Colunista reflete sobre os desafios da coloração pessoal em peles negras
Para não dizer que falei de cores, começo reafirmando que há mais de mil tons de pele negra. Superar essa afirmação é basicamente um desafio. Nos manuais de análise de coloração pessoal, principalmente entre os mais difundidos e realizados no mundo, existem vários pontos a serem citados aqui. Esses pontos são resultados de testes de análise frustrantes para pessoas negras, assim como eu.
Tratando-se de cor de pele, sabemos que há uma imensa variedade de pessoas negras com tons de pele variados, e é óbvio que, sendo peles, elas possuem subtons. Sendo assim, podemos afirmar imediatamente que também teremos pessoas negras em todas as cartelas de cores dos métodos existentes no universo.
Pode parecer ousado da minha parte, mas se acreditamos que o teste é baseado no reflexo que a cor do pigmento tem sobre o rosto da pessoa analisada, é necessário ter cartelas das mais variadas para todos.
Agora vamos falar do método sazonal expandido, que resulta em 12 cartelas de cores que dialogam com a paleta das estações do ano. Logo, entendemos que, sobre essa técnica, teremos negros representados em diversas paletas. O problema central é que esse método possui descritivos com foco em apenas uma amostra de peles, na qual peles negras não foram avaliadas dentro do escopo. Em segundo lugar, as peles brasileiras possuem uma peculiaridade que praticamente é única no mundo, o que requer detalhes específicos nos descritivos. Em terceiro lugar, os subtons não serão únicos, o que levará a conceitos e características que exigem uma análise mais aprofundada.
Basta analisar os tipos de peles negras e seus tons que são abordados nos cursos de formação de analistas… Por que um teste frustrante? Pela ausência de estudos e aprofundamentos nas amostras e características de peles miscigenadas, além da falta de outras literaturas que permitam que nós, principalmente analistas brasileiras, avaliemos conceitos e como esses diálogos são transmitidos durante o atendimento aos clientes.
Não é apenas frustrante o teste, mas principalmente a condução dos atendimentos, que vão além de diálogos técnicos e se tornam terminologias vazias e preconceituosas. Felizmente, isso está sendo desmistificado à medida que há um aumento significativo de debates sobre as abordagens, a forma de analisar as peles e a visão dos analistas para tornar o processo mais compreensível, humanizado e acolhedor.
Sua consultora de imagem, Cáren Cruz.