Abertura está sendo realizada na manhã de hoje (29) e conta com 175 peças do acervo do Museu de Arte Moderna
Salvador ganha, na manhã desta sexta-feira (29), um novo equipamento para fortalecer o meio cultural. Instalado no Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino, o Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC Bahia) está sendo inaugurado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA).
A criação do museu vem com o objetivo de preencher uma lacuna e atender à expectativa do meio artístico e museológico da Bahia por meio de uma organização mais clara dos acervos sob o comando do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), que é responsável pela política museológica para o setor no âmbito estadual e pela gestão do Museu de Arte Moderna (MAM), do Museu de Arte da Bahia (MAB) e agora, do MAC.
O local ocupado pelo MAC Bahia já teve outros ocupantes: Secretaria de Educação da Bahia, Museu Rodin na Bahia e Palacete das Artes. O prédio é tombado pelo Ipac desde 1986 e já passou por diversas intervenções para se tornar um museu. Agora, o espaço deve receber obras e projetos de arte contemporânea.
Entre as intervenções e adaptações aplicadas, se destacam a criação de novos espaços expositivos e educativos voltados para linguagens contemporâneas, como a arte urbana, a arte digital, a videoarte, a performance e a produção maker.
Celebrando o novo museu, o Portal Umbu entrevistou o diretor do MAC Bahia, Daniel Rangel, explica a importância deste novo equipamento cultural, fala sobre as expectativas para a inauguração e iniciativas de fomento a linguagens contemporâneas. Segundo ele, o acervo do MAC surgiu a partir da coleção do MAM Bahia. Para o diretor do equipamento, essa conexão já cria uma afetividade entre as pessoas e as obras.
É como uma evolução histórica de um acervo para o outro
Para compor uma exposição no novo espaço Casa, obras foram transferidas do MAM Bahia para formar o acervo inicial do MAC Bahia. São cerca de 175 trabalhos, de 102 artistas de diferentes regiões do país, que foram premiados ao longo das 16 edições do “Salões do MAM Bahia”.
“O nosso acervo do Museu de Arte Contemporânea, ele nasce a partir do acervo que já existia no Museu de Arte Moderna da Bahia. É como uma evolução histórica de um acervo para o outro, então os acervos dos Salões da Bahia que faziam parte dos Salões de arte da Bahia se tornaram o acervo inicial do MAC. Então, a gente já inicia com esse vínculo ao MAM, o que isso sem dúvidas cria uma afetividade entre as pessoas e essas obras”, explica Rangel.
Marcando a entrega do novo Museu de Arte Contemporânea da Bahia, o evento MAC_Bahia – 60 horas tem início às 10h hoje. A programação artística diversificada e ininterrupta se estende até as 22h de domingo (1º/10).
No Museu de Arte Contemporânea a arte urbana ganha destaque na exposição Muro, que contará com a participação de mais de 50 artistas que atuam nas ruas da cidade e terão seus trabalhos incorporados ao acervo do museu.
A inclusão dessa arte urbana quebrando um pouco esse paradigma dos espaços museológicos
Performances de break-dance, slam de poesia e música, assim como bate-papos e oficinas; projeções de vídeo mapping e cinema a céu aberto; arte digital com dj, vj e live code; pista de skate; e yoga estão entre as atrações do novo equipamento cultural, que se propõe a tratar de temas e linguagens do agora.
“É um espaço que tenta dialogar com o público jovem e, se a gente está falando de arte contemporânea, estamos falando do hoje. É o museu do agora, então trata das temáticas e das linguagens do agora. Enfim, a inclusão dessa arte urbana, digamos, para dentro do espaço museológico, em um diálogo entre rua e museu, quebrando um pouco esse paradigma dos espaços museológicos como um espaço apenas fechado e enclausurado dentro de si mesmo”, comenta o diretor do MAC Bahia.
Mostra
No Anexo, será apresentada a exposição individual Agô, de Ayrson Heráclito – artista, curador, pesquisador e professor – que atualmente é o principal nome da arte contemporânea da Bahia, e um dos principais do Brasil. A mostra apresenta um panorama de trabalhos em distintos suportes e períodos, incluindo alguns inéditos na Bahia.
“Eu tenho dito que Agô é um pedido de licença, como a gente sabe, ao mesmo tempo é uma deferência. Eu acho que ter escolhido Heráclito e a temática que aquilo aborda para iniciar o MAC, é um pedido de deferência a Heráclito como artista que tem uma trajetória rigorosa, um trabalho incrível, que hoje é um dos principais artistas brasileiros da atualidade. Enfim, com uma carreira internacional nacional na Bienal de São Paulo, teve na Bienal de Veneza. É um artista que merece essa deferência”, diz Daniel Rangel.
Agô é um pedido de licença, como a gente sabe, ao mesmo tempo é uma deferência
Para o diretor e curador, inaugurar o MAC com as obras de Heráclito é importante, pois, o artista traduz a proposta do equipamento, uma vez que traz em seus trabalhos elementos da Bahia e universais.
“O Museu de Arte Contemporânea, ele não é para trabalhar muito sobre os conceitos da arte contemporânea, porque a historicidade, ela é feita após um tempo da existência daquilo. Mas a gente tem que ter um espaço aberto para que a contemporaneidade flua, um espaço provocativo, reflexivo, provocativo, aberto e inclusivo, onde a arte contemporânea possa acontecer.”
Além das duas exposições na Casa e no Anexo, o MAC_Bahia abrigará uma programação periódica de Video Mapping, com projeções de vídeos com efeitos e animações 3D interagindo na arquitetura do prédio; uma escultura skatável interativa em formato de “mini-rampa” que permite a prática do skate; o Cine-Paredão, que contará com exibições noturnas na área externa do museu com ênfase na videoarte; quatro laboratórios que compõem o Setor Educativo, sendo um voltado para as crianças e o público infanto-juvenil, e mais três estúdios para artistas e o público – um de áudio e vídeo; outro de arte digital, e outro que está sendo preparado para receber projetos que utilizam ferramentas da cultura maker, como impressora 3D e máquina de corte laser.
A gente tem que ter um espaço aberto para que a contemporaneidade flua; onde a arte contemporânea possa acontecer
Para a readequação do museu foram investidos cerca de R$ 2 milhões, que inclui a contratação de uma produtora para viabilizar essas primeiras exposições e a programação da entrega, além da realização de serviços de manutenção e conservação predial, pintura e tratamento das fachadas do espaço e do anexo, novo projeto de paisagismo, readequação do espaço administrativo e de atendimento ao público.
O café do novo museu contará com a assinatura gastronômica da renomada chef Angeluci Figueiredo, cujo restaurante Preta está localizado na Baía de Todos-os-Santos.
Foto: Fernando Barbosa/Ipac-BA