Fundado por um marinheiro apaixonado pela música, grupo reúne irmãos e mantém viva a tradição do forró em Paripe

Por trás do nome inusitado e do som contagiante do Forró Didaendoido, existe uma história de família, superação e paixão pela música. Fundada por Dermeval César Pitanguinha, de 85 anos, a banda nasceu de um sonho que começou com um violão nas mãos e foi crescendo com os filhos, entre ensaios caseiros e apresentações em bares da Ilha de Maré.
“Sou o fundador antes mesmo de ter uma banda”, disse ele, com orgulho, ao ser entrevistado. Quando perguntado sobre a origem da banda, ele explica como tudo começou: “Eu tocava violão no tempo das músicas antigas. Depois fui pra Marinha, passei nove anos lá, e voltei pra cá. Casei na Ilha de Maré e fui comprando teclado, caixa, improvisando tudo para meus filhos”.
A primeira formação foi totalmente familiar: Dermeval, seus filhos e um primo. A estrutura era simples, com ensaios montados ao lado de casa, no conjunto da Marinha. “Eles estudavam ainda, estavam no começo da vida. Mas eu fui investindo, comprando os instrumentos aos poucos. Um deles começou na bateria, depois foi para o teclado, e hoje é o sanfoneiro da banda”, conta Dermeval.
A trajetória da banda foi marcada por mudanças, perdas e renascimentos. Um dos filhos, que era baixista, faleceu tragicamente em um acidente de moto. “Morreu com 32 anos. Era o baixista. A mãe dele não vem mais às apresentações, ela chora quando lembra”, revela o patriarca, emocionado. Mesmo assim, os que ficaram seguiram em frente. Hoje, Márcio Lobo Pitanguinha, Marcelo Lobo Pitanguinha e outros músicos da região mantêm vivo o projeto iniciado no quintal da família.

Márcio, de 52 anos, é professor de matemática e vocalista da banda. Ele explica que o grupo começou como uma brincadeira entre irmãos, mas que hoje leva a música com seriedade, apesar de todos terem outras profissões. “Começamos de forma familiar. Hoje cada um tem sua carreira, mas a música é levada a sério. Não somos músicos profissionais, mas fazemos o trabalho com responsabilidade”.
Sobre tocar no São João de Paripe, ele não esconde o orgulho: “É uma alegria e uma responsabilidade. Quando você é da casa, precisa fazer um trabalho à altura. A gente sempre traz algo diferente no repertório. E é especial tocar onde crescemos”.

O nome curioso da banda também tem uma origem inusitada. “Em 2009, meu irmão comprou uma sanfona e quisemos montar uma banda. A gente tocava tudo bagunçado, na brincadeira mesmo. Aí minha esposa disse: ‘Vocês tocam de forma doida’. Um amigo respondeu: ‘Vocês têm madeira de dar em doido’. E ela sugeriu: ‘Por que não Forró Didaendoido?’”, relembra Márcio, rindo.
A influência de Dermeval vai além da música. Segundo os filhos, ele sempre defendeu a importância da formação acadêmica e profissional. “Ele dizia: ‘Para ser músico, vocês precisam ter uma profissão’. Hoje, além de mim, que sou professor, meu irmão é engenheiro, o outro trabalha com logística. A música não é o fim, é o meio que nos une e também nos traz alegria”, diz Márcio.
Marcelo, o sanfoneiro, completa: “Sou músico desde os 18 anos. Comecei na bateria, aprendi violão, depois piano. Fiz licenciatura em piano, mas trabalho na iniciativa privada. A música é um hobby levado com seriedade. Sempre quisemos tocar forró, mas não é fácil achar sanfoneiro. Por isso, resolvemos aprender e hoje estamos há 15 anos na estrada”.

Ver os filhos no palco ainda emociona profundamente Dermeval. “É orgulho o que eu tenho. Eu queria estar ali com eles, mas só de ver, já fico feliz. Eles tão levando isso aí pra frente. Um é quase engenheiro, o outro é professor, e os amigos completam o grupo. A banda é deles agora”. Ao final da entrevista, Márcio refletiu sobre esse sentimento: “Ver meu pai na plateia, emocionado, é uma das maiores recompensas. Quando as pessoas nos aplaudem, pedem bis, mandam mensagem… isso não tem preço. E tudo começou com ele e um violão”.
Forró Didaendoido !
Que nunca falte amor, união e alegria na sua família!
Que o som do forró traga bênçãos, paz e fartura pra todos nós.
Viva quem dança junto, vive junto e celebra as raízes com o coração cheio de amor! Parabéns ao sr Pitanguinha!