
“Na Baixa do Sapateiro, encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia
Pedi-lhe um beijo, não deu, um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu”
– Ary Barroso
Na sua origem, a Baixa dos Sapateiros era uma favela. Era local de abrigo de muitos migrantes nordestinos que por aqui apareciam e seu nome tem a ver com a vegetação existente na região, onde uma árvore conhecida popularmente como sapateiro era abundante, e não com a profissão de “sapateiro”, como muitos baianos imaginam.
Hoje, a Baixa dos Sapateiros está a merecer a nossa atenção, carinho e recuperação.
Entre as décadas de 1950 a 1970, a Baixa dos Sapateiros viveu o seu auge. Ali fervilhava o comércio popular, mais pujante da cidade. Lojas das grandes marcas, mercados, como o de Santa Bárbara e São Miguel, e cinemas como Jandaia, Aliança e Pax que exibiam as novidades da cinematografia mundial.
O cine teatro Jandaia, por exemplo, era considerado à época, como o principal cinema de Salvador e do norte e nordeste do país, a ponto de ser conhecido no mundo cultural, como o “Palácio das Maravilhas” tal a magnitude da sua construção.
Após esse período de apogeu, a Baixa dos Sapateiros tem amargado um processo de degradação impressionante. Em que pese alguns fortes investimentos que os poderes públicos, realizou na área, a exemplo a canalização do Rio das Tripas, que percorre toda a região e a construção do Shopping Baixa dos Sapateiros, a situação é dramática.
Hoje, a maioria das suas lojas e centros comerciais estão fechados, uma boa parte das edificações estão em estado precário, muitas delas em processo de arruinamento, quando não destruídas.
A pujança do Santo Antônio Além do Carmo, que contou com um forte investimento do Governo do Estado, algo em torno de 124 milhões de reais, por meio da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) e o aumento significativo do turismo internacional no Pelourinho, áreas limítrofes, contrasta com o estado em que se encontra a Baixa dos Sapateiros, que agoniza e pede socorro.
O esforço, vale a pena, não só para o fortalecimento do comércio local, visto que esse declínio é fruto de várias razões que são incontornáveis, a exemplo do surgimento dos shoppings center na cidade e do comércio virtual, a exemplo do Mercado Livre e da Shopee e que só será superado com a identificação de uma nova vocação comercial para a região.
A intervenção governamental (Governo Federal, Estadual e Municipal), vale a pena, por conta do valioso patrimônio arquitetônico existente na área, inclusive com vários edifícios tombados e que se estiverem em pleno funcionamento servirão para impulsionar o desenvolvimento econômico, cultural e o turismo sustentável em toda a área do Centro Histórico.
Importante dizer que várias iniciativas estão em discussão, tanto por parte do poder público, como pela sociedade civil. Mas a urgência da intervenção requer celeridade, visto que a degradação tem avançado com grande velocidade.
Enfim, a Baixa dos Sapateiros merece um esforço não apenas daqueles que frequentam ou trabalham no Centro Histórico de Salvador, mas de toda a cidade, até porque, ali está boa parte da história dos soteropolitanos e do desenvolvimento da nossa cidade.
Toca a zabumba que a terra é nossa!
Resultado do descaso dos dirigentes com o centro histórico. Mesmo com o crescimento do comércio para outras áreas da cidade, não se justifica o estado deplorável que se encontra o centro da cidade. Salvador, primeira capital do Brasil, entregue as traças.” Um povo que não preserva seu passado, não tem futuro.”
É necessário dizer que esta decadência vem também com a questão da segurança Em um shopping existe segurança…