
Há muito tempo o sindicalismo brasileiro anda com as pernas bambas. As mudanças ocorridas no mundo do trabalho alteraram de tal forma o perfil e os interesses dos trabalhadores mundo afora, que o sindicalismo daqui não se deu conta e continuou mantendo o mesmo modus operandi de sempre.
O sindicalismo herdeiro da “Carta del Lavoro” brasileira, patrocinado pelo “pai dos pobres”, o caudilho gaúcho Getúlio Vargas, se esgotou.
O esgotamento se deu tanto por conta das suas práticas viciadas, como pelo aparelhamento partidário ou pela pura e simples perda de credibilidade. O fato é que os poderosos sindicatos, particularmente os paulistas, foram sendo exauridos pelo tempo.
Após o processo de democratização, muita gente passou a se perguntar: “Sindicato para quê?” Visto que, os sindicatos passaram a ser correia de transmissão das organizações partidárias.
O trabalho autônomo foi precarizado e glamourizado: passou a ser chamado pomposamente de empreendedorismo. Nesse novo modelo o trabalhador não tem plano de saúde, não tem férias, décimo terceiro, nem muito menos qualquer garantia social.
É ganhar o dinheiro pela manhã, para comer à noite.
Mas o pior de tudo isso é que esse engodo foi assimilado pela maioria dos trabalhadores. O neoliberalismo ganhou. E deixou os sindicatos a ver navios.
O sindicalismo atônito e descolado da sua base real, busca se situar nesses novos paradigmas e o “peleguismo” do passado, transformou-se na esperteza do presente. Afinal, ser líder sindical era até certo ponto um status. Tinha até uma certa aura de heroísmo.
Derrotados no campo da política, por conta das teses conservadoras, dentre elas a perda do “imposto sindical” que sustentava boa parte da elite sindical, o sindicalismo brasileiro agoniza. Como saída, parte dessa elite foi ocupar cargos públicos nos governos de centro-esquerda e outros tantos estão associando-se a verdadeiras organizações criminosas.
A fraude identificada pela Polícia Federal no INSS, é isso. Uma grande malandragem que causou um prejuízo de mais de R$ 6 bilhões exatamente àqueles que dedicaram suas vidas ao trabalho.
Isso é muita sacanagem.
E tem de um tudo nessa organização criminosa. Ninguém nessa história é inocente. Tem partidos políticos, dirigentes sindicais, servidores públicos, dirigentes do alto escalão dos governos, assim como larápios dos mais ordinários.
E a população estarrecida. Velhinhos e velhinhas atônitos procurando as redes bancárias para saber em quanto foram roubados. E o cinismo estampado na cara dos responsáveis a dizer que é muito difícil combater a corrupção num organismo tão grande.
Tem que ter punição.
Essa corja vem roubando descaradamente os aposentados e pensionistas há quase dez anos, da maneira mais sórdida possível. Fazendo uso da máquina pública, da ingenuidade, da desinformação e, sobretudo, da má fé daqueles que deveriam tomar conta do INSS.
Sabemos que a política brasileira é desde sempre o espaço predileto dos valhacoutos de colarinho branco. Mas não imaginávamos que aqueles que deveriam representar os trabalhadores, em particular os aposentados, também haviam se convertido ao ofício de meter a mão no bolso alheio.
Enfim, que neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, a mão da limpeza se faça presente nesse escândalo e que os aposentados e pensionistas tenham os seus parcos recursos financeiros devidamente protegidos e que os ladrões vão para a cadeia.
Toca a zabumba que a terra é nossa!
OPINIÃO
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