laâge) parecem ter o casamento perfeito. Vivem em um belo apartamento, convivem com a alta roda de Paris e são bem sucedidos em seus trabalhos. Quando Fanny esbarra acidentalmente com o escritor Alain (Niels Schneider), seu antigo colega de classe, começa a questionar a vida luxuosa e “perfeita” que leva ao lado de Jean.

Após o reencontro, os antigos colegas logo retomam o contato e ela então percebe que não está vivendo da forma que realmente deseja. No longa, o desejo é uma força que leva a protagonista a buscar modificar seu cotidiano.

Nos primeiros minutos do filme, a nova obra de Woody Allen pode ser definida como “White People Problems”. Isso porque, os dilemas vividos por personagens tão abastados parecem, por vezes, fúteis. Por exemplo, quando Jean dá uma joia para a esposa e a mesma entra em crise, pois, um objeto tão valioso não dialoga com seus ideais.

No entanto, essa impressão inicial da obra é diluída nos minutos seguintes. Fanny é muitas vezes reduzida à posição de “esposa troféu”, termo usado para descrever uma mulher que é vista socialmente como uma conquista, sendo usada para mostrar o poder e a influência do marido. Título que ela resiste em aceitar, com razão, afinal, ela própria é uma mulher realizada profissionalmente.

Outro ponto que aparece de forma sutil no filme, mas que merece destaque, é o ciúmes que Jean sente em relação à Fanny. A personagem interpretada por Lou de Laâge vive em uma redoma criada pelo marido, o mesmo está a todo momento exigindo saber onde e com quem a esposa está. O que evidencia a sensação de clausura e o desejo por mudança da protagonista. Afinal, o casal da modernidade quer não só o amor, mas a individualidade, como bem explicam os versos  “Respirar o amor/aspirando liberdade”, da música Nobre Vagabundo.

“Golpe de Sorte em Paris” tem uma trama envolvente, com diálogos dramáticos, com doses precisas de humor. O roteiro peca apenas em não se aprofundar na história de Alain, que aparece como um personagem sem muitas camadas e pouca clareza de suas intenções. Entretanto, Woody Allen mostra sua genialidade enquanto roteirista na cena final, quando um acontecimento amarra em laço firme todas as pontas soltas que foram tecidas ao longo da obra.

As locações escolhidas pela equipe também foram um acerto, presenteando os espectadores com imagens belas. Filmado em Paris, o longa não mostra os locais que são considerados “clichês” da capital francesa. Vale destacar ainda as atuações de Melvil Poupaud, no papel do canalha Jean e Lou de Laâge, que interpretou com maestria, Fanny. Menção honrosa para Valérie Lemercier, que interpreta a mãe de Fanny. A personagem entra discreta na história e vai ganhando musculatura conforme o filme avança.

*O jornalista assistiu o filme na pré-estreia a convite da O2 Play Filmes

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