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O Cartão de Crédito – Pessoal e Intransferível

Foto: phc.vector/Freepik

Hoje vamos falar sobre a perigosa — ou, no mínimo, arriscada — prática de pedir ou emprestar o cartão de crédito para terceiros. Xiii… entendeu por que eu não queria trazer esse assunto à tona? Polêmico, né?

Já faz um bom tempo que percebo, nas conversas sobre organização financeira, um comportamento que se repete em praticamente todas as histórias e que pode ser um dos principais fatores para a perda de controle dos gastos com o bendito cartão de crédito.

Pois é… aquela compra para o parente, amigo ou colega que acaba virando um problemão para as finanças do titular e ainda prejudica, e muito, a relação pessoal entre as partes envolvidas. É impressionante como todas as histórias seguem o mesmo roteiro.

Primeiro, a pessoa pede o cartão emprestado para um socorro emergencial e paga o valor direitinho, sem atrasos ou problemas.

Depois, vem o segundo pedido. Desta vez para uma compra “necessária” naquele dia ou para aproveitar uma “oportunidade imperdível”, com um valor mais alto e que precisa ser parcelado.

Pronto! O cenário está formado. A espiral de pedidos, empréstimos, parcelamentos e pagamentos começa a ganhar força. Vira rotina: a cada ciclo, o valor comprometido aumenta, o número de parcelas atinge o limite permitido pela operadora e o processo se repete até que a “pirâmide” desmorona. Aí, o pagamento não acontece na data combinada, o dono do cartão não consegue quitar a fatura integral e o banco, que não tem nada a ver com isso, aplica multa e juros sobre a dívida. A emoção toma conta dessa aventura financeira, e ninguém quer assumir a conta dos juros. Afinal, quem quer ser pai ou mãe de filho feio?

O resultado é que aquela amizade quase fraternal e a confiança inabalável começam a ruir. Surgem frases como:

“Na hora de pedir ajuda para passar o cartão, me ligava todo dia, só faltava me carregar no colo… Agora que a fatura chegou, o abençoado nem atende o telefone.”

“O bicho é miserável mesmo… Tá cheio de dinheiro e fica fazendo questão do cartão.”

Pois bem… para acabar com a “conversa de rato” e as justificativas esfarrapadas, vou dar a letra sem filtros:

Meu jovem de coração valente, alma pura e inocente, se você ainda não sabe, o seu cartão de crédito é pessoal e intransferível. Isso significa que qualquer compra — seja para você ou para outra pessoa — é de sua inteira responsabilidade. Quem vai pagar a conta é você. A operadora do cartão não quer nem saber quem foi que “envernizou a barata” e vai cobrar cada centavo de juros que puder. Esse B.O. agora é seu.

Você precisa aprender a dizer “não”. Esqueça essa ideia de que vai se transformar em um miserável ou monstro cada vez que decidir não ajudar financeiramente alguém.

Eu sei que é difícil ouvir histórias delicadas ou tristes, principalmente de pessoas próximas. Mas é preciso se proteger psicologicamente, pensar na relação de forma racional e avaliar com cuidado se vale a pena correr esse risco.

Não estou defendendo que as pessoas se tornem avarentas, mesquinhas ou insensíveis. Pelo contrário, admiro quem se preocupa de forma legítima com os outros e investe tempo e recursos em apoio e caridade. Mas isso nunca pode significar assumir um comprometimento ou sofrimento pessoal, seja emocional, psicológico ou, principalmente, financeiro.

Agora, olhando para o outro lado da moeda: você, meu amigo, que precisa usar o cartão de outra pessoa, seja por qualquer motivo, precisa ter em mente que o que está pedindo é um favor. E, como todo favor, ninguém é obrigado a sair correndo para atender. Seu amigo pode até querer ajudar, mas você precisa agir com muito cuidado.

Minha sugestão é avaliar se realmente precisa da ajuda ou se faz sentido assumir essa dívida agora. Será que não é melhor pegar um empréstimo no banco, em seu nome? É melhor pagar juros para o banco do que arriscar uma amizade ou sua reputação. Dinheiro acaba amizades, sim.

Faça uma análise honesta da sua condição financeira atual e futura para ter certeza de que conseguirá cumprir o compromisso na data combinada. Ninguém gosta de assumir riscos ou dívidas dos outros.

E mais: cuidado com o que você posta nas redes sociais. Tô falando sério! Não faz o menor sentido pedir empréstimo ou cartão emprestado e, logo depois, publicar fotos na praia ou na lancha, com cooler cheio e legenda dizendo que “a vida é para ser vivida”. Nem todo mundo tem equilíbrio emocional para ver isso e fingir que tá tudo bem. Eu mesmo não tenho.

Ficou claro ou vou precisar desenhar? Nada de ficar pagando de maluco e fingindo que a dívida não existe. Porque, quando o assunto envolve as moedas do Tio Patinhas, a coisa pode evoluir rápido e você pode acabar nos noticiários do meio-dia.

Enfim, a relação é complicada, arriscada e, na maioria das vezes, todos saem perdendo alguma coisa. Às vezes, é dinheiro. Outras, a paz e a paciência. E, em muitos casos, a reputação — e até a vergonha na cara.

Um forte abraço e até a próxima.

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Janaina Santos
Janaina Santos
1 dia atrás

Assunto bem polêmico, mas de extrema importância para gerar reflexão.

Liane Herminia
Liane Herminia
22 horas atrás

Excelente conteúdo, compartilhando 👏🏼👏🏼

Raiza
Raiza
11 horas atrás

O compromisso de honrar com a divida feita no seu nome deve existir e quando é em nome de outra pessoa deve ser uma prioridade maior. Tem que analisar direitinho a quem você empresta o seu cartão, o seu dinheiro, seja o que for, pois o seu nome é algo muito importante e não pode deixar que outra pessoa suje ele.

Priscila
Priscila
10 horas atrás

Texto excelente! Traz uma reflexão necessária sobre algo que parece simples, mas pode gerar grandes problemas. Trazendo situações reais que mostram como o empréstimo de cartão pode abalar não só as finanças, mas também as relações pessoais.

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