
O governo da Flórida anunciou que pretende acabar com todas as exigências de vacinação no estado, inclusive para matrícula escolar de crianças. A proposta foi apresentada nesta quinta-feira (4), em Tallahassee, pelo cirurgião-geral Joseph Ladapo, ao lado do governador republicano Ron DeSantis.
Segundo Ladapo, a vacinação deve ser uma escolha individual. “Cada mandato de vacina é errado e carrega consigo desprezo e escravidão. As pessoas têm o direito de tomar decisões informadas sobre seus corpos. O governo não tem esse direito”, declarou. “Não cabe ao governo impor escolhas que pertencem aos pais”.
De acordo com o anúncio, o Departamento de Saúde estadual começará a revogar normas que não estejam previstas em lei. Já as regras que exigem mudanças legislativas deverão ser apreciadas pelo Parlamento da Flórida. A expectativa é que a pauta seja apresentada na próxima sessão legislativa como parte da agenda de “liberdade médica” do governo DeSantis.
Se aprovada, a Flórida será o primeiro estado americano a abolir a exigência de vacinas para estudantes, uma prática adotada nacionalmente desde os anos 1980, que garante imunização contra doenças como sarampo, poliomielite e tétano. Atualmente, nenhuma jurisdição exige vacinação contra a Covid-19, mas a maioria mantém a obrigatoriedade para outras doenças.
Crise sanitária
Os Estados Unidos possuem um histórico com movimento anti-vacina e com o negacionismo científico. Em 2014, a BBC apontou que surtos de doenças como sarampo, caxumba ou coqueluche seriam uma ameaça à saúde pública nos EUA.
11 anos depois, a crise sanitária afeta o país de diferentes formas: em julho, casos de peste bubônica foram identificados no Colorado. A doença promoveu um surto fatal no século XV, com número estimado de mortes de cerca de um terço da população europeia entre 1347 e 1353.
Já em agosto, mosca-da-bicheira, também conhecida como “bicheira-do-Novo Mundo”, uma espécie de mosca que já havia sido erradicada, voltou a preocupar as regiões da América do Norte e Central. O inseto carnívoro deposita larvas parasitas em diferentes espécies de animais – e até humanos. A doença acontece quando uma fêmea coloca suas larvas no machucado e ao entrar no tecido vivo do hospedeiro, o devoram internamente de forma agressiva.
A crise sanitária norte-americana e a problemática com as vacinas foi analisada pela revista IstoÉ Dinheiro, em fevereiro deste ano, que publicou que proporção de crianças em idade pré-escolar que receberão a vacina obrigatória contra o sarampo diminuiu nacionalmente de 95% em 2019 para menos de 93% em 2023, com grandes variações regionais. Em Idaho, caiu para menos de 80%.
Diante do anúncio do governo da Flórida, especialistas como Bruno Gino, médico e mestre em Ciências da Saúde com especialidade em Saúde Pública pela University of Ontario, chamou atenção para o retorno do sarampo dos EUA por conta do movimento antivacina e recomendou ao ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, a adoção de um rígido controle de entrada de viajantes americanos no país.
ATENÇÃO!!! 🚨 Sou médico e mestre em Ciências da Saúde com especialidade em Saúde Pública pela University of Ontario.
— Bruno Gino, MD, MHSc (@DrBrunoGino) September 5, 2025
E diante da decisão da Flórida de acabar com TODAS as vacinas obrigatórias, recomendo ao @minsaude e ao Ministro @padilhando que adotem RÍGIDO CONTROLE DE… https://t.co/GmbR48b30f