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Arraiá para todos: São João no Subúrbio avança em acessibilidade e garante inclusão durante festejos

Pessoas com deficiência celebram com conforto e dignidade em Paripe, onde ações afirmativas e presença de intérpretes garantem participação plena nos festejos juninos

Zenailda Lopes, à direita, e a filha Leonan Thais | Foto: Adriane Rocha

No meio do forró, das cores vibrantes e das barracas de comida típica, um outro tipo de festa também acontece no São João do Subúrbio: a da inclusão. Em Paripe, onde os festejos juninos seguem com forte participação popular, famílias com pessoas com deficiência celebram com tranquilidade e acolhimento graças aos avanços em acessibilidade implantados nos últimos anos.

Zenailda Lopes, 42, mãe da jovem Leonan Thais, que tem síndrome de Down e deficiência intelectual, relatou com emoção a experiência de participar da festa ao lado da filha. Para ela, o ambiente não apenas respeita, como também acolhe. “Não tive dificuldade nenhuma. Desde a portaria até aqui dentro, todos trataram minha filha muito bem. Ano passado já estivemos aqui e esse ano voltamos com tranquilidade”, disse Zenailda.

Ela conta ainda que a própria equipe do evento demonstrou sensibilidade desde o primeiro contato. “Um senhor pegou no braço dela e disse: ‘Você tem direito de estar aqui’. Isso faz toda a diferença para nós, mães de pessoas com deficiência”, completou.

Zenailda garante que a filha se sente completamente à vontade no ambiente da festa. “Ela ama dançar. Está muito feliz, confortável e tranquila. Isso para mim é o que mais importa”, afirmou, sorrindo ao lado da filha, no meio do público que dançava ao som do forró.

A acessibilidade no São João também se fortalece por meio da presença de intérpretes de Libras, que atuam diretamente nos palcos e nas atividades do evento. Priscila Mota, 40 anos, intérprete profissional há mais de 15 anos, destaca a importância crescente da inclusão das pessoas surdas nos eventos culturais da cidade. “O trabalho dos intérpretes tem sido cada vez mais valorizado. Hoje, é comum ver intérpretes nos shows e em atividades públicas. Isso garante que as pessoas surdas possam realmente participar de tudo”, afirmou.

Priscila compartilha que, no início de sua carreira, a comunicação era limitada para quem não dominava a Língua Brasileira de Sinais (Libras), mas que isso tem mudado graças à formação de profissionais e maior consciência social. “Aprender Libras é fundamental. Quem não aprende, realmente tem dificuldade em se comunicar, seja no atendimento profissional ou no dia a dia. Mas quando a comunicação acontece, é emocionante”, destacou.

Durante uma apresentação, Priscila foi surpreendida por um jovem surdo que, ao vê-la interpretando uma música, começou a reproduzir seus sinais. “Ele me disse, em Libras, que achava o trabalho lindo. Começou a copiar meus movimentos e a filmar. Aquilo me emocionou. A acessibilidade transforma experiências”, contou.

Quem também atua nesse processo é Jamile Simeia, professora de Libras e surda. Ela reforça o poder da comunicação acessível em ambientes públicos e culturais. “Eu consigo interagir e passar para as pessoas tudo o que está acontecendo no show. Isso me permite não só participar, mas fazer parte ativamente do evento”, afirmou Jamile, em libras. 

A presença desses profissionais e a estrutura adaptada mostram que a inclusão deixou de ser apenas um discurso e passou a fazer parte da prática em eventos como o São João de Paripe. As ações vão desde o treinamento das equipes de apoio até o cuidado com acessos, sinalizações e presença de intérpretes.

O São João do Subúrbio prova que é possível celebrar a cultura sem deixar ninguém de fora e que a verdadeira alegria só é completa quando todos podem dançar juntos.

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