Paulo de Almeida Filho, Editor da ANF, fala sobre a luta por uma comunicação mais democrática e inclusiva
A Agência de Notícias das Favelas, criada para atender a demanda da imprensa e da sociedade com informaçãos sobre o que acontecia nas favelas do Rio de Janeiro, hoje conta com com uma unidade em Salvador, localizada no Bairro da Paz.
Em entrevista ao Portal Umbu, Paulo de Almeida Filho, Editor da ANF, contou que a agência tem o objetivo de “democratizar a comunicação e a informação, através de comunicadores populares, oriundos de periferias urbanas e rurais, oportunizando que cada cidadão mostre sua experiência a partir da sua vivência”.

Com Manual de Redação e Estilo, distribuído exclusivamente entre os seus mais de 500 colaboradores, a agência conta com trabalho voluntário. Paulo explica que esses trabalhadores atuam com produção de matéria no site, redes socias e o no jornal impresso “A Voz da Favela”.
“Além da possibilidade de produzir notícias, existe um curso de formação, RACC – Rede de Agentes Comunitários de Comunicação, que visa qualificar os Comunicadores a partir do manual de redação produzido pela ANF, além das experiências de profissionais e especialistas em jornalismo comunitário”, explica o editor.
Paulo ainda ressalta que a atuação da ANF “é uma iniciativa que tem, por princípio, a pluralidade de pautas com produção de notícias que atendam a defesa dos direitos humanos e a individualidade de cada pessoa”.
Com isso, existe espaço para a diversidade social, que ele exemplifica com o perfil de seus colaboradores “negros, periféricos, pessoas da comunidade LGBT, escolaridade diversa, estudantes e ou profissionais da comunicação e outras áreas de conhecimento. Assim, acreditamos que a inclusão praticada dentro da organização é uma forma de contribuir com a democratização da comunicação e com a democracia em geral”.
Para ele, a maior dificuldade no trabalho do jornalismo independente da favela são os recursos financeiros, uma vez que a ANF é caracterizada como uma Oganização Não Governamental (ONG). O editor explica que o projeto sempre esta bucando parcerias, públicas ou privadas, ou ainda via editais para financimamento do projeto
“O principal desafio é a captação de recursos financeiros para a sustentabilidade das atividades, pagamento de aluguel da sede, localizada no Bairro da Paz, além das despesas administraivas e remuneração de equipe”, conta.
Segundo Paulo, o público da Agência de Notícias das Favelas não é apenas um mero leitor, internauta ou espectador das produções. Assim, ele conta que a população geral pode participar ativamente das produções.
“Além das pessoas enviarem sugestões de pautas, podem e devem, se tiverem interesse, ser colaboradores também, pois a representatividade é fomentada a toda momento pela equipe gestora e todos colaboradores, onde temos representantes em todas as regiões do país”, finalizou.