Parceria com Escola Aguidavi do Jêje fortalece a diversidade e o protagonismo feminino no cortejo de 2 de fevereiro, em Salvador
A Orquestra Agbelas voltou a Salvador no dia 2 de fevereiro para a segunda edição de sua Oferenda Musical para Iemanjá, performance que reúne danças, ritmos e cantos de matriz afrobrasileira. Formada majoritariamente por mulheres tocando xequerês (ou agbês), o grupo cresceu e reúne, este ano, cerca de 100 participantes, incluindo 60 mulheres de diferentes gerações dos 2 aos 70 anos, vindas de diversas regiões do Brasil, além de Uruguai, Chile e Canadá.
Destaque especial fica por conta da parceria com a Escola Aguidavi do Jêje, localizada no Terreiro do Bogum, no Engenho Velho da Federação, cujas crianças terão um momento de apresentação solo e depois se juntam à Orquestra. O projeto, subsidiado pela Lei Paulo Gustavo, envolve aulas de percussão, confecção de xequerês e criação de figurinos. No repertório, ritmos de matriz africana (Opanijé, Ijexá e Ilú) e referências populares como ciranda, maracatu e samba.
“Reunimos um número recorde de mulheres e a diversidade está em cada detalhe. Da idade, com crianças de 2 a senhoras de 70 anos, ao nível de experiência com o instrumento. Tem aluna que nunca havia tocado antes e veio a Salvador, sobretudo, para reverenciar mãe Iemanjá”, ressalta Gio Paglia, líder e fundadora da Orquestra e da iniciativa Agbelas.
A apresentação integrou a 18ª edição do Festival Somente Flores para Iemanjá realizado pelo Centro de Tradições Vivas Canzuá. O público acompanhou o cortejo que sai do Largo de Santana, no Rio Vermelho, em direção à Praia da Paciência, onde ocorre a conclusão da celebração em homenagem à Rainha do Mar.
“Para a terapeuta e enfermeira soteropolitana Vanda Machado, o projeto Agbelas, constituído eminentemente por mulheres que se habilitam a tocar o Agbê, instrumento de percussão de origem africana ,tocar esse instrumento nos permite transcender e viver a nossa essência feminina, rica de suavidade e leveza. Ser Agbelas é acreditar nas nossas potencialidades artísticas, musical e acima de tudo espiritual. Confesso que o meu mergulho nesse universo do sagrado feminino tive um outro olhar sobre mesma. Tudo se iniciou com a oficina de Agbê, onde foi possível me autoconhecer entre cada detalhe construtivo, desde a abertura da cabaça, a sua higienização e decoração e consequentemente o saculejar do instrumento emitindo sons que vão do ritmo Ijexá ao Maracatu.”
Sobre a Agbelas
Fundada em Brasília em 2019 por Gio Paglia , a Agbelas difunde o legado ancestral do xequerê sob uma perspectiva negra, matriarcal e decolonial. Com aulas gratuitas de agbê para comunidades em situação de vulnerabilidade social, a iniciativa já passou por Chile, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, levando educação e arte afrodiaspórica para diversos públicos.
Produzida porPatrícia Bernardes Sousa jornalista e mobilizadora de Projetos de Impacto Social na Bahia.
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