Baterista conta um pouco de suas vivências na música
Lorena Martins é baterista profissional e professora de música, formada pela Universidade Federal da Bahia. A baiana começou a trilhar seus caminhos na música em 2007, quando tocava na banda de uma igreja e anos depois, teve seu primeiro marco profissional.
“Em 2011/2012 foi quando eu decidi que queria viver da música. Comecei a trabalhar na área com 18 anos”, disse Lorena.
Na sua trajetória, Lorena conta que já permeou por diversos lugares e gêneros musicais diferentes como rock e a música baiana. Foi em 2017, após frequentar algumas Jam Session’s, como as que acontecem no MAM e na Casa da Mãe, que descobriu sua afinidade com o instrumental e o Jazz.
“Eu comecei a frequentar locais como o Jazz na Avenida e JAM no MAM e com isso comecei a ouvir, tocar e estudar a música instrumental, o jazz e outras linguagens”, relembrou.
A baterista conta que, por muitas vezes, ela via que era a única mulher nesses ambientes. A partir dessa reflexão, ela conta que produziu, junto com a JAM no MAM e a Secretaria de Políticas para Mulheres, um projeto chamado “JAM no MAM com as Minas”.
“Nós trouxemos várias instrumentistas de vários lugares do Brasil para fazer participação. Instrumentistas renomadas como Débora Gurgel, Lea Freire, Ana Carolina Sebastião”, conta Lorena.
Além da apresentação, o encontrou contou com uma roda de conversa para debater sobre o assunto da mulher na música instrumental. Outro evento que traz essa temática é o “Som das Binha”
Segundo a baterista, muitas mulheres não se sentem confortáveis em estar em lugares com a predominância masculina para explorar o seu improviso, a sua capacidade e as suas técnicas sem medo de julgamento.
Desde então, o projeto JAM no MAM tem colocado pelo menos uma mulher nas programações. Mas para Lorena, isso ainda é pouco.
“Sabemos que precisamos fazer mais, mas já é uma iniciativa e muitas mulheres, como Jéssica Kaline, Aline Falcão e Erica Sá, tocam nessa Banda Base da JAM no MAM”, completou.
As dificuldades do mercado
“Socialmente falando, ser uma instrumentista em destaque, infelizmente, não é comum para mulheres. Às vezes quando a mulher pensa em fazer música o lugar separado para ela é o lugar do canto, as vezes do piano, violino. Isso afeta a visão que a mulher tem do cenário musical.”
Para Lorena, as dificuldades vão além do ramo da música, esses empecilhos também estão presentes na sociedade geral. Questões como assédio moral e sexual e a falta de credibilidade foram pontos levantados pela baterista.
“Disso, surge a necessidade de discussão constante do assunto, além da implementação de ferramentas para valorizar a presença da mulher na música, no instrumental, no jazz, na música brasileira, no rock, no reggae e em todos os gêneros musicais.”, disse.
Hi-Hat Girls
Durante a entrevista para o Portal Umbu, Lorena contou que participa de um coletivo chamado Hi-Hat Girls. A iniciativa promove oficinas de bateria para meninas e mulheres mais velhas a fim de encurtar essa distância das mulheres com a bateria.
“Muitas vezes esse instrumento é visto como masculino, as vezes associado a força masculina e ao peso. Essa é uma das ferramentas, por exemplo que eu faço parte para diminuir a distância das mulheres na música”, refletiu Lorena.